Alagoas

Alagoas inicia Campanha de Vacinação contra a Raiva Animal a partir desta quarta (24)

24/07/2019
Alagoas inicia Campanha de Vacinação contra a Raiva Animal a partir desta quarta (24)

A raiva animal é uma doença causada por um vírus que ataca o sistema nervoso de mamíferos terrestres, morcegos e humanos. Após oito casos de Raiva animal confirmados em Alagoas, e pensando na prevenção de surtos da doença no estado, a Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal), em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), dá início, nesta quarta-feira (24), a primeira campanha de vacinação contra a Raiva dos Herbívoros em Alagoas. A doença não atinge somente cães e gatos.

No primeiro semestre de 2019, Alagoas registrou oito casos confirmados de raiva animal nas cidades de Quebrangulo, Chã Preta, Penedo, Viçosa, Campo Grande, Palmeira dos Índios e Piaçabuçu. A campanha de vacinação será dividida em duas etapas com duração de 30 dias para cada.

A primeira etapa irá imunizar os herbívoros (bovinos, ovinos, caprinos e equinos) dos municípios com casos confirmados da doença. A segunda, por sua vez, abrangerá os municípios não atingidos pelo vírus, os outros 95. A vacina antirrábica é uma das principais maneiras de controlar a raiva em áreas rurais e urbanas, e a expectativa da Adeal é vacinar 100% dos rebanhos.

A médica veterinária da Adeal, Gabrielle Fidelis, explica que o vírus da doença entra no organismo dos animais através de lesões da pele, provocadas pela mordedura de um outro animal doente, que elimina o vírus na saliva. Destacando que não se sabe exatamente o período em que os herbívoros podem transmitir a doença ao humano, embora considere que a quantidade de vírus presente na saliva destes animais seja inferior a de cães e gatos, a raiva pode ser transmitida para humanos pelos herbívoros. Assim, é recomendado que não se introduza as mãos na boca de qualquer espécie de animal com sintomatologia nervosa, sem o uso de luvas apropriadas.

Ela ressalta que a medida inicial é o afastamento dos animais do resto do rebanho, após apresentar os sintomas, como certa apatia e perda do apetite. “Ficam, geralmente de cabeça baixa e indiferentes ao que se passa ao seu redor”, diz, além dos outros sintomas, como o aumento da sensibilidade e coceira na região da mordida, hiperexcitabilidade, salivação abundante e viscosa e dificuldade para engolir (o que sugere que o animal esteja engasgado).

Gabrielle explica ainda que os animais também podem apresentar movimentos desordenados da cabeça, tremores musculares e ranger de dentes, dilatação das pupilas, andar cambaleante, incoordenação motora, contrações musculares involuntárias, além de apresentam movimentos de pedalagem dos membros posteriores e anteriores, dificuldades respiratórias, asfixia e morte. Esta ocorre, geralmente entre 3 a 6 dias após o início dos sintomas, podendo se prolongar em alguns casos até 10 dias.

“É de grande relevância que a população saiba da importância da doença e dos riscos oferecidos pelo vírus à saúde dos seres humanos que manipulam animais com sinais característicos, sem a devida proteção. Não só os animais de produção, mas também os animais domésticos que convivem diariamente com o homem, são susceptíveis ao vírus e capazes de transmiti-lo”, garante a médica veterinária.

Carlos Mendonça Neto, diretor-presidente da Adeal, destaca que a doença também é responsável por enormes prejuízos econômicos, além de ser considerada uma das mais importantes zoonozes em saúde pública. “Por isso estamos lançando essa campanha, para termos um maior controle, com medidas preventivas como a vacinação, além do atendimento a focos e ações de educação sanitária”, disse.

Explica ainda que quando há a suspeita de animais com raiva, a equipe de técnicos da Adeal se desloca até a propriedade e realiza toda a investigação, coletando material para exame laboratorial, fazendo também todo processo de atendimento a foco. “Nosso corpo técnico está preparado para realizar todo esse procedimento e manter Alagoas segura”, finalizou o diretor-presidente do órgão.

Vacinação

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) preconizou para o Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros, a utilização da vacina inativada. Nos animais vacinados pela primeira vez, devem ser dadas duas doses, com intervalo de 30 dias, sendo que a idade para a primeira vacinação deve ser a partir dos 3 meses.

Para bezerros nascidos de mães vacinadas, os anticorpos provenientes do colostro permanecem em níveis satisfatórios até esta idade, porém, para bezerros de mães não vacinadas, a aplicação da primeira dose deve ser feita logo ao nascer, o que irá contribuir para uma boa imunização após as doses futuras. A revacinação é feita anualmente ou semestralmente de acordo com a ocorrência da doença na região.

Da mesma forma que para a vacinação da febre aftosa, os proprietários devem comprar a vacina e aplicar em seus animais, em seguida dirigem-se ao escritório da Adeal mais próximo e declarar a imunização, apresentando a nota fiscal de compra da vacina. A falta de comprovação da vacinação implica em medidas punitivas, incluindo multas.

Raiva animal

A doença pode infectar qualquer mamífero, inclusive o humano, por meio da saliva, mordedura ou arranhões, sendo fatal nos casos em que não é dada a assistência médica em tempo hábil. Quem entrar em contato com a saliva de animais desconhecidos ou suspeitos deve lavar a região abundantemente com água e sabão e procurar atendimento médico.

Raiva em humanos

Os seres humanos são infectados pela raiva ao entrarem em contato com a saliva de animais com o vírus. Essa transmissão ocorre, principalmente, por causa das mordidas dos animais, mas podem acontecer em caso de arranhões ou até lambidas. Em caso de possível exposição ao vírus da raiva, é imprescindível a limpeza do ferimento com água corrente e sabão. A pessoa infectada pela raiva precisa procurar atendimento médico para tomar a vacina e soro logo após o incidente. A vacina não tem contraindicação.