Adriano Argolo é um dos organizadores do grupo “Juristas pela Democracia” (Foto:novoextra.com.br)

O grupo de advogados “Juristas pela Democracia”, que é contra o posicionamento de conselheiros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional de Alagoas, de apoiar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, vai se reunir hoje à noite, na sede do Sindicato dos Bancários, em Maceió, para mostrar a nossa dissidência, e também direcionar ações para barrar a destituição da presidente Dilma.

De acordo com o advogado Adriano Argolo, um dos organizadores do grupo, mais de 250 advogados aderiram à assinatura do manifesto hoje pela manhã, e mais de 8 mil juristas, em todo o país, também estão contra o Conselho Federal dos Advogados do Brasil, que segundo ele, agiu de forma arbitrária quando não consultou a base dos advogados para debater o assunto. “O grupo é feito por advogados, mas é aberto ao público geral. Nós consideramos o procedimento do Conselho Federal incauto, precipitado, ilegal, arbitrário, ilegítimo e golpista. Temos certeza que nós, através desse manifesto, vamos informar à sociedade brasileira que é uma ilusão pensar que a maioria dos advogados estejam favoráveis ao golpe. E que a sociedade brasileira, assim como demonstrou nas últimas manifestações, está no mínimo dividida. Vamos intensificar nossas ações, educando essa massa da população brasileira, que está atônita, desconfiada, que são as classes C e D, que não estão indo às ruas porque sabem que isso tem alguma coisa estranha, e eles não estão entendendo bem. Nós vamos partir para conscientizar essa massa e vamos revirar o jogo nas ruas. Não temos a menor dúvida disso”, disse Argolo.

E continuou. “Estamos interligados por vários estados. Fizemos essa coordenação de juristas pela democracia contra o golpe e recebemos ligações de senadores, deputados e já temos votos suficientes no Congresso para barrar o impeachment. Essa é uma luta diária, cotidiana. E quem está nas ruas pedindo o impeachement não é o povo brasileiro, é a elite brasileira e seus aliados. Xeleléus que não querem perder os seus cargos, xeleléus que não querem perder suas perspectivas de cargos. Essa é a realidade”, afirmou Adriano Argolo.

Adriano Argolo ressaltou que tudo o que está acontecendo não passa de uma ilusão, e que isso foi relatado durante uma entrevista do juiz Marcelo Tadeu a uma Rádio em Maceió. “Foi um depoimento histórico, onde o juiz Marcelo Tadeu disse que o judiciário não está todo do lado do golpe. Há um grande número de juízes favorável a essa decisão arbitrária, vinda de Curitiba e do juiz Gilmar Mendes. Tem juízes, no Brasil, que querem a democracia e vão lutar por ela. Estamos adiando os nossos compromissos para dizer que não concordamos com a postura golpista da OAB”, afirmou.

Adriano Argolo disse, ainda, que é uma vergonha a OAB repetir o que fez em 64, quando foi a favor do golpe. “Mas depois eles se arrependeram, e se arrependeram mesmo depois do AI 5, no dia 13 de dezembro de 1968. Nós não queremos essa vergonha. Não queremos tatuar essa mancha na nossa biografia. Entidade de advogado que não defende advogado do arbitrário juiz Moro, que grampeou cerca de 25 advogados, não é uma entidade que mereça respeito dos advogados. É uma entidade que compactua com o golpismo e isso a gente está esclarecendo à sociedade alagoana”, completou.