Geral
A Cremação é uma tendência a crescer em Portugal
É raro falar-se em morte. Este é um tema que a maioria das pessoas tende a ignorar, no entanto, em algum momento da vida, somos obrigados a lidar com a perda de um ente querido.
É nessa altura que nos perguntamos e definimos a melhor forma para os honrar – uma cerimónia tradicional, que envolve um caixão e por fim um enterro ou, uma cremação reduzindo assim o corpo a cinzas?
Segundo os últimos dados apresentados, a ideia de uma cerimónia fúnebre mais tradicional tem vindo a perder o lugar na escolha dos portugueses.
Nos últimos anos, o número de cremações em Portugal disparou. Só no ano passado, mais de 21 mil pessoas preferiram que a terra não fosse a sua última paragem e a tendência é que estes números continuem a aumentar.
A aumentar estão também as opções que existem quando chega a hora de decidir o que fazer com os restos mortais- umas mais tradicionais, outras bastante inovadoras como é o caso de obras de arte ou de diamantes humanos.
Como Funciona o Processo de Cremação?
A Cremação é um ritual funerário de tradição milenar que consiste num processo de aceleração da decomposição do corpo reduzindo-o assim a cinzas num espaço designado como crematório.
Neste processo, a pessoa falecida é colocado num caixão ou noutro tipo de contentor e é depositada numa câmara onde a temperatura é elevada até cerca de 982 graus Celsius. O calor intenso faz com que toda a matéria orgânica seja consumida ou evaporada.
Durante a cremação, o corpo é exposto a chamas e calor diretos, num forno que é alimentado a gás natural, óleos, propano e outros componentes.
Os gases que são libertados durante este processo são encaminhados para uma conduta de extração e normalmente não têm cheiro, uma vez que são processadas para destruir todos os agentes que pudessem causar odor.
Depois deste procedimento, o corpo é assim reduzido a restos de esqueleto e fragmentos de ossos que são cuidadosamente retirados da câmara de cremação.
Contudo, estes restos mortais também contêm metais como parafusos, unhas, dobradiças e outras partes do caixão e, pode ainda conter implantes dentários, dentes de ouro, próteses entre outros. Para ajudar na remoção destes objetos, é usado um íman bastante forte e/ou uma pinça para inspeção manual. Os metais são depois descartados de acordo com as leis locais.
É aconselhada a remoção de jóias, nomeadamente anéis, pulseiras e outras peças semelhantes de modo a não serem destruídas durante a cremação.
Por fim, os restos mortais são processados em pequenas partículas e colocados numa urna que será entregue aos familiares. O processo completo demora cerca de três horas.
Em Portugal, existem atualmente dezenas de crematórios no continente e três nas ilhas. O mais recente foi inaugurado este ano em Albufeira a 19 de Março.
Estima-se que os crematórios tenha capacidade para efetuar 180 cremações por dia o que daria um total aproximado de 65,700 cremações por ano.
A mudança nos rituais da morte é mais acentuada nos grandes centros urbanos, nomeadamente Lisboa e Porto. Dados de 2017 mostram que cerca de metade da população opta pela cremação em Lisboa e no Porto, já são quatro em cada dez que escolhem este método.
O Que Fazer Com as Cinzas de um Ente Querido
Em Portugal, não existe nenhuma lei que especifique o que as pessoas devem fazer com as cinzas, sendo a decisão da inteira responsabilidade da família. Há muitas ideias, umas mais conservadores e outras mais criativas e inovadoras.
1.Colocar as cinzas num jardim ou cemitério
Colocar as cinzas num espaço próprio no cemitério ou mantê-las em casa é uma das maneiras mais tradicionais de eternizar o ente querido.
Em casa, é muito comum que as pessoas construam uma espécie de “santuário” onde as cinzas são colocadas e visitadas sempre que assim o entenderem. Nos cemitérios, existem espaços destinados às urnas de cremação.
2. Lançar as cinzas ao mar
Uma das ideias mais criativas é a de lançar as cinzas ao mar dentro de uma urna biodegradável. Para isso, é necessário que seja preparada uma cerimónia com uma embarcação para esse efeito.
3. Obras de arte
Há quem opte por fazer esculturas, quadros ou até mesmo adaptar um objeto que era importante para o defunto como depósito das cinzas.
4. Diamantes Humanos
Os diamantes humanos são produzidos através de cabelo ou cinzas a partir de cremação e são a forma mais inovadora de guardar os restos mortais de um ente querido. Estes diamantes podem ser a resposta para aqueles que pensam que guardar os restos mortais do familiar não é suficientemente pessoal.
Esta ideia é baseia na premissa de que todos os seres vivos contêm carbono e de que os diamantes são carbono cristalizado.
Estes diamantes podem ser também criados através das cinzas de animais de estimação.
O Processo Tecnológico e o Custo de Diamantes Humanos em Portugal
Partindo da premissa que 18% do corpo humano é carbono e que os diamantes nada mais são do que carbono cristalizado, é fácil entender que existe a possibilidade de transformar as cinzas em diamantes humanos.
Os diamantes formam-se naturalmente na base crosta da terra num ambiente de altas temperaturas e de alta pressão. Para que seja possível a criação de diamantes humanos, é recriado em laboratório um ambiente semelhante de modo a transformar os cabelos e as cinzas nesta pedra preciosa.
Existem vários passos para que esta transformação seja possível, nomeadamente a análise do material, onde as cinzas ou o cabelo são analisados para determinar a quantidade de carbono e aceder a possibilidade destes se tornarem diamantes humanos; a nanocristalização planetária, para que as substâncias químicas instáveis sejam retiradas; a purificação a vácuo com aquecimento, para que sejam eliminadas todas as impurezas voláteis de modo a proteger as cinzas ou os cabelos da oxidação; a purificação química do carbono a húmido, para aumentar a pureza do material, removendo todos os metais pesados; a cristalização HPHT, é nesta parte do processo que os átomos de carbono purificados são transformados em diamantes humanos genuínos; Diamantes de polimento feitos de cinzas, este último passo consiste no polimento da peça por um especialista, uma vez que ao contrário dos diamantes naturais, os diamantes humanos são misturados com grafite e outros materiais.
Em Portugal, os preços variam consoante o tamanho dos diamantes humanos, começando nos 1900 euros e podendo oscilar até aos 20 mil euros.
Com a pandemia espalhada um pouco por todo o mundo, o número de cremações em Portugal tem crescido como nunca e cada vez mais a sociedade é um espelho da grande mudança de mentalidades e de como se encara o fim da vida. Por vezes, torna-se impossível dizer o último adeus e, por isso, é cada vez mais importante que existam maneiras para que os nossos entes queridos sejam eternizados tais como através de diamantes humanos.
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