Todos culpados?
Esta semana depois de ser denunciado por corrupção passiva no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Michel Temer resolveu sair da defensiva e atacou o grupo do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável pela denúncia, na tentativa de desqualificar a delação premiada do Grupo JBS que o levou à mais grave crise de seu governo. Repetindo por diversas vezes que tem “formação de jurista”, Temer apontou fragilidades na denúncia e mencionou um dos procuradores que, há até pouco tempo, trabalhava com Janot na Procuradoria-Geral da República (PGR) e depois foi contratado pela JBS. A reação de Temer à conduta de Janot foi preparada em um auditório do Palácio do Planalto, com transmissão ao vivo na emissora de televisão oficial do governo, a NBR.
Antes de citar o nome do acusado, Temer disse que o faria porque seu nome havia sido “usado deslavadamente na denúncia”. “Marcelo Miller, homem da mais estrita confiança do senhor procurador-geral. [...] Ele abandona o Ministério Público para trabalhar na empresa que faz delação premiada com o procurador-geral!”, acusou Temer, acrescentando que Marcelo sequer cumpriu a quarentena imposta a membros do Ministério Público Federal (MPF). “Ele ganhou, na verdade, ganhou milhões em poucos meses”.
Para Temer, abriu-se um precedente perigosíssimo no Direito Penal com a denúncia de Janot. “Se fosse só o aspecto jurídico, eu não estaria fazendo esse pronunciamento. Eu o faço em função da repercussão política”, reclamou o presidente, dizendo-se vítima de “ataque injurioso, infame”.
“Nunca vi o dinheiro [mala de R$ 500 mil, constante da denúncia], não participei de acertos para cometer ilícitos. Onde estão as provas concretas sobre o recebimento desses valores”, ironizou, voltando a carga para Joesley Batista, o empresário que o colocou na situação de denunciado no STF. (Com informações do Congresso em Foco)