Alagoas

Coletânea do jornal Correio da Pedra resgata a história e a cultura sertanejas

06/06/2018
Coletânea do jornal Correio da Pedra resgata a história e a cultura sertanejas
Jornal Correio da Pedra retratou desde eventos da primeira guerra até o primeiro ato do cangaço em Água Branca. Márcio Ferreira

Jornal Correio da Pedra retratou desde eventos da primeira guerra até o primeiro ato do cangaço em Água Branca. Márcio Ferreira

Administrações públicas, ferrovias, a seca e o cangaço eram os principais assuntos retratados nas páginas amareladas do jornal Correio da Pedra, que circulou durante a 1° República entre 1918 e 1930, na Vila da Pedra em Delmiro Gouveia. Preservado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL), a coleção do jornal foi organizada pelas mãos do professor Edvaldo Nascimento e da antropóloga Luitgarde Oliveira.

A obra foi lançada durante solenidade realizada na noite de terça-feira (5), na sede do IHGAL, e reuniu escritores, jornalistas, historiadores, dentre outros convidados.

O governador Renan Filho prestigiou a cerimônia. Ele recordou que o Correio da Pedra retratou, durante muito tempo, os fatos do Sertão nordestino que viraram história, sobretudo a região de Delmiro Gouveia.

“Preservar o Correio da Pedra é olhar para trás e ver que Alagoas participou de muitos momentos da história do nosso País, retratando para o sertanejo de outrora, que certamente tinha muitas dificuldades – talvez até mais do que hoje –, o que acontecia no país e no mundo. Ao reconstituirmos essa coleção, a gente tem muita chance de olhar para trás, ver o que foi feito e construir um caminho melhor para o futuro. Acredito que esse é o nosso compromisso”, declarou o governador.

Jornal Correio da Pedra retratou desde eventos da primeira guerra até o primeiro ato do cangaço em Água Branca (Fotos: Márcio Ferreira)

Considerado uma verdadeira relíquia do jornalismo alagoano, o Correio da Pedra retratou desde eventos da primeira guerra até o primeiro ato do cangaço em Água Branca, narrado com detalhes minuciosos que só a proximidade com a realidade do Sertão poderia trazer. A coleção é um importante instrumento que fomentará a formação e a educação histórica de muitos estudiosos e profissionais, além das instituições de pesquisa e bibliotecas.

“É um momento de muita alegria, principalmente por estar incluso nos 200 anos de Alagoas. Agradeço muito ao governador por ter demonstrado sensibilidade com o resgate histórico e cultural, abraçando esse projeto que me dedico há oito anos”, disse Edvaldo Nascimento.

Idealizado por Delmiro Gouveia, o Correio da Pedra só chegou a circular em 12 de outubro de 1918, mantido por outras famílias da região. Muitos descendentes marcaram presença no lançamento, como Michael Gouveia que representou a família e a memória do bisavô Delmiro Gouveia.

“Eu já li muitas biografias sobre meu bisavô, em algumas sempre tem um fato novo, uma curiosidade, então acreditava que já sabia bastante. Um dia o Edvaldo me ligou para contar sobre o jornal. Eu fiquei tão empolgado e achei interessante que, mesmo depois de tanto tempo, ainda havia algo para se descobrir a respeito dele,” relembra Michael.

Durante a solenidade, a antropóloga Luitgarde Oliveira, aos 80 anos, se emocionou ao agradecer os amigos que foram importantes no processo. “A vida me deu o máximo.” Ela dedicou ainda a homenagem a todos os pensadores que estão mencionados no jornal e brinca: “Há 11 anos que o Enio Lins [secretário de Estado da Comunicação] e o Edvaldo fazem carnificina da minha mente, então hoje, estamos aqui”.Jornal Correio da Pedra retratou desde eventos da primeira guerra até o primeiro ato do cangaço em Água Branca (Fotos: Márcio Ferreira)

O secretário da Comunicação Enio Lins, que também é membro do IHGAL, considera não haver melhor comemoração para o aniversário de 155 anos de Delmiro Gouveia. “É uma coleção única e rara, que por motivos de conservação não podia mais ser pesquisada, já que o papel estava se decompondo. O Instituto, então, cedeu à coleção para que o que o Governo do Estado pudesse promover a digitalização página a página”, explicou.

Os primeiros 30 exemplares foram entregues a entidades de pesquisa e personalidades ligadas à história de Delmiro Gouveia. O material será totalmente impresso e distribuído em meados de outubro.