O papel da verdade
Em tempos em que a liberdade de expressão é uma conquista que devemos proteger a todo custo, me vejo diante de um episódio que, infelizmente, retrata a face autoritária que ainda persiste em nossa sociedade.
O "prefeito-imperador" incomodado com as críticas legítimas feitas em nosso jornal sobre as mazelas de sua gestão, resolveu atacar não apenas o veículo de comunicação, mas também todos aqueles que se recusam a baixar a cabeça para seus trejeitos de ditador.
Em uma nova investida em seus espaços pagos, o prefeito afirmou que o jornal que editamos "não serve nem para papel higiênico". Uma frase que revela mais sobre ele do que sobre nós.
Afinal, quando a crítica construtiva é recebida com ofensas pessoais, fica evidente a falta de preparo para lidar com a diversidade de opiniões e com a responsabilidade que o cargo exige.
É curioso notar que este mesmo prefeito, em outras épocas, utilizou nosso jornal para se promover. Muitas vezes, abrimos espaço de forma gratuita para divulgar suas ações, acreditando que estávamos contribuindo para o desenvolvimento de nossa cidade. Em outras ocasiões, quando o espaço foi adquirido por ele, ele simplesmente "esquecia" de pagar. Mas jamais usamos desses fatos para atacá-lo pessoalmente. Sempre mantivemos o profissionalismo e a ética que o jornalismo exige.
A liberdade de imprensa é um dos pilares da democracia. Não podemos permitir que o autoritarismo se infiltre em nossas instituições, calando vozes que ousam questionar o poder. O papel do jornalismo é justamente esse: investigar, questionar, informar. Se isso incomoda, talvez seja hora de refletir sobre as próprias ações e corrigir rumos, ao invés de atacar quem apenas cumpre seu dever.
Para encerrar, lembro-me das palavras do poeta Chico Nunes, o rouxinol da Palmeira, que com sua sabedoria popular nos ensina sobre humildade e autocrítica:
O ouro com seu brasão,
Esse herói entre os humanos,
Vestiu dos mais finos panos
O grande rei Salomão,
Mas o grande rei de então,
Que brilhou entre os cristais,
Numa das horas fatais
Foi levado à terra fria.
Tornou-se no mesmo dia
Terra, cinza e nada mais.
Os grandes imperadores,
Os presidentes e papas,
Dizem os livros e mapas
Que lamentavam horrores …
Poetas de altos valores,
Por decretos divinais
Ou por sentenças legais
Deixaram de versejar.
Todos foram se tornar
Terra, cinza e nada mais.
Que essas palavras sirvam de reflexão. Pois, mesmo diante das nossas imperfeições, a humildade e o respeito são virtudes que nos elevam.
E não se incomode comigo pequeno imperador!
Ainda relembrando Chico...
Sô ladrão de mandioca,
Sô a lama de um barreiro,
Sô do tipo cachaceiro,
Sô imbui, sô minhoca,
Sô como sapo na toca,
Sô baba de cururu,
Sô puleiro de urubu,
Sô um chocalho sem badalo,
Sô um ladrão de cavalo,
Eu sô mió do que tu
Continuaremos firmes em nosso propósito de informar e defender os interesses da população, sem nos curvar diante de ofensas ou tentativas de intimidação. Porque, no fim das contas, a verdade sempre prevalece.