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O antirracismo e a equidade racial: Negritude em Foco pediu passagem no campus Palmeira

07/12/2018
O antirracismo e a equidade racial: Negritude em Foco pediu passagem no campus Palmeira

No Brasil, aqueles que se declaram como negros e pardos representam 54% da população, já em Alagoas, este número sobe para 66%, por isso, é papel das instituições de ensino fomentar debates acerca do racismo e das desigualdades raciais, como forma de trazer uma reparação histórica para esta população. Ontem, 06, foi realizada a 2ª edição do projeto Negritude em Foco, oportunidade para trazer a tona essas discussões no tocante à questão da equidade racial.

O evento teve início no último sábado, 01º, com a exibição do filme: “Quanto vale ou é por quilo?”, do cineasta, Sérgio Bianchi, e contou com a presença do professor de Arquitetura do Ifal de Maceió, Lula Costa. A oportunidade foi de ver a relação com os processos de exclusão do negro desde o contexto escravista até a atualidade. Já nesta quinta, 06, a programação foi ainda mais diversificada com minicursos, oficinas, mesa-redonda e apresentações culturais.

Para dar início às atividades foi formada uma mesa institucional com o professor Luiz Domingos do Nascimento, idealizador do Negritude; a diretora-geral do campus Palmeira, Ana Quitéria Menezes; e o diretor de ensino Maurício Ricardy. Após, a mesa-redonda: “Negritude em diversos focos” foi montada e contou com a presença da professora de Português Edneide Leite; do pai Alex Gomes, representando o Candomblé (religião de origem africana); as docentes, Lígia Ferreira (Ufal) e Tâmara Silva (campus Satuba).

Em sua fala, Lígia trouxe um recorte acerca de discussões do cotidiano, do que seria o lugar de fala da pessoa negra. “É fundamental falarmos do preconceito, da violência, da discriminação e da ausência de oportunidades. A ideia é trazer uma reflexão acerca das ações afirmativas, que é uma das nossas vozes no que diz respeito ao processo de reparação histórica para ocupação de cargos de poder na sociedade brasileira”, ressalta, Lígia, que também é diretora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB).

Atualmente, a palavra “resistência” é bastante utilizada no contexto que envolve as questões raciais, mas, segundo a docente, o termo sempre existiu neste âmbito: “A evidência da palavra é nova, mas ela sempre esteve inserida, pois as pessoas negras resistem em seu cotidiano: na saúde, educação, na falta de equidade. Essa palavra tem sido reforçada por conta dos ataques que têm sido feitos à população negra em todos os sentidos: desde a sua estética até sua conquista política”, explicou a docente.

Em seguida, foi a vez do pai Alex Gomes desmistificar histórias que envolvem o Candomblé e tratar da importância do respeito no tocante a todas as religiões. “Não venho aqui para que vocês sejam do Candomblé, nem que nos tolerem, mas que, acima de tudo, nos respeitem. Entendam que a cultura de vocês adoram um Deus, da mesma maneira que nós adoramos. Ele é único! Assim como a raça, não temos duas ou três, mas temos a humana”, disse.

Com experiências reais, Tâmara Silva finalizou a mesa tratando dos desafios que ocorreram com ela até se aceitar como uma mulher negra. A professora também lembrou que um evento parecido ocorre no campus Satuba: “Baobá Cultura e Resistência”, que este ano teve como tema: “De Dandara a Marielle: 130 anos de liberdade?”.

O Baobá e o Negritude são irmãos gêmeos. Ambos nasceram no ano passado e vêm com o mesmo intuito ao trazer essas reflexões. É necessário falar da mulher negra na academia, na vida, na cultura, trazendo de uma forma mais palpável para nossos alunos. No caso de Dandara e Marielle, o que as separa? Na verdade elas são mais parecidas do que se possa imaginar. Estamos falando de duas mulheres fortes e negras”, reflete Tâmara.