Pesquisa do Ifal Palmeira: Piso com casca de sururu é aprovada para Conferência em Portugal
Desde 2017, a professora, Sheyla Marques, do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), campus Palmeira dos Índios, vem desenvolvendo junto aos alunos de Engenharia Civil: Juliana Brito, Arthur Amaral e Hanna Costa, uma pesquisa sobre a fabricação de pisos com a casca de sururu. Além de ser uma forma de reduzir o impacto ambiental oriundo do descarte irregular deste resíduo, o trabalho vem trazendo benefícios, também, para a comunidade de marisqueiros do Vergel, bairro que fica localizado em Maceió-AL.
A pesquisa rendeu ao grupo a aprovação do trabalho após submissão na 5ª Conferência Internacional de Resíduos: Soluções, Tratamentos e Oportunidades, evento que será realizado em setembro na cidade de Lisboa – Portugal. O artigo, cujo título é: “Incorporação de pó do marisco para a fabricação de placas de piso”, veio para comprovar a viabilidade do produto na substituição da areia pelo marisco na produção de pisos.
“Tivemos a oportunidade de acompanhar a cadeia produtiva na geração do sururu. Desde o processo de retirada do marisco até a fase de se abrir, tirar a carne e gerar essa casca. A geração desse resíduo é em grande quantidade, e é daí que surgiu esse projeto, da necessidade de dar um destino final para esse resíduo gerado na Lagoa Mundaú, do bairro Vergel”, explica Sheyla sobre a fase inicial da pesquisa.
Processo de fabricação
No processo de fabricação dos pisos, o grupo de pesquisadores teve como intuito substituir o agregado, neste caso a areia, retirá-la, e, após, moer o sururu e realizar a troca. “Na análise química que fizemos, pudemos ver que a casca do marisco é rica em cálcio, conseguindo atender satisfatoriamente a substituição e sem perder a qualidade do material”, explica a docente.
Uma das principais dificuldades encontradas nesta fase foi achar o traço (medida) ideal do pó do marisco em que a resistência atendesse ao nível de especificação de placas de piso de concreto. “Realizamos ensaios para analisar o comportamento de temperaturas, fluorescência de raio-x e resistência mecânica para saber os elementos químicos desse material. Após esta etapa, o desafio foi encontrar este traço para dar a resistência esperada neste piso”, conta o aluno, Arthur.
Fases posteriores
Nas pesquisas desenvolvidas pela professora Sheyla, ela busca sempre dar um viés social ao trabalho realizado. Um exemplo, foi a construção de casas populares com o tijolo ecológico, feito com a cinza do bagaço da cana-de-açúcar. Para esta pesquisa, a ideia é trazer uma valorização do marisco e fazer a implementação do centro de marisqueiras com o resíduo.
“Desde o início, a proposta é a construção de um centro de marisqueiras na comunidade do Vergel. No segundo ano da pesquisa, foi feita uma camada com pedaços maiores de sururu (para dar destaque a ele) e incluída a resina para fazer uma espécie de porcelanato liquido para dar esse acabamento vitrificado na peça”, diz Sheyla.
A última etapa do trabalho consiste na entrega de um relatório final, em que eles estão fazendo um comparativo quanto a essa substituição em relação à questão orçamentária, se ficaria mais barato ou não.
Aprovação em um evento internacional
Mesmo sem poder comparecer à conferência, ter um trabalho aprovado em um evento deste porte, traz para os pesquisadores a oportunidade de publicação do artigo em uma revista científica trazendo um acréscimo para os currículos da docente e dos alunos.
“Estávamos muito ansiosos com o resultado e ficamos felizes com a aprovação, mesmo sem poder ir à conferência. A pesquisa nos instigou a seguir a carreira acadêmica. Pretendo quando sair do Ifal, entrar para o mercado de trabalho, mas também está nos meus planos fazer um mestrado”, finaliza Arthur.