O malandro um dia cai
O malandro, ah, o malandro! Essa figura que vive nos becos, nas esquinas da vida e na política, com um sorriso matreiro, um andar displicente e aquele olhar de quem conhece todos os atalhos. O malandro faz parecer que a vida é um jogo, e ele, claro, é o jogador que sempre está um passo à frente. O malandro nunca perde uma oportunidade de passar a perna, sempre encontra uma forma de se esquivar, e, aos olhos desatentos, parece invencível. Mas a verdade é que todo malandro um dia cai. Seja ele de qualquer espécie, de qualquer área, de qualquer origem, o fim chega. E quando chega, é impiedoso.
O malandro pode ser aquele figurão do palácio, o político que distribui sorrisos e promessas vazias, ou o espertalhão do bairro, que sempre dá um jeito de sair por cima. Pode ser o atravessador, o oportunista de gravata, ou o chefe de gangue que controla tudo nas sombras. Não importa o tamanho da sua marra, a rede de contatos ou o grau da astúcia. O tempo tem uma forma curiosa de puxar o tapete de quem acha que está acima da lei, de quem acredita que as regras foram feitas apenas para os outros.
É como se a vida tivesse uma paciência infinita para observar cada truque, cada golpe, cada risada debochada que o malandro solta depois de se safar mais uma vez. E ela espera. Espera e acumula. A vida vai anotando cada mentira, cada desvio, cada traição. E quando finalmente decide que chegou a hora, não há mais para onde correr. A queda do malandro é diferente de qualquer outra. É como um castelo de cartas que desaba em câmera lenta. Tudo o que ele construiu - a fama, o prestígio, a falsa segurança - se desfaz diante dos seus olhos e, de repente, não resta nada.
Não são poucos os que se iludem com o poder que um dia possuíram. Pensam que o respeito que conquistaram à força, com ameaças ou manipulações, é algo que permanecerá para sempre. Mas o poder do malandro é como uma miragem: é bonito de longe, mas basta chegar perto para perceber que não há consistência, que é feito de fumaça. E a miragem desaparece no momento em que o mundo real bate à porta.
A queda é solitária. Os amigos se afastam, os comparsas negam qualquer envolvimento. O dinheiro que antes corria fácil se torna um peso, as portas antes abertas se fecham. Na hora da queda, não há quem ponha a mão no fogo. Nem o sangue fala mais alto. O malandro é deixado à própria sorte, reduzido ao que sempre foi de verdade: apenas mais um. A ilusão do poder se desfaz, e a imagem do invencível se torna uma caricatura patética do que já foi.
E assim segue o ciclo. Enquanto um malandro cai, outro surge, crente de que encontrou o caminho para driblar as regras. Mas o fim é sempre o mesmo. A vida tem essa justiça silenciosa e implacável. Pode demorar, mas nunca falha. E assim, os malandros seguem caindo, um a um, enquanto o tempo passa e a verdade prevalece. Porque não há malandragem que dure para sempre. Todo malandro um dia cai.