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Voluntários suspendem contação de histórias em hospitais
O avanço do novo coronavírus no País já mudou a rotina de diversos hospitais e afetou também o trabalho de voluntários nas instituições de saúde. Momentos de descontração para crianças que estão internadas, as contações de histórias precisaram ser suspensas, como medida de prevenção. Em São Paulo, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e o Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci) interromperam as atividades temporariamente. Os voluntários lamentam por não poderem estar com os pacientes, mas afirmam entender a importância da medida.
Voluntária desde 2007 pela Associação Viva e Deixe Viver, a aposentada Márcia Pecoraro, de 61 anos, conta histórias para crianças na Santa Casa de São Paulo toda quarta-feira à noite. “Quando meus filhos eram pequenos, escutei na porta da escola deles sobre esse trabalho (contação de histórias). Fiquei interessada e aguardei uma oportunidade para fazer parte de um grupo. Há 13 anos, sou voluntária e procuro levar momentos de alegria para crianças que estão hospitalizadas”.
Embora entenda a necessidade do isolamento social por causa do risco à saúde, ela lamenta pelas crianças. “É a primeira vez que acompanho a suspensão das atividades. Já aconteceu de eu não atuar por motivo de gripe ou filho doente. Mas, suspensão geral, é a primeira vez. Fico preocupada, mas entendo que as crianças precisam ser preservadas, assim como os voluntários, em especial os idosos que atuam em hospitais”, disse.
Sobre retomar o trabalho voluntário após a situação ser normalizada, Márcia é enfática. “O voluntariado é uma das coisas mais importantes para mim. Nosso afastamento afeta muito a parte de pediatria. As crianças contam muito com a gente. Mas infelizmente aconteceu a pandemia. Vamos torcer para que passe logo, pra gente retomar nossa atuação e levar momentos de alegria para as crianças internadas que tanto precisam”.
Para preservar voluntários e pacientes de hospitais atendidos, a Associação Viva e Deixe Viver suspendeu até 18 de abril os trabalhos em 90 hospitais de todo o Brasil. “Suspendemos temporariamente e o prazo de trinta dias poderá ser estendido, dependendo da situação. Oficializamos o afastamento total seguindo instruções da parceria com o Instituto de Infectologia Emílio Ribas e informações oficiais do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde”, disse Valdir Cimino, voluntário e fundador da associação.
Os contadores de histórias da entidade beneficiam em média mais de 250 mil crianças e adolescentes por ano. A entidade, que foi fundada em 1997, reúne hoje 1,4 mil voluntários. Eles doam mais de 130 horas em diversos âmbitos hospitalares como enfermaria, ambulatórios, Unidades de Terapia Intensiva (UTI), onde há uma crianças ou adolescentes. Eles também acolhem as famílias e os profissionais da saúde.
Cimino também se dedica ao voluntariado. Toda quinta-feira à tarde, há 13 anos, ele conta histórias para crianças no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). “O afastamento se faz necessário mesmo contra a nossa vontade. É para o bem de todos”, diz. Ele espera em breve retomar a atividade.
A autônoma Suzana Mara de Carvalho Vernalha, de 63 anos, é voluntária no Itaci há cinco anos. Ela considera prudente a suspensão temporária do voluntariado para as crianças e também voluntários que atuam nos hospitais. “Avalio como corretíssima a medida, apesar de saber que nossos pacientes mirins estão sentindo falta daqueles minutos de fantasia que proporcionamos. Eles têm baixa imunidade e, por isso, é imprescindível que estejam seguros, isolados de qualquer ameaça”, diz.
Autor: Renata Okumura
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