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Setembro Amarelo: o sofrimento do outro é importante

17/09/2021
Setembro Amarelo: o sofrimento do outro é importante

Manifestações verbais e problemas de conduta são sinais que a pessoa está sofrendo e não devem ser ignorados

As últimas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicadas em junho no relatório “Suicide worldwide in 2019”, apontam que uma em cada 100 mortes ocorre por suicídio. Um dos motivos que leva a esse ato é a depressão. Mas existem algumas iniciativas que podem ajudar a prevenir a depressão e, consequentemente, o suicídio.

A prevenção começa no momento em que se toma a decisão de cuidar da saúde mental e, para isso atitudes, como praticar atividades físicas, ter uma alimentação balanceada e buscar uma rede de apoio com a qual se possa contar, onde se sinta protegido e acolhido, além de se relacionar positivamente, contribuem significativamente.

Estas recomendações são da professora Camille Cavalcanti Wanderley, do curso de Psicologia do Centro Universitário Tiradentes (Unit Alagoas), ao falar sobre o Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio criado a partir de uma campanha do Centro de Valorização da Vida (CVV), da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Conselho Federal de Medicina, no ano de 2015, em alusão ao Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, 10 de setembro.

Ela destaca que quando uma pessoa está com ideação ou pensamentos suicidas, aparecem também problemas de conduta. “A exemplo de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas, desesperança, preocupação com a própria morte e expressões como: ‘vou desaparecer’, ‘vou deixar vocês em paz’, ‘eu estou quebrado’, além do isolamento da própria pessoa do círculo de convivência”, elenca Camille.

Segundo a psicóloga, temos de entender que a pessoa está pedindo ajuda e atuar de uma forma protetiva. “Quando essas pessoas pedem ajuda, a gente tem que ser respeitoso e levar a sério o que ela tá colocando. Não podemos achar que é frescura, bobeira e que é ‘piti’ ou necessidade de chamar atenção. Precisamos entender que o sofrimento do outro é importante e sermos empáticos. Devemos falar com essas pessoas sobre a situação que levou a essa ideação suicida. Escutá-la e encorajá-la a se recuperar”, ressalta.

A professora orienta ainda quanto ao que deve ser feito quando uma pessoa está sob risco de suicídio. “Primeiro precisamos encontrar um lugar calmo em que a pessoa se sinta protegida e disposta a conversar; vamos ouvir o que tem a dizer e oferecer apoio. Incentivá-la a buscar ajuda profissional. E aí temos canais como o CVV [Centro de Valorização da Vida], a rede de atenção psicossocial, procurar um psicólogo ou psiquiatra. E se você achar que a pessoa está em perigo iminente, nunca a deixe sozinha. Tente buscar a rede de apoio com pessoas próximas ou até o serviço de saúde emergencial”, orienta.

O ideal é que até ter uma ajuda especializada, seja assegurado que a pessoa não terá acesso a algo que possa provocar sua morte, como locais altos e sem tela, materiais perfurocortantes ou remédios, até essa pessoa sair da crise.