Cidades

Palmeirense adotada por família holandesa quer conhecer pais biológicos

11/11/2016
Palmeirense adotada por família holandesa quer conhecer pais biológicos
Marielle da Silva saiu e Palmeira com apenas um mês e meio de vida.  (Arquivo Pessoal)

Marielle da Silva saiu e Palmeira com apenas um mês e meio de vida. (Arquivo Pessoal)

A história de Marielle da Silva se confunde com a de tantas outras pessoas que buscam, incansavelmente, descobrir o paradeiro de suas famílias biológicas mundo a fora.  Marielle, hoje Marielle Vos da Silva, nasceu em Palmeira dos Índios, no interior de Alagoas, no dia 8 de julho de 1978, mas quando tinha apenas seis semanas de vida a mãe, Francisca Oliveira da Silva, que na época tinha 19 anos, a levou para um lar de adoção no município. Um casal que veio da Holanda passar alguns dias na cidade se encantou pela menininha e decidiu adotá-la.

Ivone Vos, mãe adotiva de Marielle, disse que estava a passeio em Palmeira quando conheceu a menina. Segundo ela, todo o processo de adoção foi muito emocionante. “A freira que nos recebeu disse que não conseguiu mais encontrar a mãe de Marielle, ou outros membros da família, e que a criança tinha sido deixada lá para adoção. Quem sabe essa pessoa  não deixou Palmeira e foi para São Paulo? Só sabemos os nomes da mãe, e do pai que se chama José Nivaldo da Silva. Os documentos para adotá-la foram importantes, mas o mais importante ainda era a criança, a aparência dela, o seu bem estar e como ela reagiria a tudo isso. A freira também nos informou que a menina tinha nascido com epilepsia e nos perguntou se estávamos certo de que era isso que queríamos. Adotar uma criança doente não é fácil, mas decidimos arriscar. A sensação de trazê-la comigo foi muito boa e sou feliz por isso. Mas sinto que a minha filha anda muito inquieta e sei que só vai conseguir ter paz quando souber onde estão os seus pais. E o que ela vai fazer com essa informação? Eu não sei”, completou. 

E Marielle está mesmo inquieta. Ela conta que já esteve em Palmeira três vezes, mas nunca conseguiu uma informação concreta que a levasse até os pais biológicos.  Ela pouco fala e escreve português, mas domina bem o inglês, que foi a forma encontrada para dar a entrevista. “Tive uma boa infância, aqui na Holanda, mas tem sempre uma névoa na minha vida. Minhas raízes e as de minha família estão aí em Palmeira, queria falar bem o português como eles devem falar, e procurá-los ainda mais. Não consigo encontrar sobre os meus pais. Nada. Tentamos encontrar alguma coisa na maternidade Santa Olímpia, onde nasci, mas não havia documentos. Soube que tinha adotada quando completei oito anos de vida e há trinta e oito anos procuro por eles. São trinta e oito anos de busca e nada acontece”, lamentou.

Divorciada, mãe do adolescente Salvador, de 14 anos, ela trabalha como visagista, uma especialidade na técnica de valorizar a especificidade dos rostos, em Utrecht, onde vive com os pais e o filho. A cidade está situada nos países Baixos, na Holanda, próxima de um ramal do rio Reno. A cidade tem o fuso horário de 16 horas com relação ao Brasil e foi construída em torno da torre Dom, que pode ser vista de qualquer ponto da cidade, que possui 335 mil habitantes. Mas o coração de Marielle bate forte mesmo é pelo Brasil. “Desde o dia que descobri que sou brasileira passei a se sentir como uma brasileira. Me sinto em casa quando estou aí e gostei muito de saber de onde vim. Gosto de tudo do Brasil, da culinária do Nordeste, das praias, da música. Adoro Ivete Sangalo e outros artistas”, afirmou.

E continuou. “Sou temperamental e muito agitada. Mas ter o meu filho me trouxe um novo ânimo. Passei a sentir que ali estava a continuidade das minhas raízes. Meus pais adotivos sempre me incentivaram a procurar os meus pais biológicos e sou muito agradecida por isso. Nunca soube de nada. Quando descobri que sou brasileira escrevi, junto com os meus pais, uma carta para a feira Bernadeth, que tratou da minha adoção. Mas ela disse que não tinha nenhuma informação sobre os meus pais. É uma pena que eu tenha tão poucas informações de quem eu sou. Falei com a mulher que assinou os documentos da minha adoção e ela negou que seja a minha mãe.  Ela disse que não sabia de nada. Tive a sensação de que ela não estava sendo honesta, foi agressiva e não quis me ajudar. Fiquei desconfiada. Só quero saber onde estão os meus pais biológicos e peço a ajuda de todos de Palmeira para isso. É o meu sonho. Eu não tenho paz e não vou descansar enquanto isso não acontecer”, finalizou.

Marielle e o filho Salvador, de 14 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Marielle e o filho Salvador, de 14 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Quem puder ajudar Marielle a encontrar seus pais biológicos, com informações verdadeiras, ligar para o número +31 6 27833260 ou mandar para o e-mail: [email protected]. O e-mail é da brasileira Liza da Silva, amiga de Marielle e que também mora na Holanda. Ela trabalha em uma Organização Não-Governamental (ONG) que busca informações de pessoas desaparecidas na Holanda e no Brasil.

Com este cartaz, Marielle espera obter informações precisas sobre seus pais biológicos. (Foto: Divulgação)

Com este cartaz, Marielle espera obter informações precisas sobre seus pais biológicos. (Foto: Divulgação)