Empate no “clássico” Moro x Lula
Quem imaginou que aconteceria algo de extraordinário no depoimento do ex-presidente Lula prestado ao juiz Sergio Moro deve ter ficado frustrado. Criou-se uma expectativa desnecessária com exibições circenses de ambos os lados, mobilizou-se torcidas verde e amarelo de um lado, vermelho “estrelado” de outro, que rompendo milhares de quilômetros de asfalto se concentraram em Curitiba (a República da Lava Jato) para torcer no embate entre o juiz e réu.
Havia pouca diferença entre a cobertura do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro e a de uma final de campeonato de futebol. Tinha de tudo: dos apoiadores conscientes à turba alucinada, dos jornalistas responsáveis a comentaristas vazios e manipuladores, de cidadãos preocupados a torcedores fanáticos. Há até zona militarizada de isolamento da arena onde se daria o ''embate''.
Com a diferença de que, a partir do momento em que alguém assume que isso é uma disputa entre o ''bem'' contra o ''mal'', independentemente de quem seja considerado o ''herói'' e o ''vilão'', não temos vencedores. Apenas uma democracia que, já mal das pernas, sai espancada. Deu empate no “jogo de Curitiba”.