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HGE atende alagoanos em evento que alerta sobre riscos das queimaduras

05/06/2017
HGE atende alagoanos em evento que alerta sobre riscos das queimaduras
Durante toda a ação, os interessados escutaram palestras da equipe multiprofissional do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) e conversaram com os profissionais da saúde. Ascom HGE

Durante toda a ação, os interessados escutaram palestras da equipe multiprofissional do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) e conversaram com os profissionais da saúde. Ascom HGE

Um acidente doméstico na beira do fogão, a explosão do motor de uma moto em um acidente de trânsito, uma brincadeira de criança envolvendo álcool ou mesmo um incidente no ambiente profissional. Quatro histórias, duas coisas em comum: as queimaduras e o atendimento referenciado do Centro De Tratamento de Queimados no Hospital Geral do Estado (HGE).

A prevenção é a única maneira de se evitar lesões tão dolorosas como as queimaduras, por isso o HGE, única unidade de saúde em Alagoas com centro especializado no tratamento de vítimas queimadas, realizou na tarde deste domingo (04), um evento sobre o tema. A intenção foi alertar e esclarecer sobre os riscos permanentes das queimaduras.

A ação alusiva ao Dia Nacional da Luta contra a Queimadura (06), aconteceu no Maceió Shopping e teve a parceria do grupo de palhaços doutores Sorriso de Plantão. Várias pessoas foram atendidas pela equipe de profissionais do HGE. Médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos participaram da mobilização em prol da saúde.

O aposentado José Alcides, de 63 anos, foi um dos interessados no tema queimaduras que recebeu atendimento gratuito na ocasião. “O movimento dos palhaços doutores, a forma como algo tão chocante foi passado para a sociedade me chamou a atenção e parei por aqui. Assisti tudo! E estou impressionado com o trabalho desenvolvido no HGE”, disse.

No local, o aposentado, assim como todos os demais, pôde descobrir seu nível de glicemia, sua pressão arterial, receber orientações sobre os cuidados com as queimaduras, o perigo dos fogos de artifícios e dicas de saúde para melhorar sua qualidade de vida.

Durante toda a ação, os interessados escutaram palestras da equipe multiprofissional do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) e conversaram com os profissionais da saúde, ainda que informalmente. “Nosso objetivo é contribuir com a saúde dos alagoanos, destacando a relevância da prevenção. Estamos empenhados em informar, esclarecer dúvidas, entrar no universo de cada um para dar a melhor orientação a favor da saúde”, pontuou o superintendente administrativo da Secretaria de Estado da Saúde, Luciano Modesto.

De acordo com a supervisora médica do maior hospital público do Estado, Janaína Gouveia, uma das maiores preocupações dos profissionais que trabalham com pacientes vítimas de queimaduras é a prevenção dos acidentes que podem acarretar em queimaduras de grande proporção levando a longo período de internação ou até mesmo ao óbito. “Essas ações educativas e preventivas também ajudam a equipe a conhecer mais seus clientes e impactam positivamente no funcionamento da unidade hospitalar, uma vez que, com a população mais esclarecida, menos pacientes graves chegam, melhorando o fluxo de atendimento”, completou.

Para o secretário de estado da Saúde, Christian Teixeira, ações como essa, evidenciam que a saúde do alagoano é prioridade para o governo do Estado. “O alerta para esse tipo de acidente é muito importante, ainda mais nessa época do ano, por conta dos festejos juninos, onde o número de entradas por queimaduras por uso e confecção de fogos de artifício aumenta bastante. Temos nos empenhado em levar ações de prevenção e saúde para os alagoanos, também para que conheçam o trabalho que realizamos em nossas unidades. A qualidade e celeridade da saúde pública são essenciais para a construção de uma nova Alagoas”.

Cuidados – A queimadura deve ser sempre considerada uma ocorrência grave que não está somente ligada à extensão, mas também à profundidade e ao local atingido. De acordo com o cirurgião plástico Thyago Carvalho, elas são classificadas como de primeiro, segundo ou terceiro graus. A de primeiro grau é a mais simples porque abrange uma camada superficial da pele, provocando aspecto avermelhado. A pele fica dolorida, mas não há a formação de bolhas. “Estas aparecem na queimadura de segundo grau, que são as mais dolorosas. Já as de terceiro grau têm menos dor devido à destruição das terminações nervosas, mas são as mais profundas e graves. As queimaduras de face, genitália, mão, olhos, ouvido e aparelho respiratório são tratadas em hospital ou centro especializado”.

De acordo com o especialista, dentro de casa, o ambiente de maior risco continua sendo a cozinha, onde há muitas ocorrências por líquidos aquecidos. “Em um descuido, a criança pode derrubar sobre si a panela com água fervente ou café, ou mesmo qualquer outro alimento quente. Também lá, tem-se acesso ao fósforo, que pode ser o início de uma brincadeira perigosa, ou também aos armários que acondicionam o álcool líquido, que ainda existe no mercado, assim como outros produtos químicos. É preciso ficar alerta!”, frisou, lembrando que no ambiente doméstico, os choques elétricos também são motivo de alerta entre os membros da família.

“No momento que ocorre a queimadura, é necessário interromper o processo com água fria e buscar orientação profissional. Uma queimadura de terceiro grau, por exemplo, pode lesionar os tecidos nervosos, resultando na perda dos movimentos de um membro atingido”, norteou o cirurgião.

O médico acrescentou que após a limpeza e resfriamento da região atingida, deve-se cobrir com um pano limpo e seguir direto para o centro de tratamento especializado, sem colocar sobre a queimadura nenhum produto caseiro ou outros sem indicação médica, pois isso pode dificultar a avaliação e tratamento correto das lesões, além aumentar o risco de infecção.

Tratamento de referência em Alagoas – O Centro de Tratamento de Queimados do HGE possui profissionais de várias áreas de atuação em saúde, correspondendo à visão mais atual das necessidades deste tipo de paciente, que se beneficia da ação multiprofissional e interdisciplinar, com médicos (clínicos, pediatras, cirurgiões plásticos e anestesistas), além de enfermeiras e técnicas de enfermagem, nutricionistas, psicólogas e fisioterapeutas,

Em média, são atendidas no CTQ, 800 vítimas de queimaduras ao longo de um ano, destes, aproximadamente 200 ficam internados, os outros 600 recebem atendimento ambulatorial.

A maior incidência de queimaduras ocorre na própria residência. Os principais agentes causadores das lesões são a escaldadura (contato com líquidos aquecidos), chama direta e combustível (álcool). Os homens, de 31 a 50 anos, foram maioria entre as vítimas de queimaduras assistidas pelo HGE em 2016, conforme dados divulgados pelo CTQ.

Nos meses de maio e junho o número de ocorrências aumenta em função do manuseio dos fogos de artifícios e das fogueiras. Somente neste período do ano passado foram registrados 20 casos de acidentes graves, envolvendo fogueiras e fogos de artifício.

Alguns pacientes que foram atendidos no Centro estiveram presentes ao evento e contaram sua história de dor e restabelecimento. Manuela Herculano foi uma delas. Ela teve 70% do corpo queimado após uma convulsão epilética ao preparar o café da manhã. “Passei por várias dificuldades mas nunca esqueci que sou uma vitoriosa e jamais me deprimi. A assistência no HGE foi excelente, a equipe de profissionais do CTQ são especialistas no assunto. Sem eles eu nem estaria aqui para contar minha história”, referiu.