[caption id="attachment_9183" align="alignright" width="380"] As duas mulheres presas até agora no julgamento do mensalão serão removidas nos próximos dias para o presídio feminino da Colmeia[/caption]
As duas mulheres presas até agora no julgamento do mensalão serão removidas nos próximos dias para o presídio feminino da Colmeia, a 40 quilômetros do centro de Brasília. Para Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural, e Simone Vasconcellos, ex-secretária de Marcos Valério, será o início definitivo da vida como detentas e de uma mudança radical: há três semanas, elas viviam em confortáveis apartamentos nos melhores bairros de Belo Horizonte (MG).
Até agora, a dupla estava alocada no 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal. A unidade fica na entrada do Complexo Penitenciário da Papuda, mas não parece um presídio: as cercas que ladeiam a área são simples, civis e militares transitam pelo pátio, não há muros e, durante o banho de sol diário, as mensaleiras conseguiam avistar a rua. Mas o privilégio vai acabar por ordem da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, que ordenou a transferência das duas para a Colmeia, longe do centro de Brasília. E não há o que fazer para evitar a cadeia porque o caso de Kátia e Simone é mais grave do que o de José Dirceu e José Genoino: independentemente do julgamento dos embargos infringentes pelo Supremo Tribunal Federal (STF), as duas já estão condenadas a iniciar o cumprimento de pena em regime fechado.
A ex-banqueira tem uma pena de 16 anos e 8 meses de prisão a cumprir. Simone foi sentenciada a 12 anos e 7 meses. Ambas terão pela frente uma habitação muito diversa à que estavam habituadas: Kátia vivia em um amplo apartamento no bairro do Sion, um dos mais valorizados de Belo Horizonte. Simone declarou morar em um prédio de luxo no bairro de Lourdes, também de elite. O imóvel de Simone tem cerca de 190 metros quadrados e vale 1,5 milhão de reais.
Na colmeia, a dupla de mensaleiros terá de se habituar a situações-limite. Além da água fria para o banho e da umidade das celas, o presídio tem uma particularidade nada agradável: é indispensável a tolerância com as baratas que infestam o prédio e incomodam especialmente as detentas que dormem com colchão sobre o piso, por falta de espaço nas camas. Sabonete, xampu e absorvente íntimo precisam ser providenciados pelas próprias detentas – apenas o papel higiênico é fornecido regularmente pela direção do presídio. A comida é frequentemente alvo de críticas.
O prédio onde funciona a penitenciária feminina foi não foi construído para funcionar como uma cadeia, o que dificulta a organização das detentas. O local era uma unidade de internação de menores infratores antes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Além disso, presos homens em situação psiquiátrica instável também ficam abrigados em uma ala da Colmeia.