As transferências federais: um alívio temporário
A dependência de transferências federais é um sintoma de uma economia fragilizada e de uma gestão pública que não consegue gerar oportunidades internas. Entre janeiro e maio de 2024, Palmeira dos Índios recebeu R$ 107,1 milhões em transferências, dos quais R$ 50,9 milhões foram destinados ao Bolsa Família. Este auxílio é um salvavidas para muitas famílias, mas também é um reflexo amargo da falta de alternativas econômicas.
Nas ruas de Palmeira dos Índios, é fácil encontrar filas de mães e pais aguardando o benefício do Bolsa Família. Cada rosto na fila conta uma história de luta e resiliência, mas também de resignação. Com uma média de R$ 692,91 por família, o auxílio garante o básico, mas não oferece perspectivas de crescimento. A alta dependência desse programa é uma evidência clara de uma economia local que não consegue se sustentar.
A situação é ainda mais crítica quando observamos que 74,62% das famílias beneficiadas pelo Bolsa Família são chefiadas por mulheres. Estas mulheres, muitas vezes, são o único pilar de sustentação de seus lares, enfrentando desafios que vão além da simples gestão financeira. Elas lidam com a insegurança alimentar, a falta de acesso à saúde e educação de qualidade, e a constante ameaça de violência doméstica.
O governo local precisa urgentemente de um plano de desenvolvimento econômico que vá além do assistencialismo. Programas de capacitação profissional e incentivo ao empreendedorismo são essenciais para criar uma economia local forte e diversificada. Investir em pequenas e médias empresas pode gerar empregos e reduzir a dependência de programas de transferência de renda.
A gestão pública também deve focar na atração de investimentos externos. A criação de zonas econômicas especiais e a oferta de incentivos fiscais podem ser caminhos para atrair novas indústrias e serviços para a cidade. Além disso, é fundamental investir em infraestrutura, melhorando a qualidade das estradas, saneamento básico e telecomunicações, para tornar a cidade mais atrativa para investidores.
O assistencialismo pode ser um paliativo, mas não deve ser a solução a longo prazo. É preciso transformar a realidade de Palmeira dos Índios, criando um ambiente onde as transferências federais sejam um complemento e não a base da economia. Somente assim, a cidade poderá oferecer a seus habitantes não apenas a sobrevivência, mas a possibilidade de prosperidade e desenvolvimento.