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Olhar Afro-Brasileiro: Projeto eleva autoestima dos alunos da Rede Municipal

20/11/2019
Olhar Afro-Brasileiro: Projeto eleva autoestima dos alunos da Rede Municipal

O som dos atabaques, as cores da cultura africana e os cabelos cacheados e crespos tomaram conta da Praça Luiz Pereira Lima nesta terça-feira, 19, onde uma multidão parou para participar da culminância do Projeto “Olhar Afro-brasileiro Sobre Arapiraca”,  realizado pela Prefeitura de Arapiraca, através da Secretaria Municipal de Educação e Esporte,  em parceria com as escolas municipais.

A programação, realizada em alusão ao Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, levou apresentações culturais, artesanato, poesia, exposição fotográfica, música e dança para a praça pública, com o objetivo de aproximar e apresentar à população a cultura das comunidades remanescentes de quilombolas do município.

Participaram do Projeto as Escolas das comunidades remanescentes de quilombolas: Manoel Rodrigues da Silva, da Massaranduba, Manoel João da Silva, do Carrasco, Luiz Alberto de Melo, do Pau D’arco e a Escola Djalma Matheus Santana, do Bairro Primavera. Alunos de outras escolas do município e da Capital, Maceió, foram prestigiar o evento.

O Secretário de Educação de Arapiraca falou sobre a importância de valorizar a história dos povos negros. “Muita gente nem sabe que aqui em Arapiraca tem comunidades remanescentes de Quilombolas, mas temos. E hoje é a culminância do Projeto trabalhado com as 3 escolas dessas comunidades e a participação de outras unidades de ensino da rede municipal. A gente precisa fazer com que essa história seja conhecida e esse Projeto foi uma belíssima forma que os professores encontraram para fazer isso. E o apoio do Prefeito  foi de fundamental importância para a execução de um projeto tão lindo e importante quanto esse”.

O Prefeito de Arapiraca, Rogério Teófilo, se divertiu com as crianças e  parabenizou a todos os envolvidos no Projeto, ele destacou que iniciativas como essa, que visam resgatar e fortalecer a identidade do povo negro, devem ter total apoio.

“Alagoas é simbolo de um processo de transformação e de liberdade, liberdade construída através Zumbi dos Palmares. E aqui em Arapiraca nós temos os diretores, os professores e os alunos que não apenas no dia da comemoração da consciência negra, mas durante todo ano constroem essa liberdade através do conhecimento. Já dizia um Professor arapiraquense dos cabelos de algodão, que eu faço questão de citar, Professor Moacir Teófilo, meu pai, de 92 anos de idade: “A Liberdade de um povo no mundo contemporâneo se dá através do conhecimento e da educação”. E é isso que nós estamos fazendo aqui. Vocês estão de parabéns”.

A Supervisora das Escolas Quilombolas, Laurinete Basilio, elogiou a iniciativa da Gestão Municipal. “Esse é um momento ímpar, como nunca houve aqui em Arapiraca. O “Olhar Afro-brasileiro Sobre Arapiraca” é fruto da adesão do Prefeito Rogério Teófilo ao Projeto da Fundação Palmares “Conhecendo Nossa História, da Africa ao Brasil”.  As escolas quilombolas já trabalhavam esse assunto internamente durante o ano, mas eu tenho certeza que a partir de agora o conhecimento será disseminado para a comunidade em geral. E eu só tenho que agradecer ao Prefeito por fazer das nossas crianças ainda mais protagonistas da própria história”.

As meninas do Grupo de Dança afro tem entre 10 e 11 anos, e estavam felizes por poderem se apresentar em pleno Centro da cidade, divulgando um pouco da cultura que antes ficava restrita. “É o momento para a gente mostrar para as pessoas tudo que a gente aprendeu na nossa escola, na nossa comunidade. Essa é a nossa história e nós queremos mostrar!”, disse Lívia Karla de 11 anos.

E Ingrid Carla completou. “Muita gente não sabe que tem quilombolas aqui em Arapiraca, quando a gente fala as pessoas querem saber mais e nós contamos nossa história. O povo negro já passou por muito sofrimento, mas também tem muita história de superação”.

Além da estrutura montada na Praça Luiz pereira Lima, duas exposições estão abertas na Casa da Cultura. Uma com artesanato produzido pelo Grupo Tereza de Benguela. E com o objetivo de devolver a autoestima das jovens e adolescentes, a exposição “Dias Mulheres virão” foi montada com fotos de meninas negras das 3 escolas de comunidades quilombolas e da escola Djalma  Matheus Santana.

No Hall da Casa da Cultura Suzy admirava a exposição da qual participou. Aos 14 anos ela diz que as fotos a fizeram se enxergar de outra forma. “Eu nunca havia participado de um trabalho fotográfico, mas eu gostei, nunca havia me visto assim, agora quero participar de outras exposições”.

A Coordenadora do Grupo Tereza de Benguela , Ana Karla Messias, falou sobre a participação da comunidade geral no evento. “É de suma importância a comunidade participar de eventos dessa natureza para que as questões relacionadas a consciência negra saiam do âmbito teórico e se tornem ações anti racistas , educadores , alunos e a sociedade precisam conhecer e respeitar a cultura dos afro descendentes para que se entenda melhor a sociedade”.