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Programa de Iniciação Científica prioriza estudantes da rede pública

20/06/2014
Programa de Iniciação Científica prioriza estudantes da rede pública

Programa desenvolve habilidades e despertar o interesse em pesquisa científica nos alunos (Fotos: Bárbara Pacheco)

Programa desenvolve habilidades e despertar o interesse em pesquisa científica nos alunos (Fotos: Bárbara Pacheco)

  Antes de ingressar na universidade, são poucos os estudantes do Ensino Médio que buscam desenvolver atividades voltadas para a pesquisa científica. Em Alagoas, desde 2010 os alunos da rede pública estadual têm a oportunidade de participar gratuitamente do Inicia, o Programa de Iniciação Científica em Astronomia do Observatório Astronômico Genival Leite Lima (OAGLL), realizado anualmente.
São 20 vagas que podem ser preenchidas por estudantes de escolas públicas e privadas, com prioridade para os que cursam Ensino Médio na rede estadual. Com duração de 6 a 8 meses, o curso permite a experiência do desenvolvimento de metodologia científica para pesquisa em Astronomia.
No final do processo, o aluno deve construir e apresentar os estudos e resultados em um seminário de socialização.
Embora a pesquisa seja direcionada a temas ligados à Astronomia, o coordenador do Observatório e professor de física que ministra as aulas do Inicia, Adriano Aubert, reconhece que o programa tem o papel maior de desenvolver habilidades e despertar o interesse em pesquisa científica.
“O Inicia envolve diversas áreas, como matemática, física, geografia e até português, por causa da escrita. A importância do programa está na oportunidade que oferece aos alunos de uma preparação para a carreira acadêmica”, observa.

 Programa foi decisivo na carreira de alunos

Para participar do projeto, o estudante deve escolher um professor de sua escola para ser coorientador durante a pesquisa. Foi o que fez Genisson Panta quando participou do Inicia 2013. O trabalho desenvolvido pelo aluno da Escola Estadual Afrânio Lages e outros cinco concluídos na mesma edição do programa foram apresentados no Encontro de Astronomia do Nordeste, em abril deste ano, em João Pessoa.
“Antes do Inicia, Física era um terror para mim, mas hoje já a enxergo de outro jeito. O programa foi muito importante para a escolha do meu futuro profissional. Graças à pesquisa que desenvolvi aqui, decidi que vou cursar licenciatura em Geografia para ser professor e ensinar na rede pública”, revela Genisson, que desenvolveu um estudo sobre os parâmetros físicos da estrela Vy Carinae.
Aluna da primeira turma do programa e hoje estudante do curso de Geografia da Ufal, Rosemeire Dias dos Santos também escolheu a área de atuação por causa do Inicia. Segundo ela, a oportunidade representou um avanço considerável na vida acadêmica.
“Entrar na universidade já conhecendo o processo de metodologia de pesquisa me ajudou muito. Tive a opção, inclusive, de ser dispensada da matéria de metodologia científica no início do curso, porque o programa supre todo o conhecimento do processo metodológico de pesquisa”, destaca.
A irmã de Rosemeire, Roberta Dias, também deseja seguir o mesmo caminho. Voluntária do Observatório Astronômico como a irmã e com o Ensino Médio completo, Roberta cursou o Inicia e é assistente nas aulas do programa, que, segundo ele, “mostram conteúdos complementares aos vistos em sala de aula, além de proporcionar a aprendizagem por meio da prática, o que torna tudo mais interessante”.
Os estudos resultantes da observação e construção da metodologia do curso são enviados para um organismo internacional, o American Association Variable Star Observers (AAVSO), e armazenado em um banco de dados disponível para pesquisadores e interessados de todo o mundo.