A partida do cacique palmeirense
Nesta quinta feira nossa Palmeira dos Índios amanheceu em uma profunda e dolorosa tristeza. Partiu o nosso estimado Gileno Costa Sampaio, o grande empreendedor da comunicação e ativo político desta terra amada. Minha convivência com ele começou no ano de 1965 quando com 17 anos recebi o seu convite para trabalhar na Rádio Educadora Sampaio. Sempre fui muito ligado a toda sua família e o seu velho pai o “Pajé” Juca Sampaio me chamava de “Pedro Sampaio” pela ligação que tínhamos. Gileno era o mais próximo de mim e o adotei como um irmão mais velho. Tivemos juntos muitas vitórias e derrotas, mas sempre combatendo o bom combate.
Foi com Gileno Sampaio como patrão que iniciei minha história no jornalismo e foi por conselho de seu pai, Juca Sampaio, que deixei nossa Palmeira para buscar novos caminhos pela profissão pela qual me apaixonei na cidade de São Paulo, minha maior e engrandecedora escola. Voltei alguns anos depois, mas não mais para Palmeira e sim para Maceió onde continuei essa história sagrada de escrever a qual me dedico há 50 anos.
Conheci muito a alma de Gileno Sampaio muitas vezes incompreendida. Acompanhei seu amor infinito por Palmeira, seus sonhos em fazer um rádio melhor de que a capital (e conseguiu algumas vezes), suas paixões avassaladoras e o orgulho de seu pai. Rimos, bebemos, brindamos e também choramos juntos muitas vezes. Brigamos muito também. Algumas vezes meu ímpeto de jovem me fazia extrapolar o limite da crítica em meus escritos e ao ser censurado largava tudo e ia para casa. Passados alguns dias lá ia o Gileno me buscar de volta e tudo começava de novo.
Nos últimos anos a gente já não se via tanto. Fico anos sem ir a Palmeira para não ter a alma ferida pela degradação de nossa amada terra pelas escolhas equivocadas e políticos que a destruíram literalmente. Já não sou mais eleitor palmeirense e isto foi uma opção dolorosa. Mas sempre que passava por lá visitava a nossa Rádio Sampaio e era recepcionado por Gileno em sua casa com muito carinho.
Nesta manhã chuvosa de quinta feira ao tomar conhecimento da morte deste amado amigo, veio-me muitas lembranças de saudosos tempos que passamos juntos comungando dos mesmos sonhos e tentando fazer nossa terra melhor. Não conseguimos.
Muito sentida a partida do nosso Gilenão. Descansa em paz meu irmão