O desfalque no eterno meio de campo: Andrade, Adílio e Zico
Desde segunda-feira, o coração rubro-negro está mais apertado. O Flamengo, que já nos deu tantas alegrias e nos fez vibrar com conquistas memoráveis, sofre um desfalque que vai além das quatro linhas. Adílio, o inesquecível craque, partiu para jogar no céu, deixando Andrade e Zico na Terra com uma lacuna que nenhum novo talento será capaz de preencher. O meu eterno meio de campo, aquele que foi campeão do mundo em 1981, está desfalcado.
Adílio, carinhosamente chamado de “Brown”, foi mais do que um jogador; foi a personificação da ginga, da arte, da elegância que o futebol carioca e, mais especificamente, o Flamengo sempre representaram. Ele não apenas jogava futebol; ele dançava com a bola, conduzindo-a com a destreza de um artista. A bola parecia ter cola nos pés de Adílio, e os adversários ficavam atônitos, enquanto ele, com suavidade e precisão, preparava o caminho para Zico marcar os gols que ecoariam nos corações flamenguistas por gerações.
Adílio era o equilíbrio perfeito no meio de campo. Enquanto Andrade era a solidez, o pilar defensivo que protegia a retaguarda, e Zico o gênio criativo que finalizava com maestria, Adílio era o elo que unia a técnica ao espetáculo, a estratégia à magia. Ele fazia o meio-campo funcionar como uma orquestra, onde cada movimento, cada passe, era uma nota tocada com perfeição.
Quem teve o privilégio de assistir àquele Flamengo, que conquistou o Brasil, a América e o Mundo, sabe que Adílio não era apenas mais um jogador. Ele era o coração pulsante de um time lendário, que fez história com vitórias épicas e títulos que estão gravados na memória de todos. O Flamengo de 1981 não seria o mesmo sem ele, e sua ausência agora dói como uma saudade insuportável.
E aquele gol inesquecível, de cabeça, aos 44 minutos do segundo tempo, que deu ao Flamengo o tricampeonato brasileiro em 1983? Antológico!
Mas a vida tem dessas ironias. O campo das estrelas estava precisando de alguém que pudesse ensinar a ginga, a malícia, a habilidade do futebol brasileiro em sua essência mais pura. E Adílio, com seu sorriso tímido e seu talento imenso, foi convocado para esse time celestial. Agora, lá no céu, ele irá compartilhar o campo com outros ícones que também encantaram o mundo. Imagine a beleza de uma tabela entre Adílio e Garrincha, ou um passe preciso para Pelé. O céu acaba de ganhar um novo espetáculo.
Aqui na Terra, ficamos com as lembranças de suas jogadas, suas assistências, sua capacidade de transformar uma partida difícil em uma vitória gloriosa. Ficamos com a imagem de um Adílio sempre disposto a ajudar, seja com a bola nos pés ou como exemplo de humildade fora dos gramados. Ficamos, sobretudo, com a certeza de que sua passagem por aqui foi mais do que um capítulo; foi uma aula de como jogar futebol com paixão, inteligência e respeito à camisa que vestia.
Aos que não puderam vê-lo em ação, restam os vídeos, as histórias, os relatos apaixonados de quem viu Adílio jogar. E que sorte a nossa poder dizer que ele foi um dos nossos. Adílio não foi apenas um craque; ele foi um maestro, um gênio incompreendido pelos que não conhecem a alma do futebol, mas eternamente reverenciado por quem sabe o que é ver um time jogar com a alma, com a raça, com o amor que só o Flamengo consegue despertar.
O Flamengo está de luto, mas o futebol é grato. Grato por ter tido a chance de ver Adílio brilhar em campo, por ter aprendido tanto com sua arte e por ter se emocionado com seus feitos. O eterno meio de campo Andrade, Adílio e Zico está desfalcado, mas o legado que eles deixaram é indestrutível. E agora, no céu das estrelas do futebol, Adílio continuará a encantar, ensinando a todos a ginga, a arte e a elegância do verdadeiro jogador rubro-negro. Descanse em paz, craque.