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Selecionado pelo edital de Economia Criativa, webdoc ‘Histórias do Subsolo’ irá mostrar situação de moradores do Pinheiro

07/01/2021
Selecionado pelo edital de Economia Criativa, webdoc ‘Histórias do Subsolo’ irá mostrar situação de moradores do Pinheiro

O desastre geológico causado pela mineração de sal-gema nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto, em Maceió, impacta a vida de milhares de moradores dessas localidades desde 2018, quando, após um tremor de terra na região, rachaduras começaram a surgir nos imóveis. E para contar um pouco dessa história e seus desdobramentos, a produtora Cacto Facto submeteu o projeto de um filme ao edital de subvenção econômica destinado ao setor de Economia Criativa promovido pelo Sebrae em Alagoas e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). Com a aprovação, nasceu o webdocumentário Histórias do Subsolo.

Em formato de webdoc, o Histórias do Subsolo, com direção de Octávio Lemos, será disponibilizado em uma plataforma digital e permite ao espectador ver o documentário por diversos pontos de vista, seja dos moradores ou pela linha do tempo de acordo com os acontecimentos. Essa estética audiovisual é chamada de transcinema.

Evelyn Gomes, da produtora Cacto Facto, ressalta que o webdoc além de servir como registro de um período histórico do estado também ajuda a aprofundar esse debate na sociedade e mostrar os fatos por vários pilares além dos já conhecidos e disponibilizados pelo poder público, pela mineradora e imprensa através de matérias investigativas.

“O pilar que ainda não temos, quando falamos de governo aberto e participação pública é o pilar da sociedade civil, dos que foram atingidos e o impacto que isso trouxe para a cidade. A nossa plataforma vai tentar unificar também esses outros pilares. Vamos organizar esses lados das pessoas atingidas, quem são elas, quais suas histórias, bem como os pontos dessa tragédia e dar voz a essas pessoas de forma organizada para que o público tenha acesso”, afirma.

Ela ainda destacou que outro objetivo do webdoc é abrir uma discussão também com a sociedade civil para analisar quais os encaminhamentos do caso, quais pautas podem ser transformadas em lei e quais os próximos passos e cuidados que serão cuidados com as pessoas atingidas direta e indiretamente, bem como o meio ambiente.

Desafios e o edital

Segundo Evelyn Gomes, o maior desafio de colocar a plataforma do webdoc em pleno funcionamento é a pandemia, que impediu a realização de algumas entrevistas. A previsão é que o filme seja finalizado até o fim de 2021. “Já temos muita imagem captada. O maior desafio ainda é a pandemia. Não conseguimos entrevistar todo mundo ainda, pessoas de outras esferas de poder. Estamos com a expectativa que isso não seja um problema, que todos estejam abertos para dialogar por ser um fato que atinge uma cidade, um fato público”, frisa.

Ela também falou sobre a importância do edital para buscar parcerias, sobretudo para a realização de entrevistas com todos os envolvidos, para abrir portas e buscar parcerias, além dos recursos financeiros disponibilizados pelo edital, os quais ela chama de verba-semente.

“Essa verba-semente é muito importante para projetos desse porte. O que vemos de estudos de cidades como Londres, que vem em uma grande transformação de economia criativa, é que verbas-semente de projetos significam investimentos de economia futura. Porque isso incentiva grupos para ter mais qualidade para pensar e executar, o que acaba se revertendo em dinheiro com a contratação de equipes. Ter verba para executar o projeto ajuda a aquecer toda a economia criativa da cidade”, conclui.

Ao todo, o edital está destinando R$512 mil ao financiamento de projetos relacionados aos setores de artes visuais, audiovisual, design, editorial, games e música. O resultado final do edital pode ser acessado por meio do endereço eletrônico https://bit.ly/3mw4RbA.