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Máfia das Caatingas

23/01/2020
Máfia das Caatingas

O livro Máfia das Caatingas, do jornalista e cineasta Jorge Oliveira, conta uma história fascinante sobre duas famílias que se mataram no sertão de Alagoas por mais de meio século e revela o poder do famigerado Sindicato do Crime que dominou a política do estado à base da pistola durante um século.

O lançamento em Arapiraca ocorrerá às 18h, do dia 30 de janeiro de 2020, no auditório da Unidade Sesi/Senai, na Rua Eng. Camilo Collier, 520, Primavera, Arapiraca. Em Maceió, o evento começa também às 18h, do dia 23 (quinta-feira) no restaurante ELUA, na rua Vereador Pedro Moura, 333, Jatiúca, próximo ao Maikai.

No livro, o autor revela como as famílias de Floro Gomes Novais e os Oliveira travaram uma batalha sangrenta e cruel em Olivença. Conta também como o Sindicato do Crime se organizou para permanecer no  poder político do estado durante muito tempo, ceifando a vida daqueles que tentassem interromper sua trajetória de morte por encomenda. Máfia das Caatingas faz parte da trilogia do escritor que começou com Curral da Morte e Muito Prazer, Eu Sou a Morte que conta a história da sua própria morte pelo Sindicato do Crime. Lançado primeiro em Portugal, o livro está na segunda edição, mas ainda nao superou a vendagem do Curral da Morte.

Escritor em movimento

Como você se inspirou para escrever o Máfia das Caatingas?

JO – O meu livro é fruto de uma grande pesquisa sobre vingança em Alagoas que dizimou famílias inteiras durante muito tempo. Retrata também o Sindicato do Crime, uma organização criminosa que recrutava pistoleiros para matar políticos que desafiassem o comando dos seus líderes, coronéis que trocaram o diálogo pelas balas.

Você viveu essas histórias como repórter?

JO – No início da minha carreira em Alagoas acompanhei de perto todos esses fatos marcantes, que hoje transformo em livros. No caso de Floro, entrevistei Dona Guiomar, a mãe dele, que me relatou como tudo aconteceu entre a sua família e a dos Oliveira, em Olivença, depois da morte do assassinato do seu marido. É uma entrevista inédita, base do livro.

E como funcionava o Sindicato do Crime em Alagoas?

JO – Era uma organização criminosa poderosa, responsável pela eleição de vários políticos no estado porque mantinha currais eleitorais a serviço dos candidatos. Muito governadores fecharam os olhos para a organização porque dependiam desses currais para se eleger. Assim ocorriam também com candidatos a deputado, prefeito e vereadores. Quem não lesse na cartilha desses senhores coronéis não tinha o direito de viver. A Justiça, acuada, não agia com medo.

E hoje, como vive a organização?

Felizmente está esfacelada, depois que lideres morreram, muitos, inclusive, de morte natural. Os filhos herdeiros preferiram a bandeira da paz. Conto no meu livro como viveu e morreu um dos presidentes do  sindicato e como foi o seu poder no sertão de Alagoas. O livro mistura realidade com ficção, pois assim o autor tem mais facilidade de narrativa. No caso do Máfia, a história começa em 1948 com a morte de Ulisses, marido de Guiomar. Dai pra frente, a própria Guiomar educou os filhos para matar, numa vingança sem fim. É o que ela conta nesse livro.

Você está sempre em movimento com livros e filmes pelo mundo. O que ainda podemos esperar?

JO – Olha nesse momento estou lançando o Mafia das Caatingas, começando um filme sobre o escritor Rubem Braga e acabei de dar um ponto final no meu primeiro romance o Voo da Alma, a história de um menino pobre de Alagoas, que se muda para o Rio de Janeiro e de lá vai para Nova Iorque estudar na universidade de Columbia. Vira um cientista, é envolvido pela CIA e morre de forma trágica.