Um anúncio, uma decisão e um rebuliço
Os atos e fatos produzidos nos últimos dias pelo governador Teotônio Vilela deu uma mexida radical no tabuleiro do xadrez político alagoano. Ao anunciar que permaneceria à frente do governo até o final do mandato (fato inusitado nas últimas décadas) deixou de ser um respeitado concorrente e se transformou no eleitor mais cobiçado das próximas eleições. Deu um “nó de marinheiro” nos principais anunciados pretendentes ao cargo que literalmente “dançaram tango de Gardel” , principalmente ao anunciar a possibilidade de apoiar outros nomes que nem constavam da lista de notáveis. Verdade mesmo ninguém sabe o que transita pela cabeça de Vilela, enigmático como sempre quando se trata de eleição, mas uma coisa é muito clara: possui uma ou algumas cartas na manga e é disparado um de nossos mais competentes estrategistas quando se trata do quesito política. Se pretendeu “azucrinar” o juízo dos postulantes com suas declarações conseguiu. Daqui pra frente só ele sabe o caminho das pedras e como de costume não tem pressa, o que deixa uma metade em estado de “catatonia” e a outra em profunda “depressão”. Todos buscam a “unção vileliana” que hoje vale por pelo menos meia eleição, mas sabem e sofrem com o estilo Téo de ser: ninguém jamais arrancará de sua cabeça uma definição antes do tempo e da hora que ele determinou. Sempre foi assim e continuará assim. Resta ao séquito pretendente a estressante tarefa de corteja-lo, flerta-lo e quem sabe na caminhada ao escolhido ele mostrará “Le pietre miliari” e até o conduzirá pela mão. Isto é possível? Pergunta a ele.
A consciência do dever cumprido Ao anunciar a mudança em seu secretariado o governador incluiu o nome de Luiz Otávio Gomes, do Planejamento e Desenvolvimento surpreendendo vários setores da economia e da política. Como sair agora o melhor secretário de sua equipe? Como ficam as competentes relações institucionais de resultados nunca alcançados? Luiz Otávio já havia dito ao governador que deixaria o cargo em março ele permanecendo ou saindo. Sou testemunha de que há muito ele não queria mais ficar. Mas agora havia chegado ao seu limite pragmático e ele é um homem de cumprir metas. Fez planos e construiu programa de etapas para sua empresa e para a nova empresa que vai cuidar, uma LOG voltada para a “estratégia de negócios de investimentos” em Alagoas e no Brasil, um assunto no qual é Phd. Sei que recebeu convites tentadores partidos de altíssimas contas nacionais e até internacionais para quando deixasse o governo. Recusou todos. “Não quer ter patrão”. Perdeu tempo no governo? Não, e até ampliou espaços. Deu em dose cavalar sua cota de colaboração ao desenvolvimento do estado e ao rumo do governo. Mas determinou que era hora de parar. Um fato, porém causou burburinho no anúncio e ganhou os gabinetes políticos e as redações da imprensa: “se ia sair em março, por que sai em janeiro”? Pimba! É candidato! E é o candidato do governador!
Em busca de um nome O governador anunciou que o PSDB teria três possíveis nomes para disputar o Governo entre estes o de Luiz Otávio Gomes, que diferente de alguns do próprio governo nunca demonstrou o menor interesse em ser candidato. Conheço de perto seus planos para o futuro e sua pressa em deixar a atividade pública para cuidar de seus negócios e dedicar a sua família que cobra sua presença há muito. Na sua ótica fez o que tinha que fazer. Eu acho que fez muito mais. Foi, junto com o governador, o condutor do processo de desenvolvimento e de credibilidade do estado nos últimos sete anos. Alagoas ainda precisaria muito de sua presença, mas ninguém tem o direito de impedir sua trajetória de sucesso de volta as atividades privadas. Conversava esta semana com dois lideres empresariais da maior importância e ouvia deles insistentes opiniões de que “Luiz Otávio seria o grande nome para governar Alagoas”. Conversei longamente também com om próprio Luiz Otávio e perguntei: você é candidato a governador ou senador? Não! Foi a resposta que já sabia e ouvi de novo. E insisti: Se jogarem a bomba em seu colo você descarta? Ele sorriu e não me respondeu. Nos últimos dias tem sido procurado por influentes políticos, lideranças empresariais e figuras de expressão local e nacional. A todos a mesma colocação: “Tenho planos e quero cuidar urgente de minha vida particular e de minhas empresas”. No fundo revelo minhas conclusões que gostaria fossem a realidade: Luiz Otávio é um apaixonado por Alagoas e “se o cavalo passar selado ele monta e disputa a corrida corrida”.
Palavras de um promotor Sem comentários transcrevo as palavras do ético promotor Marcus Rômulo, nas redes sociais, sobre o absurdo patrocínio de um orgão público para uma iniciativa privada e lucrativa: “Bom dia! Para aqueles que irão para o “Lopana Phoenix”, na praia do Gunga, é bom lembrar o infame patrocínio de R$ 300.000,00 dado para o evento pela Prefeitura de Roteiro. Com uma das populações mais miseráveis do país, aquela prefeitura elegeu como prioridade patrocinar um evento de bacanas e suas lanchas. Deveriam estar presos quem deu e quem recebeu o patrocínio vergonhoso. Um pouco de consciência social por parte de quem tem dinheiro seria bom, nesse nosso estado paupérrimo”.
Preso não é bicho Cometeu crime? Tem que ir para a cadeia. A Justiça não pode ser branda, muito menos complacente com quem roubou, traficou ou matou, inclusive com os bandidos de colarinho branco que com o dinheiro do roubo pagam ricas bancas de advocacia e ficam livres das grades. Mas a prisão não pode ser degradante e o preso não pode ser tratado como animal perverso, mesmo tendo cometido um crime bárbaro. A privação da liberdade é a pena máxima imposta pela lei brasileira. Como pode um local com capacidade para 74 detentos abrigar 714? É o que ocorre no Presídio Rorenildo da Rocha Leão, no município de Palmares, Pernambuco, transformado no maior símbolo da superlotação do sistema prisional. Não existem médicos, nem local para atendimento à saúde. O Ministério Público reclamou e poderão ser removidos apenas 68 presos para outros locais. Como em Pernambuco em outras unidades nos estados a situação é bem parecida, inclusive aqui em Alagoas. Esses presídios são verdadeiras bombas prestes a explodir a qualquer momento. O governo federal é omisso e os governos estaduais negligentes. Até quando? Tudo mudaria se deputados e senadores fossem presos também nesses locais.
Segurança em boas mãos Não dá para se fazer previsões do que acontecerá com o setor de Segurança Pública e Alagoas com as mudanças efetuadas, mas uma coisa se pode assegurar: está em boas mãos. Conheço de perto duas das principais figuras do processo de mudanças e não vacilo em assegurar que estão entre os melhores. O procurador Eduardo Tavares nomeado secretário de Defesa Social é um home admirado e respeitado por toda sociedade alagoana. Tem uma carreira caldada no cumprimento dos princípios da moralidade e da legalidade junto à coragem de agir quando se trata da defesa dos direitos do cidadão e do interesse público. Ponderado, mas nunca omisso, tem o apoio de sua instituição para mudar a face da violência urbana e fará o que estiver ao seu alcance, mesmo com tempo curto para o seu trabalho. O outro nome é o delegado Carlos Reis. Computo como o melhor quadro da nossa Polícia Civil. Profissional competente e dedicado tem usado sua vocação e inteligência na realização de um trabalho marcante e de pleno sucesso. Se não fez mais é porque não deixaram, mas é quem melhor entende e pratica policia na instituição. O tempo é pouco, mas alguma coisa poderá ser feita pela segurança dos alagoanos que estão descrentes e desesperados.
Eu queria votar nessa dupla Não sei o que vai acontecer daqui pra frente, mas sei perfeitamente que pode acontecer tudo, inclusive nada. Mas diante das circunstâncias que se evidenciam, das reais necessidades de Alagoas se desenvolver, do quadro até agora posto aos alagoanos confesso que gostaria muito de votar nessa dupla: Thomaz Nonô e Luiz Otávio Gomes. Com uma chapa de cabeça pra cima ou de cabeça pra baixo, mas que sejam os dois. Nós alagoanos merecemos e somente nós poderemos fazer acontecer. De minha parte já decidi e você o que pensa?
Para refletir: A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano. (Voltaire)