Apoio açucarado
Quem te viu, quem te vê! Heloísa Helena (PSOL) adotou de vez a prática da velha política em contra partida ao que prega sua amiga Marina Silva (PSB) que deseja a “nova política”. A vereadora por Maceió e candidata ao senado recebe agora os apoios açucarados dos tucanos Julio Cézar e de toda staff governamental, leia-se Teotonio Vilela. Como eleição majoritária é sempre ter mais um voto, HH justifica suas adesões - especialmente a de Julio Cézar dessa forma: “E por que nós estamos juntos? Porque Alagoas e o nosso sertão é maior que os partidos políticos, é maior que as divergências que podem existir”.
Na verdade, tudo não passa de um samba do crioulo doido (fidelidade partidária às favas) ou o sentimento de conterraneidade baixou nesses três fidalgos políticos palmeirenses? Mas aí está um exemplo (bom ou mau?) de que as bandeiras partidárias praticamente não tem valor nessa cultura política hodierna... Taí, a foto em que PSDB, PSOL e PT juntos em plena campanha eleitoral...
Mas a decisão de HH não foi bem vinda pelos partidos que originariamente apoiam a vereadora. O PSTU foi o primeiro a romper com Heloísa Helena por causa de apoio "açucarado" (leia-se unineiros).
Veja a posição do PSTU sobre os acordos de Heloísa Helena com o PSDB em Alagoas
Maceió, 30 de agosto de 2014
Direção Estadual do PSTU/AL
As fotos divulgadas nas redes sociais na última semana deixaram muitos perplexos. Heloísa Helena, uma das principais referências políticas do PSOL, sorrindo de mãos dadas a Júlio César, candidato do PSDB ao governo do estado de Alagoas. Afinal, estas alianças que Heloísa Helena está construindo em Alagoas são coerentes com o compromisso de construir uma campanha a serviço da luta dos trabalhadores e trabalhadoras? Estas atitudes do PSOL são coerentes com o compromisso de lutar pelo socialismo e a construção de um projeto que enfrente o capitalismo? Heloísa Helena, candidata ao senado pela Frente de Esquerda, é uma das maiores figuras da esquerda nacional e símbolo da luta contra a direita e contra os usineiros de Alagoas. Sua candidatura ao Senado representava uma esperança e uma possibilidade frente à candidatura de Fernando Collor, favorita até o momento. Porém, nos últimos dias, Heloísa começou a campanha recebendo apoio de figuras da política alagoana historicamente alinhadas aos usineiros: primeiro foi Adriano Soares, ex-secretário de Educação do governo tucano e notabilizado pelo escândalo em que tratou manifestantes no 11 de Julho com termos de baixo calão. Em seguida, foi Alexandre Toledo (PSB), candidato a vice-governador pela chapa de Benedito de Lira (PP). Por fim, o próprio governador Teotonio Vilela e todo o seu partido, PSDB, grandes responsáveis pelos últimos anos de caos social no estado, decidiram declarar apoio à candidatura de Heloísa ao senado. Lamentavelmente, não houve da parte da candidata a negativa a este apoio e a necessária demarcação política. O que houve foram demonstrações públicas de afeto e compromisso frente a este apoio, com foto divulgada em redes sociais, onde Heloísa está de braços dados com Júlio César, candidato a governo do PSDB. Esta atitude é um desrespeito com os trabalhadores e trabalhadoras que depositaram sua confiança na Frente de Esquerda e na possibilidade de candidaturas independentes. Sem sombra de dúvidas é muito importante derrotar Collor eleitoralmente na disputa ao senado. Mas a que preço? Ao preço de se aliar aos usineiros e ao PSDB? Heloísa Helena embarca de mala e cuia no vale tudo para garantir sua eleição e abandona o campo político que estávamos construindo. Heloísa Helena está rompendo com a Frente de Esquerda e com tudo aquilo que serviu de base para a sua construção. Abraça os setores reacionários do estado em nome de um projeto particular, abandonando um projeto coletivo extremamente importante para Alagoas. Abre mão da independência política tão cara à Frente. Heloísa rompe até mesmo com definições estabelecidas dentro de seu próprio partido. Quem será seu candidato a governador? Júlio César (PSDB) ou Mário Agra (PSOL)? Em quem votará para presidente? Em Luciana Genro (Psol) ou em Marina Silva (PSB)? Por tudo isto, declaramos que nos retiramos da campanha de Heloísa Helena para o Senado até que ela reveja estas posições e desfaça estes acordos com o PSDB. De outra forma, não faremos mais campanha para sua candidatura ao Senado, porque estas alianças rompem o acordo que fizemos na Frente de Esquerda. O PSTU seguirá construindo a candidatura de Mário Agra neste momento. Seguiremos na Frente de Esquerda e respeitando suas definições: Heloísa Helena e o PSOL farão o mesmo? Frente à tragédia do PT, que agora é aliado incondicional de figuras políticas como Collor e Renan Calheiros, e os usineiros, o nome de Mário Agra é uma alternativa política. Porém, este apoio não é uma carta branca para que o PSOL tome as atitudes que bem entende. Chamamos o PSOL, Mário Agra e sua militância a se oporem a esta atitude de Heloísa Helena. Chamamos o PSOL a se pronunciar sobre esses acordos. Queremos saber: qual é a posição do PSOL sobre as atitudes de Heloísa? Vai exigir conosco que Heloísa cumpra os acordos da Frente? Que rompa com o PSDB e construa a candidatura que o povo de Alagoas precisa: a candidatura independente e capaz de derrotar Collor, mas sem nenhuma aliança com os usineiros de Alagoas. Reafirmamos nosso compromisso com as lutadoras e lutadores do nosso estado. Não vamos romper com as ideias que acreditamos e defendemos em nome do vale tudo eleitoral.