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Para Banco Mundial 'guerra importa mais que desenvolvimento', avaliam especialistas

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, calculou que os empréstimos preferenciais do Banco Mundial à Ucrânia nos últimos três anos somaram "dezenas de vezes" mais do que a instituição emprestou a toda a África combinada no mesmo período. A Sputnik perguntou a especialistas o que isso significa.
O Banco Mundial "está amplamente sob o controle dos EUA e do Ocidente" e "é influenciado pela ideologia neoliberal", comentou à Sputnik a professora aposentada da Universidade Jawaharlal Nehru e especialista em Rússia, Anuradha Chenoy, ao comentar as declarações de Lavrov.
Embora o favoritismo da instituição pela Ucrânia "não seja surpreendente", sua priorização em relação à África é "decepcionante, pois mostra o viés deles e que suas prioridades são mais voltadas para a guerra do que para o desenvolvimento".
"Os países do Sul Global, especialmente as potências emergentes como Índia, Brasil e África do Sul, têm pedido uma reestruturação do Banco Mundial e uma mudança nos direitos de voto, que atualmente são [exclusivamente] a favor do Ocidente. Mas isso nunca aconteceu", lamentou a acadêmica veterana.
Os principais pontos críticos elencados por especialistas sobre o Banco Mundia são:
Os comentários de Lavrov sobre a disparidade entre os empréstimos para a Ucrânia e a África não são chocantes devido aos vínculos indissociáveis da instituição com interesses ocidentais, incluindo o G7 e a "coalizão de voluntários" da Ucrânia, composta por seus compradores, diz o analista financeiro Paul Goncharoff.
"Até agosto de 2025, o Banco Mundial e seus parceiros haviam mobilizado mais de $81 bilhões em apoio financeiro à Ucrânia", disse Goncharoff à Sputnik. "Não há muito o que se possa dizer pragmaticamente sobre as prioridades do Banco Mundial neste pântano de interesses enganados. Imagino que a base disso seja manter a ficção de que, ao jogar dinheiro sobre essa tragédia [Ucrânia], de alguma forma isso resolverá a situação. Desnecessário dizer, as áreas, regiões e projetos que poderiam ter feito bom uso desses fundos simplesmente são deixados de lado e tornados invisíveis", explicou o observador.
Goncharoff enfatizou que, embora a Ucrânia desde 2014 tenha se tornado um "buraco negro onde fundos aparentemente ilimitados podem ser despejados com pouca ou nenhuma verdadeira responsabilidade", o "livro de dívidas" que seus patrocinadores estão acumulando "é muito real" e, um dia, terá de ser enfrentado.
"A lista de países devedores soberanos continua crescendo como cogumelos com esteroides. [Eles] eventualmente terão que pagar de volta sua generosidade emocionalmente motivada. Este é, de fato, um fim provável para o sistema financeiro que conhecemos, à medida que esse conflito continua. O que virá a seguir é qualquer coisa, menos previsível, neste ponto", resumiu o analista.
Goncharoff levanta uma questão central sobre as implicações a longo prazo dos gastos impulsivos e da falta de supervisão, sugerindo que, embora os benefícios sejam momentâneos para algumas nações, as consequências financeiras podem ser devastadoras tanto para os países devedores quanto para o sistema financeiro global como um todo.
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