Fantasmas também à solta em Palmeira dos Índios
Em Palmeira dos Índios, o vento seco do sertão parece carregar mais do que poeira. Ele sopra rumores de esquemas obscuros, tão profundos quanto as raízes das árvores antigas que enfeitam nossas praças. E não é de hoje que a cidade convive com a sombra pesada da corrupção. A recente denúncia do jornalista Wadson Corrêa, que estremeceu a cidade de Penedo, traz um alerta urgente: aqui, em Palmeira dos Índios, os fantasmas do Instituto de Gestão de Políticas Públicas Sociais (IGPS) também estão à solta.
O que vemos é um retrato familiar, quase idêntico ao esquema denunciado em Penedo. O IGPS, que por aqui deveria garantir a boa gestão de políticas públicas, se transformou em uma máquina de gerar cabides de emprego. Os números impressionam: contratações em massa, sem critério técnico, com indicações políticas e salários polpudos para quem sequer aparece para trabalhar. E, no meio desse festival de contracheques, o povo assiste atônito enquanto o caos se instala nos serviços públicos que deveriam estar funcionando para eles.
As ruas de Palmeira dos Índios comentam, em sussurros, que famílias inteiras estão na folha de pagamento do município sem jamais ter prestado um dia de serviço.
E o que dizer de alguns salários, que, segundo as denúncias, divide seu salário num esquema de “rachadinha”? Em Penedo, até um motorista sem habilitação está na folha de pagamento do instituto, enquanto os verdadeiros trabalhadores, aqueles que acordam cedo e enfrentam a dura realidade do dia a dia, ficam à mercê da sorte.
Mais uma vez, o uso do IGPS parece ser uma maneira de evitar o concurso público, garantindo que apenas os amigos e parentes dos poderosos tenham vez. Currículos são encaminhados, indicações feitas, e as vagas vão sendo preenchidas por quem tem o apadrinhamento certo.
E o povo? O povo paga a conta. Literalmente.
As respostas das autoridades não surpreendem. O IGPS, em nota, jura que desconhece a existência de funcionários fantasmas. Prefeito e aliados, quando questionados, dizem que as denúncias têm caráter eleitoreiro, uma velha desculpa que parece estar sempre à mão quando os escândalos vêm à tona em ano de eleição. Mas a verdade é que os fantasmas de Palmeira dos Índios — assim como em Penedo — estão vivos, assombrando as finanças públicas e sugando recursos que deveriam estar sendo investidos em saúde, educação e infraestrutura.
Enquanto isso, a população de Palmeira dos Índios enfrenta filas nos postos de saúde, falta de medicamentos, escolas em estado precário, e uma infraestrutura que deixa a desejar. O contraste é brutal: de um lado, os fantasmas recebendo salários gordos; do outro, o povo tentando sobreviver com o mínimo, sem ter a quem recorrer.
A questão que fica é: até quando? Até quando vamos permitir que esses fantasmas continuem a sugar os recursos da nossa cidade, deixando o povo à mercê do descaso e da ineficiência? A denúncia está feita, os holofotes estão sobre o IGPS, e agora cabe às autoridades, ao Ministério Público, e, principalmente, ao povo de Palmeira dos Índios exigir respostas. A justiça não pode fechar os olhos para mais esse escândalo.
Palmeira dos Índios, cidade que já foi referência em tantas coisas, não pode se conformar em ser palco de mais um espetáculo vergonhoso de corrupção. Chegou a hora de exorcizar esses fantasmas. Porque, enquanto eles rondam o poder, quem paga o preço são as famílias honestas, os trabalhadores, os cidadãos que lutam por uma cidade melhor. E, ao que parece, o preço tem sido alto demais.
O que nos resta agora é aguardar. E cobrar. O povo de Palmeira dos Índios já viu muito, já sofreu demais. Está na hora de dar um basta. Afinal, os fantasmas não podem continuar a mandar na cidade.