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Teste em gestante com Aids reduz chance de bebê nascer infectado

14/10/2014
Teste em gestante com Aids reduz chance de bebê nascer infectado
A gerente de Agravos Crônicos da Sesau, Monalisa Santos, explica que a meta é capacitar os 102 municípios alagoanos; 93 já foram cobertos (Foto: Assessoria)

A gerente de Agravos Crônicos da Sesau, Monalisa Santos, explica que a meta é capacitar os 102 municípios alagoanos; 93 já foram cobertos (Foto: Assessoria)

    O teste rápido de HIV em gestante no pré-natal e os cuidados necessários em tempo hábil, no caso da mãe portadora do vírus, reduz em menos de 1% a chance de o bebê nascer infectado. Pensando nisso, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) capacitou quase 900 profissionais das unidades de saúde de 93 municípios alagoanos.
“A meta é capacitar os 102 municípios e já cobrimos 93. Destes, 68 já estão com os testes implantados na Atenção Básica”, reforçou a gerente de Agravos Crônicos da Sesau, Monalisa Santos. De acordo com ela, os bebês ficam vulneráveis ao vírus na gestação, parto e no aleitamento. Segundo  a gerente, quando a gestante não sabe que tem HIV, a probabilidade de o filho nascer infectado é de 25%.
“Trabalhamos para diminuir a transmissão vertical (da mãe para o filho) com o diagnóstico o mais precoce possível. Segundo estudos, quando se detecta a gestante com o HIV positivo e se consegue fazer toda a profilaxia (uso de antirretroviral a partir da 14ª semana de gestação, uso de AZT injetável no momento do parto, uso do AZT oral no bebê e exclusão da amamentação) reduz em menos de 1% a chance de o bebê nascer infectado”, explicou.
Ao excluir a amamentação com medicamento inibidor, a Sesau fornece seis meses de leite e a mãe já sai do hospital com a lata e o encaminhamento para os cuidados devidos com o bebê. “Ele será acompanhado por sei meses no Hospital Universitário, no Serviço de Assistência Especializada (SAE) do Hospital de Doenças Tropicais ou PAM Salgadinho para saber se o filho foi infectado ou não”, reforçou. Para o parto, as gestantes infectadas podem contar com todas as maternidades conveniadas com o SUS de Maceió e, em Arapiraca, podem recorrer à Maternidade Bom Conselho e a Nossa Senhora de Fátima. Em Penedo as gestantes devem procurar a Santa Casa.

 Estudo Sentinela

Segundo dados epidemiológicos do Ministério da Saúde – Estudo Sentinela -, Alagoas deve notificar entre 115 a 120 casos de gestantes com Aids por ano e, de janeiro até agosto deste ano, foram notificadas 95. “Com a ampliação do teste rápido, estamos próximos de alcançar a meta estabelecida”, destacou Monalisa, lembrando que não é o número de pessoas infectado pelo vírus que aumentou, mas o de diagnóstico.
De acordo com ela, com a implantação da Rede Cegonha, um projeto do MS implantado em Alagoas em 2012, os municípios passaram a fazer o teste rápido nas próprias unidades de saúde em que as mães estão fazendo o pré-natal. O acesso gratuito ao teste rápido para diagnóstico do HIV e da sífilis nas unidades de saúde faz aumentar o número de notificações de gestantes com o vírus em Alagoas.
Monalisa disse que a expectativa da Sesau é de que até 2015 todos os municípios alagoanos já tenham implantado o teste rápido em suas unidades de saúde. “É importante à oferta dos testes rápidos no pré-natal, porque   evita que o bebê nasça infectado pelo vírus HIV. Convocamos os gestores municipais para implantar este teste o quanto antes nas unidades de saúde”, disse Monalisa, em tom de alerta.

    Histórico

A Aids chegou a Alagoas em 1986 e o público mais atingido era o masculino – mais homossexual – e, na década de 90, a situação se agravou chegando a ter 20 homens para cada mulher infectada com o vírus. “No início da epidemia, falava-se em grupos de risco, sendo o homossexualismo apontado como a categoria mais vulnerável. Atualmente, a doença passou a ser de comportamento de risco e atinge também os heterossexuais que não se preveniram e entraram no contexto”.
A Sesau lançou em 2012 o Projeto Saúde Sempre à Mão e confeccionou 580 caixas com preservativos e informações sobre como pega e como não pega a doença e as distribuiu nos 102 municípios de Alagoas. O objetivo é aumentar o acesso ao preservativo, colocando-o em locais de grande aglomeração de pessoas, a exemplo de instituições públicas, bares, restaurantes, bancos, casas lotéricas, rodoviária e aeroporto.
Monalisa salienta que atualmente, a proporção é de um caso novo de Aids por dia, em todas as faixas etárias, sendo mais predominante na de 30 a 39 anos, e no sexo masculino. No total de casos, 60% são homens e 40% mulheres. De acordo com ela, a população precisa incluir em sua rotina o preservativo, do mesmo jeito que fez com a escova de dente, creme dental, sabonete e, sobretudo, evitar o comportamento de risco.
“Se a pessoa já se expôs, ou seja, fez sexo sem preservativo, deve fazer o teste imediatamente porque quanto mais precoce for o diagnóstico mais chance terá de uma boa qualidade de vida”, reforçou.

    Pré-natal

A médica infectologista Mardjane Lemos, coordenadora do Serviço de Assistência Especializada (SAE) do Hospital de Doenças Tropicais (HDT) afirmou que há duas formas de entrada da gestante infectada pelo vírus no SAE, sendo uma por meio da unidade de saúde ou a mãe que já sabia de sua condição soropositivo e engravidou. Pelo menos três gestantes, que devem parir até dezembro, estão sendo acompanhadas pelo SAE. Duas foram encaminhadas pelas unidades de saúde e uma já sabia que tinha Aids e engravidou.
“Assusta o número de mães que já chegam com o bebê infectado. A média de gestantes infectadas por ano é 25 e, este ano, tivemos 16 que estão fazendo o pré-natal. Somente uma delas não aderiu ao tratamento. Ela já sabia que tinha a doença quando engravidou e chegou ao 8º mês de gestação com carga viral elevada porque não tomou o medicamento”, informou Mardjane.
Segundo ela, quando a gestante chega ao SAE é avaliada pela enfermeira, tem as consultas agendadas com infectologista, obstetra, psicóloga e nutricionista, uma vez que não vai poder amamentar. Ela lembra que já na primeira consulta a gestante começa a tomar o medicamento antirretroviral. “Quanto mais no início da gestação for tratada, menor as chances de transmissão durante o parto”, alertou a coordenadora do SAE.