A hora dos calhordas
Na calada da noite, gerado nos gabinetes pútridos da Câmara dos Deputados, quase se conclui um plano imoral e afrontoso ao povo brasileiro com consequências drásticas para o combate a corrupção. Um grupo de marginais travestidos de parlamentares tentou sem sucesso golpear de morte a louvável proibição do escabroso “Caixa Dois” nas campanhas eleitorais, item constante das propostas do Ministério Público, chancelada por mais de 2 milhões de assinaturas. Agiram às escondidas e tramaram contra os princípios da moralidade. Foram eles mesmos: canalhas, bandidos e escroques.
O presidente da comissão que estabelece medidas contra a corrupção, deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA), disse que teve, na segunda-feira, 19, uma tentativa de “golpe” com a inclusão na pauta de um projeto para anistiar políticos e empresas que participaram de esquemas de caixa 2.
Passarinho classificou o ato como “lamentável”. “Esse tipo de ação causa um descontentamento, pois isso não cabe mais no parlamento. As coisas têm de ser feitas às claras. Se era para beneficiar alguns partidos, tinham outros que poderiam ser beneficiados também e que não aceitaram esse tipo de conchavo”.
O deputado disse ainda que a Câmara foi convocada para a sessão com uma pauta específica na qual não constava o projeto que tratava da criminalização do caixa 2. A proposta está parada na Casa há oito anos. Passarinho disse ter visto com estranhamento a omissão de nomes dos autores da proposta ou do relator do novo parecer e reiterou que nenhum membro da comissão foi consultado sobre o assunto. “Todo mundo sabia que existia algo rondando aquela Casa, então é muito estranho que ninguém tenha visto esse texto.”
O parlamento não pode mais se prestar a esse tipo de coisa e a reação do plenário foi muito satisfatória. O primeiro secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP) decidiu retirar a proposta da pauta após ser pressionado por deputados e que protestaram em plenário.
Após um acordo entre grandes partidos, deputados tentaram utilizar uma das 10 medidas de combate à corrupção, propostas pelo Ministério Público Federal (PMF), para garantir a anistia de políticos que se beneficiaram da prática. São amorais, são indecentes, são calhordas