Desmontando a Lava Jato
(BRASÍLIA) - O juiz Sergio Moro recebeu uma sonora vaia durante a abertura de um congresso nacional de procuradores, realizado esta semana, em Curitiba. Mesmo antes do evento, quando o nome de Moro foi confirmado, 72 procuradores assinaram um manifesto que foi encaminhado ao presidente da Associação Nacional dos Procuradores Municipais (ANPM), Carlos Mourão, para manifestar a insatisfação do grupo.
Apesar do rechaço dos procuradores, a direção da entidade decidiu manter o juiz como palestrante o que levou ao protesto.
“Se não podia mais desconvidar um juiz que é um juiz polêmico, que dividiu a categoria, se não meio a meio, que trouxe insatisfação, nós pedimos para que fizessem um contraponto. Ouvisse uma opinião do mesmo tema, com uma outra visão. Nós sugerimos, inclusive, o ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão. Para nós, a negativa do convite nos deu a certeza de que aqui foi armado um palco que na verdade não é de combate a corrupção”, afirma o procurador de Fortaleza e ex-presidente da ANPM, Guilherme Rodrigues.
Os argumentos contra Moro Os procuradores argumentam que Moro exerce uma magistratura acusatória, que desrespeita os advogados e a defesa dos réus. “A ele, ao juiz da causa, que deveria ser imparcial, só servem as provas que venham a contribuir com a tese dele, que é acusatória. Um juiz não pode ser acusador”, argumentou a procuradora municipal de Fortaleza Rosaura Brito Bastos. “Não se combate a corrupção combatendo direitos fundamentais”, reforçou Guilherme. “Quando ele age dessa forma, ele desrespeita o trabalho dos advogados. Não existe hierarquia, não existe uma superioridade. Não se admite que um juiz mande um advogado calar e boca e mande ele fazer concurso para juiz. Nós não queremos ser juízes, nós queremos ser advogados”, completa Rousaura.
As suspeitas Aqui em Brasília circula na Esplanada dos Ministérios e mais no Congresso Nacional que está sendo montada uma grande operação envolvendo governo, parlamentares, setores da grande imprensa e até membros dos tribunais superiores para provocar o gradativo desmonte da Operação Lava Jato. Parece que chegamos à conclusão que o Brasil não tem mais jeito. De um experiente constitucionalista: “só o povo nas ruas, nas praças e também na Câmara e no Senado salvaria a Operação Lava Jato”.