Política
Calero acusa presidente de nepotismo por sinalizar que Eduardo assumirá embaixada
O deputado Marcelo Calero (Cidadania-RJ) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro irá praticar nepotismo se ele realmente indicar o seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para assumir a embaixada brasileira em Washington, nos Estados Unidos. Ele disse também que a questão vai contra as promessas de campanha do presidente.
“Ele Eduardo integra uma família que ganhou atenção do País e do eleitorado justamente por ter um discurso de retidão, rechaço aos malfeitos e da valorização da meritocracia. A indicação representa uma aliança espúria com o nepotismo e é um desprestígio instantâneo para a carreira diplomática”, disse em discurso no plenário da Câmara.
Calero, que é o único diplomata na Casa, afirmou também que a hierarquia do Itamaraty não pode ser quebrada “por um capricho do presidente”. “Por mais competente que o deputado Eduardo seja, trata-se de nepotismo e temos que chamar as coisas como elas são”, disse.
“É um dos postos mais relevantes da nossa rede de representações no exterior. … Os diplomatas dedicam uma vida inteira de estudo e trabalho, com muito suor e dedicação para que o servidor tenha os atributos de excelência necessários para a representação diplomática. A indicação de políticos e aliados raramente ocupou lugar de dignidade na história da diplomacia”, disse.
Calero afirmou ainda que Eduardo Bolsonaro é um político sem consolidada experiência diplomática. “Imagina se o filho do presidente fosse designado a chefiar um batalhão porque tem apreço aos temas de Defesa ou a comandar um navio porque gosta do mar. É isso que o senhor está propondo ao sugerir a indicação do seu filho para comandar a embaixada brasileira de Washington”, afirmou.
O deputado, no entanto, elogiou os esforços políticos que Eduardo tem desempenhado em relação à política externa. “Isso é saudável e desejável”, disse.
Calero contou que apresentou um projeto de lei e uma proposta de emenda à Constituição para impedir que pessoas de fora da carreira diplomática possam assumir o comando das embaixadas brasileiras e pediu apoio dos colegas para aprovar as propostas.
Autor: Mariana Haubert e Eduardo Rodrigues
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