Política

Entrevista: Sheila Duarte diz que vai fazer gestão participativa em Palmeira

16/09/2016
Entrevista: Sheila Duarte diz que vai fazer gestão participativa em Palmeira
Sheila Duarte, candidata a prefeita do PT

Sheila Duarte, candidata a prefeita do PT

A empresária Sheila Duarte se interessou pela política no ano de 2000, quando se filiou ao Partido dos trabalhadores (PT). há 22 anos, ela dedica parte do seu tempo ao hospital regional Santa rita, onde trabalha, mas também à associação de Mulheres de Palmeira dos Índios, onde atua como presidente da entidade.
Eleita em 2011 para a câmara municipal, este ano Sheila deixa o legislativo e entra na disputa para a prefeitura do município com outros três  candidatos. Casada, mãe de duas filhas e avó, Sheila Fala, em entrevista para o Jornal tribuna de Sertão, como será o seu governo, junto ao vice-prefeito Edmilson Sá (PMN) caso sejam eleitos no pleito que se aproxima.

Tribuna do Sertão (T.S.) – A senhora e o seu vice pertencem ao mesmo partido de  Dilma Rousseff, que recentemente sofreu um impeachment. Que avaliação a senhora faz do governo da ex-presidente do Brasil e de que forma isso atrapalharia a sua candidatura?

Sheila Duarte (S.D)- Sou militante do PT em Palmeira dos Índios desde o ano 2000. Creio que os problemas nacionais, sobre a corrupção no Brasil, existem desde o tempo de Dom Pedro. E quem for culpado, ou quem tiver problemas na justiça por desvio de dinheiro, comprovas, que seja condenado. Infelizmente, a gente vê aí delações para uns e outros não. É o que temos presenciado no momento. Creio que o governo Federal, aqui no Nordeste, e em Palmeira dos Índios, fez sua parte. Principalmente em uma gestão do PSDB, que pegou essas duas gestões do prefeito James Ribeiro e enviou muitos recursos para Palmeira dos Índios. Sem esses recursos Palmeira dos Índios não teria tido tantas obras como teve. E poderia até ter feito mais, com planejamento e com gestão séria. Mas infelizmente não houve e quem perde é a população. Mas sobre o que está acontecendo na política nacional, eu estou totalmente fora de qualquer problema sobre corrupção e a prova disso é a população, que sabe da minha conduta. E eu não sairia do PT não. Para que partido eu iria? A Sheila Duarte, como PT ou   Qualquer outro partido, será a mesma Sheila que está aqui, na Tribuna do Sertão, dando entrevista para os palmeirenses da nossa Princesa do Sertão.

T.S. – Você se considera uma verdadeira oposição aos partidos que disputam esta eleição?

S.D. – Sim. A oposição que faço aqui em Palmeira é aquela oposição que sempre fui. Desde a primeira vez que entrei, em 1º de janeiro de 2013, e usei a tribuna da Câmara para  votar ‘não’ ao presidente da Câmara que era do PSDB, o Salomão Torres. Votei não porque não houve uma conversa entre os vereadores de quem seriam os votos para presidente. Nunca fui chamada e sendo oposição continuei até os dias de hoje. Estou saindo da forma que entrei: livre. Sem fazer nenhuma parceria com o governo municipal. Houve diálogos para o bem-estar da população. Sempre foi essa a minha meta e estou saindo como entrei. A minha única aliança é com o povo. Essa foi feita e essa foi honrada.

T.S. – Como está a sua campanha política para a prefeitura de Palmeira dos Índios?

S.D.-Muito boa. Temos um serviço prestado. Nós não caímos de paraquedas nesta  eleição. A população, vamos dizer que algumas partes da sociedade, pediu para a gente entrar e  Aceitamos o desafio. Não estamos sós e a campanha está muito boa, graças a Deus e ao povo de Palmeira dos Índios. Temos serviço prestado desde 2006 entre as famílias de Palmeira dos Índios, respeitando, ouvindo, dialogando, planejando e isso eu não tenho feito só. Foi feito com um grupo de senhoras e famílias e que tem honrado a nossa cidade.

A gente só precisa arrumar a casa. Tem dinheiro no nosso município, falta “ gestão.

T.S. – Por que a senhora quer administrar Palmeira dos Índios?

S.D. – Administrar Palmeira é o que se precisa urgentemente. Passaram por Palmeira grupos políticos que ficam pulando de palanque em palanque, continuam eles mesmos e depois estão todos juntos. Administrar Palmeira, eu volto a dizer e repito, tem que ser emergencial, porque é cuidar das pessoas, não é só asfalto e não é só calçamento. É fazer a geração de emprego e renda é cuidar das pessoas. É trazer para Palmeira dos Índios essa credibilidade de  rescimento que nós necessitamos, junto a homens, jovens e mulheres.

T.S. – Quais são os principais projetos do seu plano de governo?

S.D.- O nosso plano de governo é sem exceção. Inclui praticamente tudo que é necessário e de emergencial no nosso município. Criamos um plano emergencial de seis meses. Isso tem sido de grande importância porque nós já fizemos mais de 390 reuniões e isso mostra uma preparação muito grande desse plano de governo porque é a voz do povo. É o que o povo deseja. Não é o que Sheila Duarte quer, mas é o que a população almeja. E é através disso que nós construímos esse plano de governo, em cima da população. Tiramos seis itens emergenciais para os três primeiros seis meses. Isso com planejamento e diálogo. A população vai estar sempre presente, empresários, a sociedade de todas as camadas sociais que representam o nosso município, igrejas evangélicas e católicas, todos juntos. Porque aí a gente vai conseguir dar o primeiro passo, mas não sozinha, ouvindo a população, ouvindo as críticas construtivas e também as críticas que não são construtivas, para verificar se nós realmente estamos errando, porque não somos os donos da verdade. Mas essa administração tem que ser feita de maneira emergencial. E eu creio que a primeira meta é restaurar a saúde do nosso município e a geração de emprego e renda que é essencial para jovens, homens e mulheres.

T.S.- O que você faria para melhorar a Saúde do município de Palmeira dos Índios?

S.D. – Primeiro, precisamos resgatar, urgentemente, a saúde preventiva. A saúde preventiva está tão na UTI como a saúde de urgência e emergência. Temos 22 PSF’s no nosso município e na cidade apenas um tem sede própria, que é o da Vila Nova. E ele está em reforma há quase três anos, uma reforma eterna. Os outros PSFs são casas alugadas, que são reformadas, gastando o nosso dinheiro lá. Não se paga o aluguel, de repente se entrega a casa, e nós perdemos mais uma vez de construir um PSF ou a aquisição de uma casa própria. Mas, além disso, nós não temos a estrutura física. Temos funcionários, agentes administrativos e de saúde, enfermeiros, médicos e dentistas, mas não se dá a condição devida de trabalho. Tanto que nós temos uma greve branca aí há mais de sete anos, nesse município, porque não se respeita o funcionário público. Não se dialoga. Quando acontece isso quem paga é a população. E também não se dá condição de trabalho. Vou falar aqui da comunidade Xucuru-Cariri, fora os quilombolas, que só têm direito a seis, ou três, ultrassons por mês, para mais de três mil índios. Fora a população, que tem que se levantar quatro horas da manhã para tirar uma ficha. E isso tinha acabado aqui em Palmeira. Há PSF que são 13 fichas, outros 20 fichas, outros 30 fichas. Aí, de madrugada, quando se chega lá só tem 10 fichas porque as outras já foram distribuídas. Como? A gente não sabe. A minha fala é a fala do povo. É o que nós escutamos. Então, é isso que acontece no nosso município. Depois da saúde preventiva, precisamos urgentemente buscar recursos para reabrir a urgência e emergência do hospital Regional Santa Rita, que foi o maior pecado que essa gestão cometeu, porque o hospital atendia pelo SUS e atende até hoje. Se abre uma UPA e se fechou a porta do hospital Santa Rita. E isso não podia ter acontecido porque a gente tinha que ter os dois atendimentos, pois somos uma região metropolitana com oito regiões sendo atendidas aqui, onde essas regiões poderiam trazer recursos e a gente resgatar a saúde. Porque nós já fomos um polo de saúde nesse município por causa do hospital Santa Rita, que foi referência em todo o estado de Alagoas. O hospital foi envelhecendo e perdendo essas características. Na saúde preventiva, nós tínhamos um posto vida que tinha várias especialidades e hoje as pessoas passam quatro ou cinco meses para arrumar um ortopedista, ou um cardiologista, e um eletrocardiograma. O dentista está lá, mas não tem material. Se uma bomba quebra, que custa cento e poucos reais, não consertam. Então, não é falta de recurso. Os recursos vêm e tenho certeza que as produções são feitas. Mas o que falta é gestão, é cuidar das pessoas e arrumar a nossa casa. Se a gente não cuidar da nossa casa vai cuidar de que? Então, é isso que a gente tem que fazer.]

Acredito que realmente vamos crescer estando nas ruas com a população.

T.S.- Se você for eleita no dia 2 de outubro, o que sua administração vai fazer que o governo James não pôde fazer?

S.D. – Cuidar das pessoas, cuidar de gente, ouvir as pessoas, recebê-las. Dar voz ao povo. Fazer uma gestão participativa. É isso que a gente precisa. A gente só precisa arrumar a casa. Tem dinheiro no nosso município, falta gestão. Não tenho dúvidas disso. Quando escuto alguém dizer: “Ah, Palmeira dos Índios é difícil de administrar porque não tem recurso”. Mas tem. E se a gente tiver um povo que está satisfeito com a gestão nós vamos arrecadar mais dinheiro e aí a gente vai fazer essa gestão participativa com um plano gestor eficiente que é feito pela população.

T.S. – O que a senhora pode fazer para alavancar o comércio de Palmeira, caso seja eleita prefeita do município?

S.D. – Tem que haver diálogo entre os comerciantes, os comerciários, pequenos e grandes empresários, como CDL e a população, que é o consumidor. Precisamos fazer um planejamento estratégico e estudar o que está acontecendo nesse município, o porquê que as pessoas saem daqui para comprar fora e porque o comércio reclama que não se compra aqui. A gente tem que unir todos. O município tem que conseguir, e não é um desafio grande não, dialogar para resolver os problemas. É trazer para a nossa cidade preços melhores, mas que todos possam ganhar e que esse capital de giro fique aqui mesmo. Não podemos deixar que o nosso capital de giro corra para fora. Agora, isso com planejamento, com diálogo e trazendo para a população tudo o que tem aqui dentro para que seja comprado nesse município.

T.S.- O que a senhora acha que ainda precisa melhorar na área de educação do município?

S.D.-Educação, eu digo, a gente tem que começar logo cedo, na creche. Aqui sempre foi um polo universitário. Dom Fernando Iório foi um dos grandes padrinhos, que trouxe a  universidade para cá junto como padre Motinha, e a gente tem muito que agradecer a eles. Mas a gente tem que começar a nossa educação com um pontapé diferencial em muitas áreas. Nós temos muitos recursos na educação. Se eu não me engano vem R$ 80 milhões para a educação do município, em 2017. É muito dinheiro, mas a gente precisa planejar bem isso. Teve sobra, no ano passado, de R$ 2milhões, e não foi rateado para os professores e não foi explicado para onde foi o dinheiro. Não há transparência do recurso público na nossa cidade. Se vai para as rádios dizer que está tudo bem, mas não há transparência desse dinheiro. Então, a gente precisa ampliar as creches, e eu sei que para isso vai ser preciso fazer a realização de concurso na área e verificar como vai ficar a patronal, mas não podemos ter medo. Tem que continuar preparando os professores, para que a gente possa melhoras, cada vez mais, a educação. É necessário, também, fazer um planejamento dentro da educação, desde criança, para a gente mudar a nossa história e o nosso cartão postal, com esse lixo que fica nas ruas, Isso tem que começar na educação. Isso a gente vai levar alguns anos, mas eu não tenho dúvida que muda.

A gente tem tido alguns avanços, a gente vê escolas em tempo integral, que vai ser o grande segredo de tirar o jovem e a criança da rua para envolvê-los na escola e passar os dois horários. A escola integral é belíssima e a merenda tem que ser comprada aqui, no nosso município para fazer a geração de emprego e renda. A nossa educação é tão séria, porque nós temos tantos nomes aqui em Palmeira dos Índios, tantos bons jornalistas como essa para quem estou falando, que é da nossa cidade, temos escritoras e escritores, como o nosso vice-prefeito Edmilson. Nós temos um berço e temos que aproveitar isso. E como a gente vai trazer recurso para cá e melhorar a educação e a cidade? Explorando o nosso nome e o de  Graciliano Ramos, que está bem aqui. Lá fora, a gente vê Graciliano como um grande nome, mas o que é que Palmeira dos Índios tem feito pelo nome de Graciliano para isso agregar recursos para o município na educação, na cultura e no turismo? Não tem feito nada. A gente entra em um museu e é vergonhoso. O que a gente precisa é de um mapa cultural e educacional que seja planejado, passo a passo, para plantar o futuro das novas gerações.

T.S.-Se for eleita, qual o seu primeiro ato como prefeita de Palmeira?

S. D. – Vamos fortalecer o comércio e as pequenas e micro empresas, porque nos temos muita gente desempregada nesse município. 80% da nossa população recebem de zero a um salário mínimo. Então, a gente precisa urgente fazer a geração de emprego e renda. E não vamos nos enganar, pois na eleição passada a grande promessa foi a construção de um polo industrial. Não. Nós temos que criar pequenas e micro empresa e fortalecer o comércio, com gestão participativa e com banco social, que vai fazer a grande diferença. Aqui nasci, amo a cidade, nunca sai daqui e não tenho nenhuma ponte para morar em outro município. Passo os carnavais que não aconteceram aqui com o meu povo e digo que estou preparadíssima para fazer essa gestão com o coração e com a coragem. Com coragem de uma renovação e como compromisso de trazer o crescimento para o nosso município. Compromisso esse que é o sonho de cada um, homens, jovens e mulheres, e que o aposentado sustente o seu lar, e que tenhamos geração de emprego e renda. Acredito que realmente vamos crescer saindo dos gabinetes e estando nas ruas com a população. Temos que saber ouvir e saber que não somos os donos da verdade. A cada dia aprendemos com cada uma das pessoas de cada classe social.

E essa aprendizagem será feita junto com o Edmilson Sá, que é o nosso vice-prefeito, que tem o meu pensamento e o mesmo compromisso. Eu digo que foi Deus que o colocou em nosso caminho, pois eu tenho pedido muito a Deus sabedoria que não seja só humana, mas que o lado espiritual também seja alimentado.

Edmilson Sá, candidato a vice-prefeito

Edmilson Sá, candidato a vice-prefeito

Vice: Edmilson Sá garante que fará gestão com plano de governo diferenciado

Há 10 anos Edmilson Sá escolheu ser professor de história. Formado em pedagogia, ele também cursa o sétimo período do curso de direito. Há três anos, ganhou a guarda de dois irmão menores, conquistada na Justiça após a morte dos pais. Este ano, além de todos os ofícios que exerce, foi convidado para ser o vice-prefeito de Sheila Duarte nas eleições municipais de Palmeira dos Índios.
Os dois são filiados ao PT e PMN e formam uma chapa “puro sangue” de ideias. junto de Sheila, ele diz que vai ser um vice-prefeito atuante e fazer uma gestão com planos diferenciados, entre eles a educação.

Tribuna do Sertão (T.S.) – Como o senhor recebeu o convite para fazer parte da chapa da Sheila Duarte?

Edmilson Sá (E.S.) – Primeiro com surpresa é claro, mas ao mesmo tempo com a sensação de euforia, de felicidade também. Porque pela primeira vez na história de Palmeira dos índios ou de Alagoas, uma chapa candidatura majoritária me viu não com uma pessoa que não tinha capacidade, não como um aleijado ou como um coitado, mas me viram como alguém plenamente capaz, e isso foi fantástico. Sheila, quando escolheu meu nome, viu o homem, o professor, o escritor, o aprendiz de poeta, o ativista. Ela não viu a cadeira de rodas e isso fez toda a diferença para mim.

T.S. – Às vezes o vice-prefeito costuma ser um nome meio esquecido, em uma administração. Se ganhar a eleição, de que forma o senhor pretende atuar ao lado da Sheila?

E.S. – Eu sou um militante. Então, ela já sabe que eu não vou parar e uma das funções, e talvez seja isso um dos grandes problemas dos candidatos a vice, é que nós temos certas prerrogativas. Algumas, lá no artigo 29 da constituição federal, outras lá no final do artigo 70. Mas a gente trabalha em conjunto e essa é uma das funções uma das prerrogativas, do candidato a vice, trabalhar em conjunto com o prefeito, com o executivo diretamente. Então não é só naquela ideia de que ela viajando, ou se afastando, eu vou assumir interinamente. Então a minha posição vai ser essa. Ela sabe, na verdade ela me chamou para isso, para que eu trabalhasse ativamente junto com a prefeita, junto com ela.

Se quer saber o que é melhor para esse povo, se quer saber falar o que é melhor para esse povo, seja povo, viva como povo, sinta como o povo

T.S. – Você ajudou na elaboração do plano de governo dessa chapa?

E.S. – Sim, principalmente em três questões: educação, porque sou professor, e eu representei Alagoas em 2008 e 2010 nas duas grandes conferências nacionais de Educação, como delegado por Alagoas. Então, todo plano nacional de educação, eu participei dele. Tudo que a gente está vendo hoje, com respeito à educação, com respeito à inclusão social, acessibilidade, até o plano municipal de educação, tudo isso a gente trabalhou em 2010. Então, eu sei as diretrizes, os meios e os propósitos da Educação. Outra questão é na área da cultura. Como sou sócio colaborador da Academia Palmeirense de Letras, Ciências e Artes, Palmeira dos Índios, a Apalca, fui agraciado ano passado. Sou blogueiro, escrevo poemas também, e faço parte de um grupo chamado de Lampião Cultural e a gente todos os anos promove talvez o maior evento de poesias popular do interior de Alagoas. Então eu sinto o quanto nós precisamos resgatar nossa cultura popular no sentido lato. Ampliar mesmo. Eu acho que não dá para você pensar em cultura e se você não está inserido na cultura. Não dá para a gente pensar em Educação se você também não está inserido na Educação, e não dá para a gente pensar, culturalmente falando, se você ou não acompanha ou não participa de grupos culturais, ou de movimentos culturais. Principalmente de movimentos que hoje em dia são de minorias, que recebem uma carga enorme de preconceitos por causa disso, como o hip hop ou o rap que ainda são vistos com grande preconceito. Então a gente precisa quebrar isso e dar voz a essa população e dar voz a esses grupos e minorias. A outra questão é com respeito à acessibilidade e inclusão social, por exemplo: até para entrar aqui Tribuna eu não encontrei acessibilidade. Isso é um problema endêmico aqui em Palmeira dos Índios. Se eu for na prefeitura hoje, ou nas secretarias municipais, eu vou ter meu direito de ir e vir resguardado? Na maioria das vezes a gente encontra uma coisa chamada: inclusão excludente. Coloca uma rampa, mas não coloca um banheiro, inclui mas exclui, coloca rampa, banheiro mas não tem mobiliário adaptado, tem tudo isso mas não tem libras, não tem braile, então a gente precisa trabalhar acessibilidade, inclusão social de uma maneira ampla e com seriedade. Por exemplo, de todas as escolas municipais de Palmeira nós não temos dez que têm salas de recursos. Para atendimento educacional especializado, não temos nem dez, e olhe que temos dezenas de escolas municipais. Nós temos em Palmeira dos Índios mais de seis mil pessoas com deficiência, o IBGE diz que pelo menos 15% da população brasileira tenham algum tipo de deficiência. Eu aprendi uma coisa com o falecido Jerônimo da Adefal, que foi deputado federal por Alagoas. Ele dizia e eu repito “Nada para nós sem nós’. Quer fazer uma gestão participativa? É como Sheila disse: “Traga o povo para cá’’. Quer fazer inclusão social? Traga as pessoas com deficiências para cá. Só vai mudar nossa situação quando nós estivermos lá também. Então nada para nós, sem nós.

T.S. – Como professor e também como escritor, o senhor vive em uma cidade que tem grandes nomes. Temos uma terra cercada de grandes escritores e novos talentos. O que falta para a cultura ser alavancada no município?

E.S. – É preciso reestruturar. Sheila, quando fala nessa ideia de gestão, a gente precisa entrar também como uma gestão inteligente na secretaria de cultura e evitar colocar burocratas nas secretarias. Acho que uma das características da nossa administração é excluir os burocratas. Nós queremos pessoas que além de sentir, e saber o que significa em que espaço é aquele, atuem constantemente naquela área. Então, nada melhor de que colocar uma pessoa envolvida com cultura, na secretaria de cultura. Segundo, a gente precisa abrir editais. Olha, não da para você fomentar cultura se você não abrir editais e editais permanentes. Os pontos de cultura que até uns dois anos atrás foram estimulados também pelo estado, mas também principalmente pela politica do governo Lula e Dilma, principalmente na área cultural eles precisam ser massificados aqui em Palmeira. Em Palmeira temos um só ponto cultura em uma cidade desse tamanho. A gente precisa trabalhar em cima disso, para que tenhamos políticas. E leis que possam não só fomentar, mas que possam dar sustentabilidade à criação cultural de Palmeira. Eu tenho certeza que nós precisamos acabar com a ideia de, por exemplo: ‘ontem foi o dia do folclore e infelizmente na época do folclore ou quando a gente se lembra do folclore a gente lembra, e fica na lembrança’. É preciso pensar em produção cultural. Eu faço parte de um cineclube chamado Lampião Cultural e a gente, sem ajuda da prefeitura dessa gestão aí, conseguimos um prêmio em Alagoas. Produzimos um curta-metragem, fomos selecionados e nosso filme passou e estreou no cinema em Maceió. Ganhamos o prêmio no estado o segundo áudio-visual. Então, Palmeira tem condições, mas falta gestão, falta recurso, falta uma restruturação cultural. O nome de Graciliano Ramos está eternizado. Mas quantos outros precisam aparecer? E talvez uma coisa que seja importante, quando se trabalha com cultura a gente trabalha com liberdades, a gente precisa fazer cada vez mais com que os setores culturais de nossa cidade sejam livres, realmente livres. Se você não dá liberdade total à cultura, não é cultura, não há cultura, quando as liberdades são cerceadas. E quem trabalha em cultura precisa ter total independência, até porque uma das características da cultura é a transgressão. Sem essa liberdade, é a mesma coisa que você tirar a democracia de determinada parcela da sociedade.

Só vai mudar nossa situação quando nós estivermos lá também. Então nada para nós, sem nós

T.S. – O que você diria para os eleitores que ainda estão em dúvida quanto em quem votar nessa eleição?

E.S. – Olha, eu posso falar abertamente que nessa chapa da majoritária temos gente da gente. Eu nunca fiz parte de uma oligarquia de Palmeira dos Índios. Eu sou um Silva, Sá do de meu pai, uma dona de casa que até hoje viaja para Major Isidoro e Cacimbinhas para dar feira, professora. Eu, que saio todos os dias na minha cadeira de rodas até a escola para dar aula, e volto, e volto novamente à tarde para dar aulas, estou no 7° período do curso de direito, aprendendo, fazendo minha terceira faculdade. Sou formado em história, fiz pedagogia e agora direito, e estou ao lado de uma mulher que também tem suas raízes aqui em Palmeira dos Índios, que veio de baixo, que costurava todas as noites para dar o melhor para suas duas filhas. Eu não nasci rico, eu não sou rico e isso faz com que eu perceba que eu sei o que é melhor para o povo. Porque eu sou povo. Alguns outros podem dizer que sabem o que é melhor para Palmeira dos Índios, mas é preciso ser povo para saber o que é melhor para o povo, para o povo e pelo povo. É preciso sentir na pele e sair todos os dias de casa sem acessibilidade por nossas ruas para sentir e saber o que é que a gente precisa. É preciso ser do povo, ser mãe, é preciso passar por noites em claro com dificuldades, e às vezes sem ter o que comer, para saber o que é melhor para esse povo. Se quer saber o que é melhor para esse povo, se quer saber falar o que é melhor para esse povo, seja povo, viva como povo, sinta como o povo, porque se vier com outro discurso não é povo, é demagogia. Essa é a diferença de nossa chapa.