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Obama reconhece que EUA ‘demoraram a defender direitos humanos’ na Argentina

24/03/2016
Obama reconhece que EUA ‘demoraram a defender direitos humanos’ na Argentina
O presidente dos EUA, Barack Obama, em visita ao Parque da Memória em Buenos Aires (Agência Efe)

O presidente dos EUA, Barack Obama, em visita ao Parque da Memória em Buenos Aires
(Agência Efe)

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seu homólogo argentino, Mauricio Macri, visitaram na manhã desta quinta-feira (24/03) o Parque da Memória em Buenos Aires, monumento em homenagem às vítimas da última ditadura militar argentina (1976-1983).

Hoje, quando se completam 40 anos do golpe de Estado que deu início à ditadura, Obama reconheceu “verdades incômodas” sobre a atuação dos EUA em golpes de Estado e em fortalecer as ditaduras que deixaram milhares de mortos pelo continente latino-americano – 30 mil somente na Argentina.

“Há certa controvérsia sobre as políticas dos Estados Unidos naqueles dias sombrios. As democracias devem ter a coragem de reconhecer quando não se está à altura dos ideais que defendemos. E nós já demoramos para defender os direitos humanos e este foi o caso na Argentina”, declarou Obama, sem entrar em detalhes sobre o papel dos EUA na região.

O presidente dos EUA destacou a desclassificação de arquivos militares e de inteligência de Washington sobre a ditadura argentina em 2002 assim como a nova leva de documentos cujo sigilo será retirado “segundo o pedido do presidente Macri”. Obama não mencionou os repetidos pedidos de associações de direitos humanos argentinas para a desclassificação dos documentos, realizados ao longo de anos a vários governos dos EUA.

Barack Obama e Mauricio Macri caminham ao lado de muro que lembra vítimas da última ditadura argentina (Agência Efe)

Barack Obama e Mauricio Macri caminham ao lado de muro que lembra vítimas da última ditadura argentina
(Agência Efe)

“Temos a responsabilidade de enfrentar o passado com honestidade. Não podemos nos esquecer do passado. Quando temos a capacidade de enfrentá-lo é quando temos a capacidade de mudá-lo”, disse Obama, que afirmou que os EUA “seguirão se associando ao esforço” dos familiares de vítimas da ditadura que “lutam para que ‘nunca más’”.

Por sua vez, o presidente argentino, Mauricio Macri, elogiou as “palavras com conteúdo profundo” de Obama e afirmou que o 24 de março é “uma oportunidade maravilhosa para que os argentinos gritemos ‘nunca más’ à violência política e institucional”.

Associações de direitos humanos na Argentina anunciaram ontem (23/03) a decisão de boicotar a homenagem anual às vítimas da ditadura neste 24 de maio no Parque da Memória em protesto à presença do presidente norte-americano. A sociedade civil argentina e militantes de esquerda e antifascistas realizam a tradicional Marcha pela Verdade e pela Justiça no centro de Buenos Aires em ocasião do aniversário do golpe de Estado.

Após a visita ao Parque da Memória, Obama e sua família seguiram para Bariloche, onde passam a tarde de hoje com a família Macri. O presidente dos EUA encerra sua viagem pela América Latina esta noite, quando volta a Washington a partir do Aeroporto Internacional de Ezeiza, nos arredores de Buenos Aires.