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“Trançando, palestrando e gritando, para Alagoas e o mundo ouvir sua voz”

23/05/2022
“Trançando, palestrando e gritando, para Alagoas e o mundo ouvir sua voz”

Tido como um grito de liberdade, no dia 25 de maio é comemorado o Dia da África. Foi nesta data, em 1963, que se criou a Organização de Unidade Africana (OUA), na Etiópia, com o objetivo de defender e emancipar o continente africano. Em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o dia 25 de maio como o Dia da África ou o Dia da Libertação da África. Todos os anos, nesse dia, todo o povo africano festeja pela vitória na luta pela independência do continente, contra a colonização europeia e contra o regime do Apartheid, assim como simboliza o desejo de um continente mais unido, organizado, desenvolvido e livre. E é no Jacintinho que reside uma representante notável da comunidade africana e porque não dizer brasileira e alagoana.

Aqui em Alagoas, ainda mais em Maceió, a presença da população africana está por todos os lados, seja no centro ou na universidade, que até possui um núcleo específico para esses estudantes, o Núcleo de Estudantes Africanos em Alagoas, Neaal, ou seja, já são, muito merecidamente, parte da população alagoana. Alguns desses, ainda conseguem se destacar ainda mais no cenário se tornando referência em suas práticas, dentre elas, uma  vem a anos faz a cabeça, literalmente, de muita gente no estado.

Nascida em Bissau, capital de Guiné-Bissau, Equitania da Silva, chegou no Brasil a cerca de 16 anos, o intuito inicialmente era estudar, se formou em turismo e até trabalhou na área em Florianópolis, fixou moradia por aqui depois que sua filha Esther nasceu. Em 2017, desembarcou em Maceió, mas o mercado na área de turismo não oferecia oportunidades para ela. Um fato triste levou a bissau-guineense ao caminho que a faria conhecida. Em 2018 seu marido sofreu um AVC e como o turismo não estava pagando as contas ela resolveu usar uma herança de família, fazer tranças, para conseguir sobreviver e deu muito certo.

Assim como todo povo africano, o dia 25 de maio é uma data muito aguardada e comemorada com muita alegria e festa, “O dia 25 de maio, é muito importante e especial para nós, porque é uma data em que o mundo parou e para, para ouvir a nossa voz, a voz do povo africano. Foi através dessa data que muitas pessoas ficaram sabendo que a África é um continente e não um país, com 55 países, com suas culturas e tradições próprias, linguagem, tem países que falam inglês, português, o Criolo que é um dialeto nosso, assim como wolof do Senegal. Essa data, assim como a África, é muito, mas muito importante mesmo para nós”, conta Equitania.

O seu salão “Estudio Afro Guiné-Bissau” que fica no bairro do Jacintinho, apesar de relativamente estar a pouco tempo na capital, 2 anos e 8 meses é uma referência nesse estilo. Empoderada, além de ser uma referência nas tranças e suas variações, como trança Nagô, Box Braids e etc, quando o assunto é a cultura africana ela já deu e dá diversas palestras. Inclusive, em comemoração ao Dia da África, no dia 25,  ela estará na Ufal, para dar uma palestra sobre esse dia e ainda mais oferecer uma oficina de tranças gratuita e no dia 31 estará em pilar para dar mais uma palestra.

No seu salão todas as suas colaboradoras são africanas, o que mantém a cultura de trançar que vem de berço intacta. Uma curiosidade sobre o povo africano e seus costumes quando falamos em trança é que basicamente tudo tem um significado. Se você ver uma mulher africana de cabeça raspada, por exemplo, isso indica que ela está de luto por um ente muito querido, “Quando a gente perde alguém querido pai ou mãe irmã você raspa cabeça isso é sinal de luto, mas quando cabelo começa crescer, sempre aparece alguém que vai querer fazer seu cabelo pra levantar sua autoestima”, explica.

Afim de promover um encontro para os africanos, além daqueles que admiram ou querem ter um contato maior com a cultura africana, a Equitania vai promover no dia 27 de maio, sexta-feira no seu salão, uma festa em comemoração ao Dia da África. Nesta festa, vai ter músicas africanas, danças e culinária típica da sua terra mãe. O valor da entrada é R$30,00 e pode ser adquirido tanto presencialmente ou pela página do Instagram no link https://instagram.com/estudioafroguinebissau?igshid=YmMyMTA2M2Y=