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Justiça decide pela manutenção de Keiko Fujimori nas eleições presidenciais do Peru

24/03/2016
Justiça decide pela manutenção de Keiko Fujimori nas eleições presidenciais do Peru
Filha do ex-presidente Alberto Fujimori, Keiko lidera a disputa pela presidência do Peru em 10 de abril (Agência Efe)

Filha do ex-presidente Alberto Fujimori, Keiko lidera a disputa pela presidência do Peru em 10 de abril
(Agência Efe)

O JEE (Júri Eleitoral Especial de Lima) declarou, nesta quinta-feira (24/03), infundado o pedido de exclusão apresentado contra a candidatura de Keiko Fujimori, do partido de direita Força Popular, para as eleições presidenciais do Peru.

Segundo a decisão, Keiko, primeira colocada nas pesquisas, não infringiu a Lei de Organizações Políticas, em vigor desde o início deste ano, que veta a entrega, direta ou indireta, de dinheiro, presentes ou comida a eleitores.

“Em conclusão, a candidata à presidência da República, Keiko Fujimori, pelo partido Força Popular, não incorreu em conduta proibida de oferecer nem entregar dinheiro ou presentes com a finalidade de obter votos”, destacou o órgão eleitoral por meio de um comunicado assinado pelos membros Miranda Alcántara, Loayza Gárate e Vargas Chojeda.

O órgão declarou ainda que não foram apresentadas provas “idôneas” que indicassem uma possível conduta ilegal da candidata.

Em 14 de fevereiro, Keiko participou de um concurso de dança, promovido pelo grupo Factor K, ligado ao seu partido, que entregou prêmios em dinheiro aos vencedores.

Keiko lidera a disputa para as eleições gerais do país, que serão realizadas em 10 de abril. Segundo pesquisa de 20 de março feita pelo instituto Datum Internacional, a candidata tem 30,8% das intenções de voto, seguida por Pedro Paulo Kuczynski (do PPK, Peruanos Por el Kambio), com 15,1%.

A candidatura de Kuczynski também está ameaçada de impugnação pela Justiça. A denúncia ocorreu com a divulgação de um vídeo nas redes sociais, supostamente gravado em 30 de janeiro, onde aliados de Kuczynski aparecem distribuindo cerveja a eleitores. O candidato nega o envolvimento no episódio.

As eleições peruanas têm sido marcadas por disputas envolvendo seus candidatos na justiça eleitoral. Em 9 de março, o JNE (Jurado Nacional das Eleições) impugnou as candidaturas de Julio Guzmán e César Acuña, então segundo e quarto candidatos na disputa eleitoral. Juntos, Guzmán e Acuña reuniam cerca de um quarto das intenções de voto do país.

De acordo com a Constituição peruana, se nenhum candidato obtiver pelo menos 50% dos votos em 10 de abril, haverá um segundo turno em 5 de junho.

Oposição de movimentos sociais

Filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), condenado a 25 anos de prisão por crimes de lesa-humanidade e corrupção, o nome de Keiko enfrenta resistência no Peru.

Organizações populares têm se mobilizado contra sua candidatura, considerada por eles um retrocesso para o país. Em março, movimentos sociais que formam a coalizão “Keiko Não Vá” realizaram marchas e protestos em várias cidades do país.

Em entrevista à emissora Telesur, a ativista Magaly Voto disse que o retorno do “fujimorismo” representa “violência, terrorismo, má educação e não leva em contas as necessidades da população”. “As mesmas pessoas que fizeram tanto mal durante o governo são as que estão com Keiko Fujimori, com ideias conservadoras e contrárias à cidadania”, afirmou.

Outra mobilização, desta vez nacional, está convocada para 5 de abril, data em que o golpe de Estado completará 24 anos.