O alvo foi Collor

20/07/2015 18h06

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Longe de mim tentar fazer a defesa do senador Fernando Collor ou mesmo acusa-lo em função das denúncias de seu envolvimento com recebimento do dinheiro sujo investigado pela “Operação Lava Jato”. Não me cabe fazer juízo de valores nem tampouco opinar sobre a legalidade dos atos praticados por agentes da Polícia Federal esta semana no cumprimento de mandados de busca de apreensão, de autoria de três ministros do Supremo Tribunal Federal: Teori Savascki, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski. Tudo pode ter sido perfeitamente legal, porém não tenho dúvidas sobre um aspecto: o objetivo principal foi atingir em cheio o senador alagoano em extrema rota de colisão com o procurador geral da República, Rodrigo Janot. O ator principal foi escolhido à dedo, mas como o filme precisava de coadjuvantes se buscou completar o elenco com outros nomes sem a relevância do ex-presidente. A lista de mandados foi numerosa, mas os holofotes buscados intencionalmente pela Polícia Federal foram exclusivamente dirigidos a Fernando Collor. A espetacularização das buscas na Organização Arnon de Mello e no seu apartamento em Maceió, o arrombamento absurdo de seu apartamento funcional e a invasão da “Casa da Dinda” em Brasília, o desfile de seus carrões importados e milionários, adquiridos legal ou ilegalmente, tiveram sim, o objetivo de humilhar, constranger e desmoralizar o senador. No mesmo dia da operação Fernando Collor ocupou a tribuna do Senado e foi enfático ao denunciar seus algozes. Disse que não seria intimidado pela ação que classificou como "invasiva" e "espetaculosa", desencadeada pela Polícia Federal que segundo ele “extrapolou os limites legais e feriu a Constituição Federal" enquanto cumpria mandados de busca e apreensão. De acordo com Collor, os policiais arrombaram o apartamento funcional que ele ocupa em Brasília e impediram a Polícia Legislativa de acompanhar o cumprimento dos mandados em dependências que pertencem ao Senado Federal. O senador lembrou ainda que não responde a inquérito e afirmou que o Estado recriou o "regime de exceção". "Na minha residência particular, apreenderam veículos em uma operação espetaculosa e midiática, que contou com dezenas de viaturas e helicópteros", narrou Fernando Collor, ao lembrar que nunca passou por uma situação semelhante ao longo de sua carreira política. "Depois do que passei, tive que experimentar uma situação jamais vivida. Um extremo desgaste mental e emocional, que jamais passei, junto com minha mulher e minhas filhas. Mas jamais serei intimidado". Recado dado e repercutido nacionalmente.

A defesa de Renan Já o senador Renan Calheiros, que com certeza teme ser um dos próximos alvos de operação semelhante, presidindo a sessão do Senado, fez críticas severas à ação da Polícia Federal que, segundo ele, “os métodos utilizados pelos agentes beiram a intimidação”. Renan alertou também sobre “a necessidade de as instituições públicas garantirem que eventuais suspeitos tenham o direito de apresentar o contraditório, como assegura os dispositivos da Constituição Federal”.

O risco de ser policial O sargento da Policia militar Dietmarx José da Silva estava com amigos, em período de folga, em um bar na cidade Santa Luzia do Norte na noite de quarta feira desta semana. Não integrava nenhuma força tática ou de repressão na sua corporação. Era lotado na Banda de Música, participava de projetos socioeducativos e muito estimado por seus companheiros e pela comunidade. Três bandidos anunciaram um assalto e ao identifica-lo como militar o assassinaram fria e covardemente. Os bandidos fugiram com o carro do sargento, que foi socorrido pela ambulância municipal, mas no Hospital Geral do Estado não resistiu a cirurgia e faleceu. O militar deixa viúva e filhos e a revolta de seus companheiros de farda. Hoje é um grande risco ser militar em função da violência crescente e praticamente incontrolável. Um detalhe: estou procurando em todos os veículos uma nota dos que se dizem dos “Direitos Humanos”, que estão sempre prontos para defender bandidos e acusar a polícia.

Decisão arbitrária Concordo com a decisão do procurador geral de Justiça e a indignação da sociedade diante da decisão da justiça que bloqueou R$ 100 mil de conta bancária do secretário de Estado da Defesa Social e Ressocialização, Alfredo Gaspar de Mendonça. Para o procurador a decisão proferida pelo juiz de 1º grau foi um fato lamentável, visto que o despacho é fruto de uma ação proposta ainda em 2013 e que tramitou morosamente. Ou seja, não se dispensou a devida atenção ao processo em foco. “Agora, o magistrado resolveu aplicar esta sanção, que é esquisita porque seu autor é um juiz de direito. Quem não sabe que para fazer uma obra se leva mais trinta dias? Existe um processo de licitação, que é algo longo e complexo. Quem proferiu esta decisão ignorou a existência de lei que trata do assunto”. Na verdade ao que transparece o juiz não sabe nada e apenas buscou seu “momento de fama” , só que pelo lado errado.

Farra à vista Por 57 votos a 9, o Senado aprovou o Projeto de Lei que regula a criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios. O projeto irá a exame da Câmara e, se aprovado pelos deputados, será encaminhado à sanção presidencial. Outros dois projetos similares foram vetados anteriormente pela presidente Dilma Rousseff, por considerar a iniciativa prejudicial ao Erário. No entanto, o autor da proposta, senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), disse que o projeto estabelece critérios rígidos para a criação de municípios, e atende os interesses de muitos distritos que reivindicam emancipação. Com a abominável aprovação é possível que mais de 200 municípios novos sejam criados no país, aumentando ainda mais a roubalheira e fazendo crescer o “instituto da corrupção”. Coisas da política suja nacional e local.

Solidários só na morte Parodiando o extraordinário jornalista Otto Lara Resende autor da frase “mineiro só é solidário no câncer”, chego à conclusão e registro também minha frase: “político alagoano só é solidário na morte”. Vivem a falar uns dos outros, acusam-se mutuamente, mas se um deles morre ai passa a ser “ amigo querido e político exemplar”. Todos vão ao sepultamento, discursam demagogicamente e até choram “lágrimas de crocodilo”. O imbróglio criada por estes dias quando a bancada de Alagoas perdeu prazo para apresentação de emendas porque alguns se negaram a assinar é uma mostra que nossos representantes em boa parte não estão preparados para o exercício do cargo. O que ocorreu é um fato inusitado e deplorável. Não existe nenhuma unidade da Federação que os deputados e senadores, por mais divergentes que sejam, não estejam unidos no momento conseguir benefícios para seus estados. Em minha opinião não temos uma bancada, mas um bando de irresponsáveis.

Cuidado: guarda armado Um dos projetos com mais prioridade para a gestão do prefeito Rui Palmeira é “armar a Guarda Municipal de Maceió”, segundo declarações levianas proferidas do alto de sua insanidade. Talvez queira mostrar na campanha, se ousar ser candidato em 2016, como uma de suas principais realizações, na falta de algo para prestar contas de seu mandato moribundo. É um perigo uma arma nas mãos de pessoas sem o devido preparo técnico e mesmo emocional. Guardas municipais cuidam dos “monumentos, bens e instalações públicas”, conforme e Constituição Federal. Não pode nem deve ter função de policial militar. Ao que parece a coisa em Maceió está ficando cada fez pior.

Tão bonzinhos O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, negou qualquer interferência do governo nos inquéritos e nas investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato. O ministro foi convocado pela CPI da Petrobras para dar explicações sobre o caso das escutas clandestinas encontradas na cela do doleiro Alberto Youssef na Superintendência da PF em Curitiba (PR). Cardozo afirmou que é acusado injustamente de instrumentalizar a Polícia Federal a serviço dos interesses do Planalto e de não controlar a instituição. a presidente Dilma Rousseff e negou que ela tenha, em algum momento, solicitado interferências nos processos de investigação ou reclamado de sua atuação à frente da pasta. “Ela é uma pessoa de honestidade inatacável. Seus próprios adversários reconhecem a honestidade da presidente Dilma. Nenhum fato relacionado à corrupção chegará perto dela”. Pense num povinho honesto!

Para refletir: Política é a arte de enfiar a mão na merda. Os delicados (vide Milton Campos) pedem desculpas, têm dor de cabeça e se retiram. ( Otto Lara Resende).