FESTIVAL ALABUCANO - que celebra as culturas alagoana e pernabucana - inovou mais uma vez com um espetáculo na Praça do Skate

Por Edmilson Sá 17/09/2023 19h07 - Atualizado em 17/09/2023 21h09

"No dia 16 de setembro comemoramos a separação política da antiga Comarca de Alagoas da também antiga Capitania de Pernambuco. Duas províncias, dois estados separados politicamente, numa ação protagonizada pelas elites. Mas há coisas que as elites e seus limites não conseguiram separar, dois séculos depois. Somos o mesmo povo. Compartilhamos - além de uma história comum de luta contra a opressão - o coco (primeiro gênero musical brasileiro), a toré, o maracatu, o frevo, o reisado, o guerreiro, o pastoril, a poesia, a cantoria... E, em 16 de setembro de 2023, em vez de comemorar a divisão política das classes dominantes, celebramos a integração cultural de nossos povos. Não se trata de promover uma "campanha de restauração", algo bastante superado, mas a síntese dessa "promiscuidade cultural" que move nosso sentimento de regionalismo. A cidade de Palmeira dos Índios, antiga Aldeia das Alagoas e Mucambo de Pernambuco, voltou a ser palco dessa festa. Palmeira dos Índios se tornou o Reino Encantado de Alambuco (grifo nosso)." (Cosme Rogério)

Mas, o que significa ALAMBUCANO, senão "O Alagoano e o Pernambucano Se Amalgamando e Parindo o Lindo e Belo, Alambucano". (Edmilson Sá)

Desde 2014, quando as jovens  Naillys Araújo, Rafaela Costa (hoje, produtora cultural), Milena Correia, Jéssica Fonsêca, ávidas por uma revolução na cultura palmeirense; criaram, junto com os amigos e professores Cosme Rogério e Edmilson Sá, o I SARAU ALAMBUCANO – nome este, dado pelo professor Cosme Rogério – numa alusão aos Alagoanos e Pernambucanos, ambos irmãos, mas que vivem separados geográfica e politicamente desde 1817. E como somos um só POVO, pois onde quer que estejamos somos brasileiros, o SARAU ALAMBUCANO evoluiu e, em 2023, se tornou "Festival Alambucano", unindo TRIBOS, CIRANDAS, CAPOEIRA, MARACATU, O HIP-HOP, ROQUEIROS, SKATISTAS, BRINCANTES (como o CABOCOLINO, João de Cordeira, que veio de Pernambuco, com seus 81 anos de idade, brincando e dançando, emocionando a todas as pessoas lá presentes), RAPPERS, VAQUEIROS E BERRANTEIRAS, TEATRO, TATOOS, CONTISTAS, MUSICISTAS, CANTORES(AS), POETAS E POETIZAS DE TODOS OS GÊNEROS, ARTESÃOS(ÃS), ARTISTAS PLÁSTICOS, ESCRITORES(AS), REPRESENTANTES DA CULTURA NERD (K-POP E COSPLAY), A CULINÁRIA (COM BEBIDAS ARTESANAIS). E o POVO que, encantado, de jovens, crianças a adultos, celebraram a magia de nossas muitas vertentes culturais.

Foi assim que tudo CONVERGIU... Vários artistas tiveram espaço para suas performances (no Palco Livre). Em que ninguém foi marginalizado. E o HIP-HOP e o RAP deram um show de rima e ritmo... ESTUDANTES das Escola Estadual Antônia Macedo, surpreendeu a todas as pessoas com sua peça teatral. MAS O CHÃO E NOSSOS CORPOS ESTREMECERAM QUANDO O MARACATU BAQUE ALAGOANO SE APRESENTOU - A Catarse foi imediata. Um misto de arrepios, vibrações e emoções com uma performance perfeita - Culminando com uma ciranda onde qualquer pessoa poderia participar. A ALEGRIA CRESCEU, TOMOU VOLUME E INUNDOU a Cidade com o que ela estava carente. E, como sempre acontece, desde sua primeira edição, os ALAMBUCANOS estão em progressão permanente. Neste setembro, além do SETEMBRO AMARELO - a luta pela conscientização e prevenção ao suicídio - é também o SETEMBRO VERDE - mês da visibilidade das Pessoas com Deficiência.

MARACATU BAQUE ALAGOANO

No FESTIVAL ALAMBUCANO, o melhor mesmo foi vermos dezenas de jovens recitando, interpretando e cantando o que de mais belo, e transgressivo também, existe no nosso cenário Cultural atual. Os Poemas, segundo à tradição, estavam no varal, para os presentes verem, pegaram, declamarem e levar os poemas para suas casas. E tudo isso ao vivo e acessível a todos(as) que desejassem expressar seus sentimentos. Num verdadeiro exercício de liberdade criativa, literária e cultural. 

O FESTIVAL ALAMBUCANO, mais uma vez, convergiu corações, surpeendendo a muitos, pois, não raro, jovens pegaram o microfone, declamando e deixando-nos em estado de catarse. Dessa forma, só temos a agradecer A TODAS E TODOS, que se fizeram presentes, neste evento anual, que, infelizmente, não recebeu aporte algum dos poderes públicos, tampouco faz parte do calendário cultural de Palmeira dos Índios. Não fosse os esforços das muitas pessoas que amam, vivem, promovem e emanam cultura, a concretização do evento dificilmente aconteceria. A ressitência é o que nos move e, mais uma vez: "NO LUGAR ONDE AGORA, TUDO ACONTECE, ACONTECE DE TUDO – PALMEIRA". E O SONHO DE QUATRO AMIGAS, ESTUDANTES E VISIONÁRIAS CRESCEU E ESTÁ REVOLUCIONANDO O CENÁRIO CULTURAL DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS E REGIÃO. Gratidão eterna pelo vosso sonho ter sido compartilhado com todos nós.