Palavra é compromisso e política é o bem comum
Palavra dada precisa ser cumprida. Uma promessa pintada com as cores vibrantes da esperança, erguida como um estandarte em meio à turba de vozes e rostos ansiosos necessita ser referendada. A palavra, firmemente proferida, parecia ser a certeza, a garantia de um futuro melhor, de uma nação mais justa, de uma sociedade mais equânime. No entanto, com o passar do tempo, a mesma palavra foi se desvanecendo, perdendo o brilho, a força, a confiança. A palavra tornou-se uma sombra, um eco vazio, uma marca amarga de um compromisso não cumprido.
Este, infelizmente, é um retrato que se tornou comum no palco político brasileiro. Uma profusão de palavras e promessas que surgem nas épocas de eleição, como fogos de artifício, brilhantes e chamativas, mas que se extinguem tão rapidamente quanto surgem. Palavras que, ao invés de serem a expressão do compromisso com o bem comum, tornam-se meras ferramentas de sedução eleitoral.
Essa falta de palavra e compromisso tem consequências devastadoras. A confiança, essa substância tão delicada e essencial à vida democrática, vai se erodindo. A esperança se transforma em descrença, a participação em apatia. E, neste vazio, prosperam a corrupção, a desigualdade, a injustiça.
Mas por que isso acontece? Por que tantas palavras se perdem no vento, e tantos compromissos são abandonados ao longo do caminho? A resposta, acredito eu, está na própria natureza da política como a temos hoje. A política se tornou, em muitos aspectos, um jogo de poder, um negócio, onde a palavra é apenas um peão a ser sacrificado no tabuleiro.
E, no entanto, eu ainda tenho esperança.
Acredito que podemos manter o valor da palavra e do compromisso na política. Acredito que podemos construir uma política mais verdadeira, mais fiel, mais próxima do povo. Uma política onde a palavra dada seja a palavra alcançada, e onde o compromisso assumido seja o compromisso honrado.
Para isso, precisamos de uma reforma política profunda. Precisamos que garantam que as promessas feitas sejam as promessas alcançadas. Precisamos de transparência, de participação, de diálogo. E, acima de tudo, precisamos de educação política, para que os cidadãos saibam exigir seus direitos, acompanhar e fiscalizar a ação dos políticos, e participar ativamente da vida pública.
A política é, em última instância, a arte do compromisso. É a arte de conciliar, de negociar, de interesses comuns, de construir soluções coletivas. E essa arte só pode florescer onde a palavra tem valor, e onde o compromisso é respeitado.
Que possamos, então, garantir o valor da palavra e do compromisso na política. Porque, sem eles, a democracia é apenas uma casca vazia, um simulacro sem substância.
E nós, o povo, merecemos mais, muito mais.