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Berlim veta ‘soldados de mentira’ no Checkpoint Charlie

04/11/2019

As autoridades de Berlim proibiram nesta segunda-feira, 4, 30 anos após a queda do muro, o acesso ao lendário Checkpoint Charlie dos artistas que se fantasiam de soldados americanos para ganhar dinheiro ao ser fotografados por turistas.

No coração de Berlim, o local foi durante a Guerra Fria um dos principais pontos de trânsito entre o Leste e Oeste na época do muro. Desde 1989, tornou-se um dos lugares mais visitados pelos turistas.

A partir do início dos anos 2000, uma dezena de atores em uniformes americanos começaram a frequentar o lugar com o objetivo de posar para fotos, em troca de dinheiro ou vender vistos falsos da época da Guerra Fria.

As autoridades de Berlim decidiram, porém, pôr fim a esse “uso não tolerado” do espaço público. O escritório de ordem pública do distrito central de Mitte acusou os atores de explorar turistas ao exigir dinheiro pelos carimbos e para posar para as fotos.

O chefe desses atores afirmou que o grupo só recebe doações voluntárias de turistas. Segundo o jornal Bild, o grupo pode receber no total entre € 1,5 mil (cerca de R$ 6,7 mil) a € 5 mil (cerca de R$ 22,32 mil) por dia.

A polícia de Berlim investigou secretamente para mostrar que os turistas que não concordam em pagar podem ser maltratados verbal ou fisicamente por esses falsos soldados. Segundo a polícia, eles cobram cerca de € 4 (cerca de R$ 17,85) por foto, apesar de dizer que aceitavam somente doações voluntárias.

Apesar das muitas atrações de Berlim, o topo da lista de marcos imperdíveis de muitos turistas é ocupado por um pequeno barracão de madeira. O antigo posto de guarda fica atrás de uma fila de sacos de areia num cruzamento movimentado do coração da cidade, sob uma placa que diz “Posto de controle do Exército dos EUA”. O mundo todo conhece o local como Checkpoint Charlie.

Foi nesse cruzamento que, durante a Crise de Berlim de 1961, tanques soviéticos e americanos protagonizaram um impasse que ameaçou mergulhar a humanidade em outra guerra. Após seis dias de tensão, os dois lados recuaram sem fazer um único disparo. Mas o local passou a ser considerado o marco zero do cisma da Guerra Fria que dividiu o mundo em blocos inimigos.

O escritório de ordem pública informou à agência teatral responsável pelos atores de que a prática é ilegal.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, Antigos observadores da prática notam que ela já dura 17 anos e envolve cerca de 10 atores trabalhando em sistema de rotatividade.

Eles acreditam que a mudança faz parte de uma estratégia mais ampla para dar um tratamento histórico apropriado ao ponto de fronteira do Muro de Berlim imortalizado em inúmeros filmes sobre a Guerra Fria. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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