Finanças

Novo salário mínimo deve injetar R$ 81,7 bilhões na economia, aponta Dieese

Reajuste previsto eleva despesas da Previdência em R$ 39,1 bilhões em 2026

Agência O Globo - 27/12/2025
Novo salário mínimo deve injetar R$ 81,7 bilhões na economia, aponta Dieese
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial - Foto: Nano Banana (Google Imagen)

Previsto para vigorar a partir de 1º de janeiro e ser pago em fevereiro, o novo salário mínimo de R$ 1.621 deverá injetar R$ 81,7 bilhões na economia brasileira, segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O cálculo leva em conta os impactos sobre renda, consumo e arrecadação, mesmo em um cenário de maior restrição fiscal.

De acordo com o Dieese, aproximadamente 61,9 milhões de brasileiros terão seus rendimentos diretamente influenciados pelo novo piso. Entre eles, estão 29,3 milhões de aposentados e pensionistas do INSS; 17,7 milhões de empregados; 10,7 milhões de trabalhadores autônomos; 3,9 milhões de empregados domésticos; e 383 mil empregadores.

O novo valor representa um reajuste nominal de 6,79% em relação ao mínimo atual, conforme as diretrizes da política permanente de valorização do salário mínimo.

Impacto nas contas públicas

O Dieese destaca que o reajuste do salário mínimo afeta diretamente benefícios e despesas indexados ao piso nacional, com reflexos importantes no orçamento público. Entre os principais impactos estão:

• R$ 39,1 bilhões de aumento estimado nas despesas da Previdência Social em 2026;

• R$ 380,5 milhões de custo adicional para cada R$ 1 de aumento no salário mínimo;

• 46% dos gastos previdenciários impactados diretamente pelo reajuste;

• 70,8% dos beneficiários da Previdência recebem benefícios vinculados ao salário mínimo.

O principal desafio do governo será equilibrar os efeitos positivos do aumento do piso sobre a renda da população com o controle das despesas obrigatórias, especialmente diante da necessidade de cumprir as metas fiscais.

Como foi calculado o reajuste

O reajuste do salário mínimo segue a Lei 14.663, de agosto de 2023, que determina a correção anual baseada em dois critérios:

• A variação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do ano anterior;

• O crescimento do PIB de dois anos antes.

No entanto, o cálculo para 2026 será parcialmente limitado pelo novo arcabouço fiscal, estabelecido pela Lei Complementar 200/2023, que impõe um teto ao crescimento real das despesas da União.

Assim:

• Será considerada integralmente a inflação medida pelo INPC, de 4,18% (acumulado de dezembro do ano passado a novembro deste ano);

• O crescimento do PIB, de 3,4%, será limitado a 2,5%, percentual máximo permitido pelo novo regime fiscal.

A combinação desses fatores resulta em um aumento nominal de R$ 103 no salário mínimo.