Todo império, um dia cai
Em uma dessas tardes em que o sol parece cochilar por detrás das nuvens, me encontro divagando sobre a efemeridade do poder e a inevitável queda dos impérios construídos em alicerces de areia. "Nenhum império se sustenta por muito tempo," sussurra a brisa, carregando histórias de ascensões vertiginosas e quedas estrepitosas, narrativas que, mesmo diversas, tecem-se em torno de uma verdade universal.
Diz-se, nos corredores do tempo, que dentro do coração pulsante de qualquer império, seja ele forjado por títeres ou ditadores, reside uma semente de corrupção, um algo podre que, cedo ou tarde, se revelará ao mundo. Pode-se até argumentar que é um fenômeno tão inevitável quanto o ciclo do dia e da noite, onde o escuro da noite sempre cede lugar à luz do amanhecer.
O poder, em suas várias manifestações, tem essa peculiaridade de mascarar suas falhas sob o véu da autoridade e da supremacia. Os que estão no ápice, seja por designação divina, força bruta ou maquinações políticas, frequentemente se encontram embriagados pela doce ilusão de invencibilidade. Mas, ah, como a história ama ironias! Nos livros empoeirados de bibliotecas esquecidas, nos sussurros das ruas e nas placas de mármore de monumentos caídos, ecoa o aviso: o poder absoluto não apenas corrompe absolutamente, mas semeia as raízes de sua própria destruição.
As falhas pessoais, escândalos financeiros, e a corrupção que se infiltra nas veias da gestão como veneno, são fantasmas que, por mais que tentemos ignorar, sempre saem de seus esconderijos. Eles se revelam, mais cedo ou mais tarde, despindo o poder de sua aura de infalibilidade, expondo suas fraquezas ao escrutínio público. O povo, esse mar revolto que por vezes parece dormir, acaba por despertar. Seus olhos, outrora vendados pela promessa de dias melhores ou pelo medo, finalmente se abrem para a verdade diante deles.
E quando a verdade vem à tona, a punição segue a galope, impiedosa e inevitável. Não há muralha que resista, não há trono que não vacile sob o peso do julgamento popular. Como um castelo de cartas em um dia ventoso, os impérios caem, um após o outro, deixando para trás apenas as ruínas de suas grandezas ilusórias e as lições que raramente aprendemos.
Então, enquanto observo as nuvens dando lugar à noite, anoto estas reflexões, não como um augúrio de desespero, mas como um lembrete de esperança. A esperança de que, no ciclo eterno de ascensão e queda, possamos encontrar a sabedoria para construir algo mais duradouro, mais justo. Talvez, ao reconhecer a impermanência do poder e a inevitabilidade de sua decadência, possamos aspirar a ser mais do que apenas senhores e súditos de impérios efêmeros. Talvez possamos ser os arquitetos de um legado que, ao invés de se erigir sobre o poder sobre os outros, floresça no poder com os outros.
Anotem o que digo hoje, pois no tecido do amanhã essas palavras podem se entrelaçar com a realidade. E talvez, só talvez, possamos olhar para trás e ver que a verdadeira força nunca esteve nos tronos que ocupamos, mas na humanidade que escolhemos preservar.