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Mais de 10.000 pessoas são resgatadas no Mediterrâneo em 48 horas

05/10/2016
Mais de 10.000 pessoas são resgatadas no Mediterrâneo em 48 horas

Na segunda-feira foram 6.000. Na terça, 4.655. O número de pessoas resgatadas no estreito da Sicília ilustra a magnitude do êxodo. Em apenas 48 horas, mais de 10.000 migrantes partiram da costa da Líbia para tentar chegar à Itália, deixando para trás guerras e fome. Destes, 9 morreram na segunda-feira e 28 na terça, segundo dados da Guarda Costeira italiana, que coordenou 33 operações de resgate com a participação do Governo italiano, de empresas privadas e de organizações humanitárias. A tripulação do navio espanhol Astral, pertencente à ONG Proactiva, encontrou uma balsa de madeira à deriva perto da costa da Líbia, após sofrer um incêndio que matou 22 pessoas.

“Morreram por asfixia, achamos que ao tentar sair para o convés. O navio havia derivado para águas territoriais líbias por causa das correntes e do tempo necessário para as tarefas de resgate”, relatou a ativista Laura Lanuza. Ainda não está claro se esses 22 mortos foram incluídos no balanço de 28 divulgado pela Guarda Costeira na terça-feira. Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), já são 3.500 migrantes mortos neste ano tentando chegar à Europa. Mais de 300.000 conseguiram, ainda que com terríveis sofrimentos. É o que mostram as imagens que chegam do Mediterrâneo e as denúncias de organizações como os Médicos Sem Fronteiras. Muitos dos migrantes – incluindo um bom número de grávidas e crianças – sofrem queimaduras causadas pelos motores das embarcações. Outros são resgatados quando estão prestes a morrer de asfixia nos porões, onde os traficantes de pessoas amontoam quem paga menos, ou de se afogar no mar.
As autoridades italianas consideram que o aumento do fluxo migratório se deve a duas razões: as condições favoráveis do mar (a segunda-feira foi o primeiro dia de águas tranquilas e sem ondas em uma semana) e a pressão dos traficantes da Líbia, que querem fazer caixa enquanto ainda faz bom tempo, sem se importarem com o destino dos migrantes. Há pouco mais de três anos, a concatenação desses dois fatores provocou a grande tragédia de Lampedusa, com dois naufrágios consecutivos que causaram a morte de 366 pessoas. Naquela ocasião, como tantas outras vezes, antes e depois, se disse “nunca mais”.