O radialista

07/11/2024 23h11 - Atualizado em 08/11/2024 16h04
O radialista
Dia do Radialista - Foto: DepositPhotos

Ontem foi o dia do radialista, e hoje venho, ainda que com um dia de atraso, prestar minha homenagem. Motivos de saúde me impediram de fazê-lo na data certa, mas a importância dessa celebração não se perde no tempo. Afinal, falar sobre o radialista é falar de uma voz que está sempre presente, mesmo quando a gente, por algum motivo, precisa se ausentar.


O rádio, essa presença constante, não espera. Ele nos acompanha desde as primeiras horas da manhã até o final do dia, invadindo nossas casas, nossos carros, e até a solidão daqueles que percorrem as estradas ou as ruas da cidade. Celebramos o radialista – essa figura que, mesmo sem ser vista, está ali, ao nosso lado, sendo a companhia fiel do trabalhador, o informante do cidadão e o amigo de quem, muitas vezes, só encontra um ombro amigo nas ondas do rádio.


O rádio é uma mágica do cotidiano: invisível, mas presente. O radialista não precisa de um rosto conhecido; sua identidade é a voz, sua ferramenta mais poderosa. Quem nunca reconheceu aquele tom familiar, aquele jeito de falar que parece um velho amigo? É assim que o rádio nos aproxima, nos envolve, nos faz sentir que não estamos sozinhos.


Recordo das manhãs em que o rádio à pilha era mais do que um meio de comunicação: era o despertador da vizinhança, o mensageiro das boas e más notícias, o primeiro a anunciar a previsão do tempo ou as promoções da feira. Tinha sempre um aviso, uma dica, uma palavra de consolo. E o radialista é mestre em traduzir o mundo de forma simples, tornando compreensível até os temas mais complexos, sempre com um toque de proximidade.


Mas o rádio não se limita a informar; ele acolhe, abraça. O ouvinte não é um número, ele é o “meu amigo ouvinte”. E, para muitos, o rádio ainda é a única companhia, um alívio na solidão, um escape para o cansaço do trânsito, um apoio na labuta diária. É um espaço de pertencimento, onde o ouvinte é sempre bem-vindo, e onde as histórias, por mais simples que sejam, encontram seu lugar.


E há algo de muito especial na paixão que move o radialista. A paixão pela notícia, pela música, pela palavra, pelo público. Não é apenas falar ao microfone. É uma relação íntima com o que se comunica, uma dedicação que vai além do trabalho. O radialista vive o que conta, sente o que diz, e, mesmo nos tempos de internet, ainda guarda sua relevância. Porque o rádio, com sua insistência, resiliência e necessidade, continua a ser um elo fundamental entre as pessoas.


Por isso, mesmo atrasado, faço aqui a minha homenagem. Que os nossos ouvidos nunca se cansem dessa voz que, há tanto tempo, nos faz rir, refletir e sentir que somos parte de algo maior. O radialista, como o próprio rádio, não se prende ao ontem: ele é voz de hoje e de amanhã, sempre presente, sempre a nos lembrar que a simplicidade e a proximidade ainda têm seu lugar no mundo.