Eleição deste ano se assemelha a de 1989
O número de pré-candidatos a presidente da República se prolifera a cada semana. Já se contabiliza no mínimo, 15 candidatos ao cargo máximo do país. Em 89, quando o Brasil elegeu Collor, seu primeiro presidente em eleições diretas- após o nesfato período negro da ditadura militar, um sem números de candidatos disputou o primeiro turno eleitoral, com candidatos para todos os tipos e gostos, a exemplo de Eymael (eterno candidato do PSDC), o médico Eneias do famoso jargão “meu nome é Eneias”, Roberto Freire (na época comunista do partidão), Ulisses Guimarães, Guilherme Afif Domingos, Mario Covas, Ulisses Guimarães, entre outros.
Até Silvio Santos, o apresentador e dono do SBT, hoje octogenário, entrou na empreitada, mas teve a candidatura impugnada
Favoritos de antes Disputando o pleito em 89, apenas Leonel Brizola, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello, o caçador de marajás. Nos minutos finais do “primeiro tempo”, Lula suplantou Brizola com o voto do nordestino e dos paulistas e conseguiu ir para o segundo turno contra Collor que surpreendia a todos com um discurso moderno e de combate a corrupção conquistando a simpatia popular e da classe média.
No segundo turno, com auxílio de luxo da Globo, Collor foi eleito ao vencer um debate contra Lula, que foi transmitido pela TV de Roberto Marinho e que mais parecia final de Copa do Mundo.
Eleição de hoje Tal qual como antes, o Brasil está passando por um período de instabilidade democrática, após o golpe parlamentar que cassou a presidenta Dilma Rousseff da presidência. Em 89, estávamos saindo da ditadura.
Tal qual como antes, a proliferação de partidos gera uma grande quantidade de candidatos. Neste ano, além de Lula (outro personagem do passado), temos FernandoCollor (com bem menos força que antes),Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Marina Silva, Guilherme Boulos, Rodrigo Maia, Henrique Meirelles, Manuela D’ávila, Àlvaro Dias, Valéria Monteiro, Geraldo Alckmin e o próprio Michel Temer, o breve golpista,- que ensaia colocar a cabeça de fora da toca, ousando uma reeleição.
Negociação Algumas dessas candidaturas, porém, são vistas como tentativa de os partidos se cacifarem nas negociações de alianças eleitorais. Para o cientista político Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC, uma das medidas do que chama de "desestruturação" de sistema político é o número de candidaturas Para ele, já é possível projetar 18 nomes agora. "Nosso recorde foi em 1989, quando 22 candidatos se lançaram. A diferença é que em 1989 a descoordenação era reflexo da inauguração do regime, já 2018 é retrato de sua desconstrução."
"Com a crise e a ausência de candidatos com poder de aglutinação, todos os partidos resolveram se aventurar", afirmou o cientista político Carlos Melo, do Insper. A consequência, disse, pode ser um 2.º turno entre nomes com poucos votos. Para Marchetti, "uma candidatura que consiga 20% dos votos no 1.º turno terá grande chance de sair vitoriosa".