'Deputados que apoiaram a proposta serão devidamente responsabilizados'

12/07/2019 11h11

Deputado federal explicou ao Blog Kléverson Levy o voto NÃO à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma da Previdência aprovada pela Câmara dos Deputados

[caption id="attachment_304604" align="aligncenter" width="740"] Petista disse ainda que parlamentares que apoiaram a proposta vão ser devidamente responsabilizados / (Foto: Site da Câmara dos Deputados)[/caption]

Após a votação na Câmara dos Deputados que aprovou, por 379 votos a 131, o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência, que altera as regras de aposentadoria, o Blog Kléverson Levy procurou o deputado federal Paulão (PT) que votou pelo 'Não'.

A PEC da reforma da Previdência é um tanto quanto complexa de entender ponto a ponto, já que é repleta de regras e detalhes que passarão por análise da Câmara dos Deputados. Paulão, entretanto, explicou os motivos que o levaram a dizer 'Não' ao texto-base da proposta e avaliou a aprovação da reforma como um erro prejudicial para classes mais sofridas.

"Na democracia é preciso encarar os resultados adversos com naturalidade, respeitando as regras do jogo. Claro que avalio como erro a aprovação dessa reforma, uma vez que ela é totalmente prejudicial as classes mais sofridas. Ora, ela reduz renda e, consequentemente, o poder de compra das pessoas mais pobres. Essa é a questão de fundo. A reforma só atende aos interesses dos grandes investidores do mercado financeiro, em primeiro plano", respondeu o deputado.

Ao ser indagado pelo Blog Kléverson Levy o porquê de ter votado contra à PEC da Previdência, o petista alagoano afirmou que a reforma do governo de Jair Bolsonaro (PSL) mantém - apenas - os privilégios das classes mais abastadas.

"Votei contra exatamente por isso e por que sendo uma reforma nociva aos interesses de quem mais precisa, ela ainda mantém os privilégios das classes mais abastadas. Imagine você penalizar a aposentadoria dos professores e privilegiar a do Exército. Por quê? Qual o critério? Quer dizer que os professores não têm importância nenhuma para o País, para nação brasileira? Portanto, não poderia concordar com isso", reforçou.

Por outro lado, questionado qual seria a PEC ideal para o povo brasileiro, Paulão ressaltou que, antes da aprovação da Reforma da Previdência, deveria se ter uma Reforma Tributária, ou seja, que colocasse os ricos do país para pagar impostos e não apenas os assalariados.

"Tenho clareza da necessidade de uma reforma da previdência sim. Mas, uma reforma de verdade, que fosse debatida com os trabalhadores, com os empresários, com os mais diversos segmentos da sociedade. Ora, compreendo que a população brasileira está envelhecendo. Isso é um problema. A média de vida hoje é de 76 anos, então seria necessário uma reforma, mas que fosse, no mínimo justa. Que fosse definido um texto que não trouxesse prejuízos aos mais pobres como esta que aí está. Só que antes dela, deveria ter vindo uma reforma tributária, que colocasse os ricos do País para pagar impostos e não apenas os assalariados e a classe média, como hoje acontece", explicou o parlamentar.

Bancada federal

Ao fazer uma análise com relação aos votos da bancada federal de Alagoas, principalmente, pelas críticas da população nas redes sociais, Paulão finalizou dizendo que 'quando a sociedade começar a sentir que essa previdência foi um erro histórico, os parlamentares que apoiaram a proposta vão ser devidamente responsabilizados'.

"Creio que os parlamentares que foram favoráveis ao texto dessa reforma vão sentir na pele o peso da força do povo, quando forem tentar o voto em eleições futuras. Serão cobrados, como foram tantos outros que votaram na Reforma Trabalhista que eliminou direitos da classe trabalhadora. Deputados que foram apoiados pela CNI não conseguiram voltar para a Câmara, após terem apoiado a reforma trabalhista. Quando a sociedade começar a sentir que essa reforma da previdência foi um erro histórico, os parlamentares que apoiaram a proposta vão ser devidamente responsabilizados. Eu lamento tudo isso por que o governo privilegiou a bancada ruralista com R$ 87 bilhões de dívidas perdoadas, e faz uma pseudo reforma para prejudicar aposentadoria de professor. Foi muito cruel com relação aos votos da bancada federal de Alagoas, principalmente, pelas críticas da população", finalizou Paulão do PT.

Só lembrando: Arthur Lira (PP), Marx Beltrão (PSD), Nivaldo Albuquerque (PTB), Severino Pessoa (PRB), Sérgio Toledo (PL) e Isnaldo Bulhões (MDB) votaram a favor da reforma. Já Tereza Nelma (PSDB), Paulão (PT) e JHC (PSB) votaram contra o texto da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados.

Reforma da Previdência

A proposta de reforma da Previdência estabelece, entre outros pontos, a imposição de idade mínima para os trabalhadores se aposentarem: 65 anos para homens e 62 anos para mulheres; tempo mínimo de contribuição previdenciária passará a ser de 15 anos para as mulheres e 20 anos para os homens; e regras de transição para quem já está no mercado de trabalho.

Professores, policiais federais, agentes penitenciários e educativos terão regras diferenciadas.

Já as novas regras não valerão para os servidores estaduais e dos municípios com regime próprio de Previdência, uma vez que o projeto aprovado pela comissão especial tirou a extensão das regras da reforma para estados e municípios.

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