Política
‘Presidente só pensa na eleição de 2022’, afirma Witzel
Eleito na onda bolsonarista de 2018, o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), afirma que o presidente Jair Bolsonaro vê todos os que têm “destaque maior” na política nacional como potenciais adversários na disputa pelo Palácio do Planalto em 2022. Nessa percepção estaria a origem da crise entre ele e os governadores. Witzel diz que Bolsonaro cometeu improbidade administrativa ao atacar recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde, favoráveis ao confinamento para diminuir a velocidade do contágio do coronavírus. Witzel acha, contudo, que o momento não é adequado a um processo de impeachment. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Como o sr. avalia a estratégia do presidente de combate ao coronavírus?
Desastrosa. Na medida em que o pronunciamento se dissocia dos atos administrativos já existentes, até do próprio governo, ele incide em improbidade administrativa, porque praticou desvio de finalidade no ato convocatório em cadeia de rádio e televisão, e fala absolutamente contra o que já estava estabelecido.
Ele tem que responder juridicamente por isso?
Juridicamente, sim. Está na recomendação do Ministério Público Federal: desvio de finalidade. Diz que o pronunciamento do presidente refutou a necessidade de isolamento social, criticando o fechamento das escolas e do comércio.
Quais providências?
Ação de improbidade, no mínimo. O presidente deveria agora, em cadeia nacional, fazer novo pronunciamento e corrigir o equívoco, o que não o impede de ser responsabilizado pelo anterior. Desautorizar os governadores cria para nós uma situação de desobediência civil.
Juridicamente teria motivo para impeachment? E politicamente, tem clima?
Estamos vivendo muitas crises. Econômica, de saúde. Neste momento, o mais racional é convencer o presidente de que ele tem que fazer a coisa certa, e deixar para pensar em qualquer outra situação depois que superarmos o coronavírus. Não é hora de se falar em impeachment, que vai paralisar o Congresso.
Qual é a saída política para o cabo de guerra entre o presidente e os governadores?
Está faltando ao presidente entender que é preciso buscar o consenso na política.
O que pesa? É a sucessão de 2022? O sr. é percebido pelo presidente como adversário.
Todo mundo que tem um destaque maior ele acha que vai ser candidato a presidente. O único que está pensando em eleição em 2022 é o presidente. Todos os outros estão trabalhando. E ele vê todos os outros como adversários. As ações dele demonstram que todo mundo que faz o seu trabalho e está fazendo o certo, acertando, vira inimigo para ele.
Inclusive o ministro Mandetta?
O ministro Mandeta,.. quem mais entrou? Daqui a pouco o (Paulo) Guedes também entra…Ou seja, todo mundo que está fazendo o seu trabalho e que acaba, de uma forma ou de outra, tendo protagonismo, vira adversário do presidente.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Caio Sartori e Wilson Tosta
Copyright © 2020 Estadão Conteúdo. Todos os direitos reservados.
Mais lidas
-
1SAÚDE
O que é caminhada de gorila: o exercício que está conquistando o mundo, melhorando a força e o equilíbrio
-
2EDUCAÇÃO
Em Brasília, Rafael Brito conquista aprovação do piso salarial para todos servidores da educação
-
3'DE MESTRE DE OBRAS A PRESIDENTE DO IGPS'
O escândalo do instituto que recebeu R$ 30 milhões em Palmeira e que está sob investigação federal
-
4POLÍTICA
Bolsonaro muda agendas em SC e veta presença no palco de pré-candidata do PL que criticou sua gestão na pandemia
-
5CONTRA O POVO
Vereadores da "bancada do imperador” mantém veto à projeto de lei que proibiria corte de água e energia sem avisar consumidor