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Uso indiscriminado de antimicrobianos pode desencadear problemas de saúde

29/12/2021
Uso indiscriminado de antimicrobianos pode desencadear problemas de saúde

Responsável pela farmácia na maior emergência hospitalar alagoana, Flávia Amorim reforça o uso consciente dos antimicrobianos

Os antimicrobianos são a classe de medicamentos que necessitam de um monitoramento diferenciado, uma vez que o uso de forma indiscriminada pode fazer aumentar a resistência bacteriana, além de desenvolver problemas de saúde que podem levar à morte.

Quem explica melhor sobre isso é a farmacêutica Flávia Amorim, responsável pela área na maior emergência hospitalar alagoana, o Hospital Geral do Estado (HGE). De acordo com a profissional, para que esses medicamentos sejam utilizados de forma discriminada existe a RDC 44/2010 que regulamenta o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição médica.

“Nossa população tem a cultura de tratar alguns sintomas com antimicrobianos. Atualmente, por exemplo, devido ao período pandêmico e ao aumento dessas doenças virais, o consumo desses medicamentos aumentou de forma demasiada. E isso acontece, porque os sintomas apresentados por uma doença bacteriana e viral são muito semelhantes. Por isso, é importante buscar um profissional farmacêutico para orientar sobre o medicamento de escolha para os sintomas apresentados. Vale ressaltar que o tratamento é individual, ou seja, vai servir apenas para você, não sendo indicado para o vizinho, amigo ou alguém da família. Lembrando que a eficácia dos antimicrobianos está relacionada com o agente infeccioso, e o uso deles para infecção viral não serve, causando dessa forma a tão falada resistência bacteriana.”

Para a especialista, a melhor arma para evitar a resistência aos antibióticos é o uso consciente do medicamento. Segundo ela, essa resistência pode afetar pessoas de qualquer idade. “Quem usa um antibiótico inadequado, em dosagens diferentes da prescrição, ou interrompe o tratamento se coloca em risco, porque pode agravar a infecção e criar bactérias resistentes. Acontece muito do paciente parar de tomar um medicamento quando começa a se sentir melhor. Mas essa interrupção pode resultar na necessidade de retomar o tratamento e ajudar a proliferação de bactérias resistentes ao medicamento. Para eliminar de fato a bactéria, é importante seguir a prescrição médica corretamente”.

A farmacêutica ainda orientou sobre o armazenamento destes medicamentos em locais secos e arejados, tendo em vista que a forma inadequada pode alterar a estabilidade e comprometer a eficácia do produto. Além disso, recomenda que a população siga as orientações dadas pelo médico a respeito do horário e forma de administração, uma vez que esse é um dos motivos que se pode desenvolver a resistência bacteriana a esta classe de medicamentos.

No HGE é feito um controle rígido na dispensação de medicamentos

Controle interno – No HGE é feito um controle rígido na dispensação desses medicamentos, boa parte deles, os de amplo espectro e os de alto valor financeiro passam por uma avaliação junto à comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH), de acordo com Flávia. Ela referiu que o médico prescreve o medicamento em um formulário para este fim, seguindo para a avaliação da comissão, antes da liberação da farmácia.

“Garantimos todo o tratamento do paciente no período que ele usará o antibiótico. Então, a partir do momento que essa prescrição é autorizada pela CCIH, nós acrescentamos a medicação no nosso controle interno através de um sistema específico, com planilhas, onde toda a informação do uso, com o tempo de tratamento, dosagem, forma de apresentação, entre outras questões, é catalogado, para que o paciente mantenha o tratamento de forma correta e completa” explicou.

A especialista acrescentou que a lavagem correta das mãos e dos alimentos são práticas eficazes para a prevenção da transmissão de bactérias. “Com as novas recomendações, a lavagem das mãos é um simples, porém importante, aliado na redução da propagação dessas bactérias”, concluiu Flávia Amorim.