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IIF: risco de contágio da crise italiana no mercado de bônus europeu é limitido
São Paulo, 30/05/2018 – A alta considerável de 150 pontos-base nos spreads dos bônus italianos nesta semana teve um impacto apenas modesto em outros mercados europeus periféricos, de acordo com análise do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês). Até o momento, segundo o IIF, o contágio tem sido ‘relativamente limitado’. “Os spreads fora da Itália tem aumentado muito menos, em especial na Espanha, onde os esforços para derrubar o primeiro-ministro Mariano Rajoy tem chacoalhado os mercados, e em Portugal, que tem uma dívida pública menor apenas que a Grécia e Itália na zona do euro”, avalia o instituto.
Entretanto, potenciais contágios do clima mais tenso na Itália (e em países emergentes mais vulneráveis) são de longo alcance, ressalta o IIF. Embora a agitação política doméstica ou os erros políticos possam ter despertado o surgimento de crises específicas para os italianos em 2018, o fato é que o aumento das taxas de juros dos EUA está forçando o mercado a fazer uma reavaliação das projeções em todos os níveis.
Para a IIF, ecos de crises passadas estão se tornando altos o suficientes para alimentar especulações de que os principais bancos centrais talvez precisem desacelerar ou adiar suas decisões sobre política monetária. As taxas dos Fed Funds futuros agora sugerem 67% de chance de apenas uma ou duas altas na taxa de juro neste ano. No início de maio essa relação estava abaixo de 50%.
Como já observado, o aumento na dívida do setor corporativo não-financeiro de 75% em 2007 para mais de 90% do PIB global tem acentuado as preocupações sobre o ciclo de crédito quando o ritmo do crescimento econômico desacelerar. Isso também significa que o mercado de bônus corporativo está mais arriscado ao contágio do estresse no mercado de bônus do governo, em particular na zona do euro onde a média do nível da dívida corporativa de grupos não financeiros está em mais de 100% do PIB – patamar bem superior ao observado nos EUA.
Mercados maduros
No entanto, um problema mais sistêmico tem se mostrado a dívida de governos em mercados mais maduros. “Em particular nos países onde o populismo está em ascensão e tem sido politicamente inviável implementar reformas fiscais, em um ambiente de crescimento lento e baixo índice de inflação”, pondera o instituto. Isto significou praticamente nenhum progresso na redução da dívida pública ou do PIB.
Além disso, o pagamento de pensões, assistência médica e outras contingências não estão refletidas nos índices de dívida do governo. Para alguns países, isso aumentaria significativamente a dívida pendente, afirma o relatório. Nos EUA, por exemplo, algumas estimativas sugerem que a inclusão de passivos relacionados à seguridade social, Medicare (sistema de saúde do país voltado para os idosos e para outras pessoas com doenças crônicas) e à dívida do governo estadual e municipal levaria os níveis da dívida do governo dos EUA para mais de 475% do PIB.
Na medida em que as tensões na zona do euro continuem a pressionar o dólar, as vulnerabilidades nos mercados emergentes certamente continuarão em foco. Na opinião do IIF, os índices de endividamento dos mercados emergentes parecem agora mais sensíveis à apreciação do dólar do que em 2009, dados os maiores níveis de endividamento e uma parcela maior da dívida em dólares em alguns casos. (Fabiana Holtz – [email protected])
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