O paciente José Maria (nome fictício), proveniente do Sistema Prisional, chegou ao Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, com perda progressiva de peso e rouquidão persistente. Após avaliação e exames, foi diagnosticado com câncer de laringe e tratado imediatamente. Esses são passos fundamentais para o sucesso de um tratamento desse tipo de doença.

“Os pacientes com câncer de laringe, tratados precocemente, têm grandes chances de cura. Então, ao perceber uma alteração persistente na voz, o ideal é procurar o serviço médico”, alerta o fonoaudiólogo Leônidas Morais, que atua na unidade hospitalar.

Segundo o especialista, qualquer pessoa que apresenta rouquidão há mais de quinze dias, associado a perda de peso e dor ao engolir, deve procurar atendimento médico para avaliar de forma objetiva a laringe. “Entre outros males, pode ser o início de uma alteração neoplásica, principalmente se estiver associado a fumo ou ao álcool”, advertiu.

No caso do paciente citado, ele apresentava rouquidão severa, com engasgos associados a sólidos e comidas pastosas. Só conseguia se alimentar com líquidos finos. “Eu suspeitei logo! Pela agitação, em decorrência do desconforto respiratório, acreditaram que era um surto psiquiátrico, associado à abstinência. Indaguei a avaliação do torácico e do otorrinolaringologista. O torácico foi o primeiro a chegar e já foi feita uma traqueostomia de emergência. Em seguida, o paciente foi diagnosticado com câncer de laringe, necessitando a retirada do tumor, através de uma laringectomia total”, ressaltou Leônidas Morais.

A alteração vocal, agregada a outros sintomas, sempre é um indício para se procurar uma avaliação de especialista, segundo informou o fonoaudiólogo do HGE. “Pode ser uma alteração de caráter gastrointestinal, como o refluxo gastroesofágico, ou de uma pessoa ansiosa que sobrecarrega os músculos do pescoço, também uma pessoa com grande demanda vocal, se houver alteração da voz como mudança do “tom” (a voz ficou mais grave ou aguda), sente dor ao tentar se comunicar, rouquidão persistente, falhas ao tentar falar é ideal procurar por uma avaliação otorrinolaringológica para o possível encaminhamento ao fonoaudiólogo para tratamento”, referiu o especialista.

Ele explicou que a voz é de origem multissistêmica, então é necessário fazer várias intervenções para manter uma saúde vocal adequada. “A primeira delas diz respeito a uma boa alimentação, exercícios físicos, evitar abusos vocal (álcool , fumos) e/ou mal uso vocal (falar alto, gritar em ambientes ruidosos), dormir regularmente também ajuda.

No ambiente hospitalar a voz para o fonoaudiólogo serve mais como norte, conforme explicitou o profissional. “Apesar da voz articulada pela cavidade oral ser nosso meio comunicador mais comum, a função primordial da laringe é a proteção do pulmão, então se fomos avaliar um paciente e ele tem “Loudness” baixa (voz fraca), voz molhada (secreção sobre a prega vocal) pode ser um indicativo de que o paciente pode estar broncoaspirando, além disso, o paciente com humor deprimido também apresenta alteração vocal que seja indicativo de alteração de deglutição”, completou o fonoaudiólogo.

No mês em que é celebrado o Dia Nacional da Voz (16 de abril), Leônidas sugere atenção nos cuidados e prevenções. “A voz impacta diretamente na percepção do outro. Por sua personalidade, pode demonstrar diversas características individuais. Ao ouvir uma voz identificamos e reconhecemos uma pessoa, suas emoções, temos impressões sobre a sua personalidade, intenção e imaginamos até mesmo sua aparência. Se formos comunicativos, temos uma boa articulação da fala e as pessoas nos percebem como seguros, uma pessoa com grande alteração vocal pode ocasionar no outro o não querer ouvir. Dessa forma, prevenir problemas vocais possibilita um melhor desempenho laboral e também segurança como falante”, conclui o especialista.