Pau que dá em Chico, dá em Francisco, diz Renan Calheiros
Segundo informações do Painel da Folha, Renan teria dito a pessoas próximas que não pretende convocar o Congresso durante o recesso de final de ano. Porém, se mudar de ideia, “não poderia deixar fora da pauta o Conselho de Ética, o que prejudicaria Cunha”. No grupo, o presidente da Câmara aguarda julgamento de um parecer preliminar que recomenda uma investigação a reboque das revelações da Operação Lava Jato.
Cunha, portanto, pretende mobilizar sua tropa de choque para que esse julgamento seja postergado ao máximo. Ao mesmo tempo, ele espera que o recesso de fim de ano lhe garanta tempo para tentar arregimentar com membros do Conselho de Ética votos favoráveis à sua permanência na Câmara.
A oposição ao governo Dilma também quer o recesso parlamentar, com a finalidade de esperar a passagem das festividades de final de ano para, depois, mobilizar movimentos de rua e a opinião pública pela deposição da presidente. O governo Dilma, por outro lado, quer que o processo de impeachment seja julgado o mais rápido possível. Nesta segunda (7), após receber dezenas de juízes que auxiliarão o Planalto na defesa contra o impeachment, Dilma disse que é favorável ao levantamento do recesso e que fará esse pedido a Renan.
"Numa situação de crise, acho que seria importante que o Congresso fosse convocado. (...) Eu não só prefiro que não haja recesso, como acho que não deve haver recesso porque vivemos um momento que não podemos nos dar direito de parar o País até o dia 2 de fevereiro", disse a presidente, segundo relatos do Estadão.
A convocação extraordinária do Congresso pode ser feita pela presidente da República, do Senado, da Câmara ou por requerimento da maioria dos integrantes de ambas as Casas para tratar "em caso de urgência ou interesse público relevante". O pedido precisa ter apoio de maioria absoluta dos deputados e senadores.
Ameaças Segundo informações do Estadão, Cunha tem ameaçado movimentar aliados para fazer tramitar mais rápido na Comissão Mista de Orçamento as contas do governo relativas ao exercício fiscal de 2014. Rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União, as contas aparecem no pedido de impeachment acatado por Cunha, mas o próprio presidente da Câmara já afirmou que atos alheios ao atual mandato não são objeto de processo de impedimento.