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Ataque deixa ao menos 27 mortos em hotel de balneário turístico na Tunísia

26/06/2015
Ataque deixa ao menos 27 mortos em hotel de balneário turístico na Tunísia
Fethi Belaid/AFP Equipes médicas retiram corpos de vítimas: pior atentado da história recente do País

(Fethi Belaid/AFP) Equipes médicas retiram corpos de vítimas: pior atentado da história recente do País

Ao menos 27 pessoas, incluindo turistas estrangeiros, morreram nesta sexta-feira,26, quando um estudante abriu fogo contra um hotel de Sousse, balneário no leste da Tunísia, no pior atentado da história recente do País. Segundo o secretário de Estado para questões de segurança, Rafik Chelly, o autor do ataque seria “um tunisiano, originário da região de Kairouan (centro da Tunísia) e um estudante que não tinha ficha na polícia”. Segundo uma autoridade tunisiana, uma irlandesa estaria entre os mortos.
Este ataque atinge um País que tem registrado um aumento da ameaça jihadista desde sua revolução em 2011, e ocorre três meses após o sangrento ataque contra o museu do Bardo, em Túnis, que representou um forte golpe ao setor do turismo. Também acontece no mesmo dia de dois outros ataques ligados ao movimento jihadista, um contra uma mesquita xiita no Kwait, que fez ao menos 13 mortos e que foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI), e outro na França, onde um homem foi decapitado.
O presidente francês, François Hollande, e o presidente tunisiano, Béji Caïd Essebsi, expressaram “solidariedade frente ao terrorismo”, após os atentados segundo um comunicado da presidência francesa. Nesta sexta, a França também foi alvo de um atentado, que deixou uma pessoa morta, decapitada, e duas feridas.
Durante uma conversa telefônica, “os dois presidentes expressaram um ao outro sua solidariedade e intenção de prosseguir e intensificar a cooperação na luta contra o terrorismo”. De acordo com o porta-voz do ministério do Interior, Mohamed Ali Aroui, o estudante “entrou por uma entrada na parte de trás do hotel antes de abrir fogo”. “O balanço é de 27 mortos e entre eles há turistas”, declarou Aroui, que não pôde precisar a nacionalidade das vítimas.
O hotel atacado foi o Marhaba, localizado na zona turística de Port el Kantaoui, nos arredores da cidade de Sousse. Henda Chebbi, funcionária do ministério da Saúde, indicou à rádio Mosaïque FM que 12 pessoas também foram hospitalizadas “com ferimentos de gravidade diversa”. No momento do ataque “havia 565 clientes no hotel. Os clientes são majoritariamente do Reino Unido e da Europa central”, indicou o estabelecimento em um comunicado.
Aroui não descartou a possibilidade de o ataque ter tido a participação de outras pessoas. “Foi um ataque terrorista contra o hotel Marhaba. O agressor foi abatido, mas podem haver outros. Se havia outros elementos com ele não podemos nem confirmar não descartar” por enquanto, afirmou à televisão estatal. A Tunísia já havia expressado temores quanto a atentados com a aproximação da alta temporada turística e anunciou medidas de segurança reforçadas.
‘Calma mortal’ – Um turista britânico relatou à televisão SkyNews que o ataque ocorreu por volta do meio-dia (8h de Brasília). “O meu filho de 22 anos acabava de voltar do mar, quando vimos a uma centena de metros à nossa esquerda o que pensávamos ser fogos de artifício”, relatou Gary Pine, de Bristol, no sudoeste da Inglaterra. “Foi só quando começamos a ouvir o barulho de tiros que percebemos que era muito mais grave do que fogos de artifício”.
Houve uma correria em massa da praia e algumas pessoas ficaram levemente feridas durante a confusão e o pânico”, acrescentou. “Eu acredito ter ouvido vinte ou trinta tiros”. “Agora estou na recepção com cerca de 200 outros clientes estrangeiros. Devemos ir embora? Para onde? Há uma calma mortal agora”, indicou.
A embaixada da França em Túnis mandou um aviso por SMS a seus cidadãos para manter a vigilância e “limitar saídas e encontros”. Em 2013, um homem-bomba se explodiu em uma praia em Sousse, mas sem deixar vítimas. Este atentado ocorre pouco mais de três meses depois do violento ataque contra o Museu do Bardo na capital, reivindicado pelo EI. Vinte e um turistas e um policial local morreram no ataque de 18 de março.
Depois do atentado ao museu, o setor estratégico do turismo teve resultados muito ruins em abril, com uma queda de 25,7% do número de turistas e do 26,3% das rndas em relação ao ano anterior. O turismo, que representa cerca de 7% do PIB da Tunísia e mais de 400 mil empregos diretos e indiretos, já sofre com as crises políticas e a ascensão do movimento jihadista que se seguiu à revolução de janeiro de 2011.
A ministra do Turismo, Salma Rekik, anunciou em abril “medidas excepcionais” para reforçar a proteção dos sítios e circuitos, bem como o controle nos aeroportos, estradas e todos os meios de transporte. A Tunísia, pioneira da Primavera Árabe, concluiu a sua transição com eleições no final de 2014, mas a sua estabilidade pode ser ameaçada pelo aumento da ameaça jihadista.
Desde a revolução de 2011, o País enfrenta o crescimento do movimento jihadista, especialmente na fronteira com a Argélia, onde há confrontos regulares entre homens armados e soldados. Dezenas de soldados e policiais foram mortos nos últimos quatro anos em confrontos e emboscadas, a maioria na região do monte Chaambi (centro-oeste).